Capítulo 14

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✯ANDREW WALDORF✯

Sinto Agnes se desfazer dos meus braços e sair da cama. Abro os olhos devagar e vejo a claridade do sol invadindo o quarto pelas frestas da cortina. 

Pisco algumas vezes e volto meu olhar para ela. Abrindo um sorriso por vê-la ainda sem roupa, andando pelo quarto como se estivesse procurando alguma coisa. 

— Pode parar de olhar para a minha bunda? — ironiza, me fazendo revirar os olhos e fitar o teto. Ninguém mandou ela dormir desse jeito é ser tão... Porra! Irmã, minha irmã e só isso! 

— Vai fazer o que? — pergunto, me espreguiçando e logo levantando da cama. 

— Eu vou tomar banho, assim que eu achar meu celular. — Arqueio as sobrancelhas, desviando rápido o olhar do seu corpo quando ela se vira para mim. — Homens — resmunga bufando. 

— Pra que iria precisar do celular? E eu vou tomar banho primeiro. — Pego uma toalha e vou em direção ao banheiro, parando assim que Agnes me chama. 

— Eu falei primeiro que iria tomar banho. — Se coloca entre a porta e o meu corpo. Por que ela sempre tem que me contrariar e ficar com esse olhar desafiador? Sabe que consigo tirá-la da minha frente em segundos. 

— Vamos mesmo brigar por causa disso? — Dou um passo a frente, a vendo andar para trás. — Sai da minha frente, Agnês. 

Ela cruza os braços e permanece de cabeça erguida, como se estivesse me desafiando... E ela está. Essa garota consegue tirar minha concentração e paciência ao mesmo tempo. Estou tentando não descer os olhos pelo seu corpo, e ao mesmo tempo não pegá-la no colo e a tirar à força. 

— Quanta arrogância, Andrew. — Sorri de lado, com uma sobrancelha arqueada e os olhos azuis maiores do que de costume. 

Coloco meus braços um de cada lado do seu corpo, apoiando-os na porta atrás dela. Curvando um pouco meu corpo para ficar do seu tamanho. 

Seus olhos estão em minha boca, enquanto ela se aproxima de maneira imperceptível. Já eu estou olhando diretamente para a imensidão de suas orbes brilhantes.

Quanto mais tento me afastar, mais acabo me aproximando. É como se um ímã sempre fizesse questão de nos unir, nos trazer de volta um para o outro sempre que percebemos as verdadeiras intenções na nossa aproximação. 

Não deveria estar pensando novamente em como é sentir seus lábios e sua língua na minha boca... Mas é automático, toda vez que a vejo esses pensamentos idiotas me consomem aos poucos. Eu odeio isso, odeio olhar para ela dessa forma, antes éramos tão unidos, eu a protegia de tudo e de todos pelo simples fato de vê-la como minha irmãzinha... E agora, já a vejo como uma mulher. Não deixo ninguém se aproximar porque tenho medo de perdê-la, medo que ela comece a namorar e nunca mais olhe na minha cara por não sentir o mesmo que eu. 

— Não deveríamos... — sussurra ao sentir nossos lábios se tocando com delicadeza. 

— Eu sei. 

Desvio meus lábios para a curva do seu pescoço, fico sem fazer nada. Apenas sentindo seu perfume e seu toque quente. Meus olhos estão fechados, tento me manter na realidade; a realidade em que somos irmãos e não podemos esquecer disso jamais. 

— Vou tomar banho no quarto da Aylla — avisa, se afastando de mim e logo fechando a porta do quarto. 

Enfim entro no banheiro e tomo banho, coloco uma bermuda de moletom e deixo a camiseta jogada em cima do ombro. Nem me dou ao trabalho de secar os cabelos, já que daqui vou direto pra piscina. 

Desço as escadas e já posso ouvir todos conversando. Reviro os olhos ao lembrar que Bryan está aqui, e o pior, está pensando seriamente se deve pedir Agnes em namoro. 

O que eu deveria fazer? Dar mais uma surra nele e deixá-lo desmaiado dessa vez? Dizer pra ele que não pode nem pensar em chegar perto da minha irmã porque sou um doente que se sente atraído por ela? Apoiar essa aproximação dos dois e fingir que nada aconteceu naquela maldita cozinha? 

Eu me sinto podre por ter esses sentimentos e desejos logo por ela, mas é inevitável, ela é perfeita... Eu sei que não deveria mesmo pensar nela nua ou olhar para o seu corpo, para suas curvas e o jeito em como todas as roupas ficam perfeitamente desenhadas em seu quadril e peitos. 

Sei que isso não é paixão, muito menos amor. É só uma atração, que no momento parece ser mais forte do que nossa ligação fraternal... Logo vai passar, e então eu serei o idiota que transou com a irmã por não conseguir ter autocontrole. 

Definitivamente não quero esse rótulo para mim, não quero me arrepender por algo que é passageiro. Algo que não vai durar pois nossos sentimentos e forma como nos vemos vai mudar. 

Vou tentar — mais uma vez — me afastar, tentar ver Agnês como a minha irmã novamente. Sem pensar nela, sem tocá-la e sem ficar muito perto dela... Porque sinceramente não sei mais do que sou capaz. Já nos beijamos duas vezes, uma foi um desafio... Mas me deixou complementarmente pirado e pedindo mais. 

E agora, na cozinha... Aquele beijo. Porra! Que beijo. Eu a tinha por completo em meus braços, sentindo sua respiração, lábios, língua, mãos, batimentos acelerados e o calor exalar de seu corpo. Naquele segundo ela era minha, e eu nem estava pensando no que significamos um para o outro e no quanto isso pode acabar com nós dois; só queria um último beijo, só para ter certeza de que não sinto nada mais do que uma simples atração carnal. 

— Meu Deus, você não sabe o que eu vi quando entrei no quarto da Aylla! — Senti meu braço ser puxado antes que eu pudesse terminar de descer as escadas. 

— Fala logo, Agnes — peço impaciente, lembrando que não deveríamos estar tão perto. 

— Elas estavam... — Abre um sorriso malicioso e morde o lábio inferior. 

Respiro fundo, na tentativa de não agarrar essa garota aqui mesmo; ao pé da escada. Enquanto todos os outros estão logo ali na sala fazendo o café da manhã. 

— Estavam? — peço continuidade, dando uma passo. Sentindo seu corpo encostar no meu. 

— Eu tô com vergonha — murmura com um sorriso, cobrindo o rosto como se fosse uma criança. 

Dou uma risada e a puxo para um abraço. Já tenho noção do que ela deve ter visto, e sei o quanto deve ter sido chocante... Já que ela mal desconfia sobre a bissexualidade de Aylla. 

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