Capítulo 15

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✯AGNES WALDORF✯

Minhas bochechas estão queimando, nunca estive com tanta vergonha antes. Eu deveria ter batido antes de entrar e... Realmente fui pega de surpresa. Aylla nunca me disse que gostava de... Disso. E Vitória já até mesmo ficou com Andrew, não achei que ela também fosse... Lésbica?

Sinto os braços dele me envolver em um abraço apertado e carinhoso, acariciando meus cabelos e aproximando nossos corpos casa vez mais. 

Lá no quarto, o clima estava tão pesado que precisei intervir. Coloquei um basta, mais uma vez. O abraçando e lembrando que somos irmãos, e qualquer coisa que esteja acontecendo entre nós além de fraterno, é totalmente errado e nojento. Não falei com essas palavras, mas acho que ele entendeu mesmo assim. 

Nossos corações estão tão acelerados que não sei se é o meu ou o dele que estou sentindo, quase ouvindo que tão alto e descontrolada as batidas. Meu rosto se perde na curva de seu pescoço, cheirando o perfume viciante e doce. 

Eu não deveria estar novamente perto dele, no mesmo lugar, e até mesmo respirando o mesmo ar que Andrew. Odeio essas reações do meu corpo a ele, é como se meu próprio corpo e coração estivessem me traindo. Mey cérebro é o único que presta, o único racional que me faz ficar longe dele e não ceder aos meus impulsos... Mas meu corpo, arde em chamas com seus toques que não deveriam existir. 

Isso deve ser coisa da nossa cabeça. Talvez nem exista nada, estamos apenas fantasiando uma possibilidade que surgiu de uma fagulha de atração. Apenas isso, atração e desejo. Nada mais... Mesmo que isso já seja horrível, porque ele é meu irmão. Mesmo sangue, mesma mãe, mesmo pai, mora sob o mesmo teto e no quarto ao lado. 

Lembrando também que senta na classe atrás da minha, na maioria das vezes frequenta os mesmos lugares que eu e está sempre me incomodando. Qualquer mínima coisa que aconteça — e já aconteceu — entre nós, vai ser péssimo, pois nunca mais nos veremos como antes. 

Quando éramos crianças, Andrew me disse que seria o único em minha vida. Que iria cuidar de mim, me proteger de tudo e de todos, iria me ajudar no que eh precisasse e me amaria acima de qualquer coisa no mundo. Lembro que fiquei tão feliz, porque suas palavras foram sinceras e ingênuas. Tínhamos 8 ou 9 anos de idade, e agora nossas vidas mudou tanto — que se ele usasse essas mesmas palavras atualmente... Eu diria que está... Apaixonado por mim. 

E eu não conseguiria admitir isso nem morta, não conseguiria olhar em seus olhos ao perceber que existe algo a mais do que uma simples atração, e o pior, ou melhor; não ser recíproco. Estou criando paranóias, mas devo deixar esses pensamentos guardados, bem guardados e trancados a sete chaves. 

— Agnes — me chamou em tom baixo, com a voz rouca. 

Seu indicador levantou suavemente meu queixo para que eu olhe em seus olhos. Seus imensos e brilhantes olhos verdes que me fazem perder o fôlego involuntariamente. 

— Andrew — sussurrei de volta, quase não conseguindo pronunciar seu nome com nossos corpos, olhares e lábios tão grudados. 

— Estou começando a me arrepender de não ter feito nada com você até agora — diz, com um sorriso travesso. Acariciando meu rosto com seu polegar. 

Minha respiração está trancada, não sei o que falar. Há uma euforia crescendo gradativamente dentro de mim, e não sei o que fazer. Suas palavras foram o suficiente para me paralisar no tempo e fazer minhas bochechas ganharem uma coloração avermelhada. 

— Do que está falando, maninho? — provoquei, buscando o último resquício de coragem que habita em mim. 

— Não é tão ingênua quanto aparenta — se aproxima, seus lábios estão ao pé do meu ouvido. —, eu te conheço melhor que qualquer um. 

Minhas pernas estão trêmulas, minha respiração descompensada e eu luto para esconder um sorriso malicioso no canto dos lábios. Sem que eu perceba, meus dedos pequenos e finos estão deslizando pelo seu abdômen definido e ainda molhado por conta do banho recente e dos pingos que caem de seus cabelos encharcados. 

Levanto levemente o olhar para ele, olhando diretamente em seus olhos. Eu sou fascinada nesses olhos, no verde claro, que lentamente se torna escuro ao passar dos segundos. 

— Não conhece, não mesmo. — Fiquei nas pontas dos pés, sentindo nossas testas se tocando com suavidade. Fechando os olhos, ainda com o coração e respiração acelerados. 

Ele pressiona seu corpo contra o meu, beijando o canto dos meus lábios, com selinhos curtos. 

Pressiono minhas coxas, sentindo um calor inexplicável no meio das minhas pernas. Meu corpo está vibrando em sintonia com Andrew e os arrepios que ele me causa. 

Seus dedos compridos deslizam pelas minhas pernas, subindo para a lateral da minha coxa. Segurando firme meu corpo ao seu. 

Posso sentir sua ereção crescer, enquanto seus lábios  se encaixam com os meus. Estou quente, sentindo meu interior queimar em excitação e luxúria. 

— Não podemos... — resmungo entre suspiros e seus beijos. 

— Eu não ligo. — Está ofegante, e também decidido. Como se já tivesse esperado por isso tempo demais... E talvez esperou. 

— Estamos na escada, com nossa irmã e amigos bem ali na sala — lembrei, afastando seu corpo do meu. Recobrando minha racionalidade aos poucos. 

Andrew é como Dimetil mercúrio, um veneno que te mata aos poucos, com sintomas que demoram a aparecer. Faz com que você pare de racionar com coerência ao passar do tempo e as poucas doses de veneno. 

— Ok. — É seco e curto, esboça um sorriso sarcástico e logo se retira. Sei que não gostou nada do que eu falei, mas ter qualquer coisa com ele não é correto! Não deve acontecer! Isso é sujo, nojento e... Eu queria, mas não posso e não devo!

Balança a cabeça na tentativa de afastar os pensamentos impróprios com meu próprio irmão. 

Desço o resto das escadas e encontro todos sentados à mesa de centro, fazendo o café da manhã enquanto conversam sobre os alunos novatos da escola. 

Aylla me surpreende com um beijo no rosto quando me sento ao seu lado. 

— Meu Deus! Você lavou essa boca? — deixo as palavras escapar, sentindo seu cotovelo atingir a boca do meu estômago logo em seguida, me forçando a ficar quieta.

Se ela não tivesse colocado a boca em outro lugar, eu não teria perguntado! A culpa não foi minha, e mesmo assim levei uma cotovelada. Ótimo! 

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