Capítulo 7

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✯AGNES WALDORF✯

Meus olhos vão se abrindo aos poucos por conta da claridade do quarto. Estou sonolenta ainda, mas sei que estou deitada no peito de Andrew e um de seus braços está envolta de mim. 

Meu coração se acelera e eu prendo o fôlego. Merda, não deveria ter feito o convite para ele dormir aqui. Minha cama cabe quatro de mim, mas sempre acordamos abraçados e constrangidos por isso. 

Tiro seu braço com cuidado para não acordá-lo. Fico por alguns segundos observando com um sorriso bobo seu semblante calmo. Com os lábios entreabertos e as maçãs do rosto com uma leve coloração rosada. 

Seus cabelos castanhas estão bagunçados, o que o deixa ainda mais... Preciso me arrumar para escola! 

Depois de alguns minutos volto para o quarto e minha cama está arrumada, Andrew não está mais lá e nem mesmo no quarto. Reviro os olhos para mim mesma. Só quero me mudar de uma vez por todas, ir para a faculdade e parar de me sentir estranha por causa do idiota que vive me provocando e confundindo minha cabeça.

— Meu Deus, como você está gostosa! — Aylla se joga na minha cama, depois de passar por mim e deixar um tapa leve na minha bunda. 

— Admite que você é sapatão e que me quer — brinco, ouvindo suas gargalhadas e a vendo balançar a cabeça em negação.

— Nós somos gêmeas e eu já não suporto eu mesma, imagina você. 

Termino de passar o batom vermelho vinho e arrumo meus cabelos em um rabo de cavalo, deixando algumas mechas onduladas soltas. Okay, acho que isso dá pro gasto. 

Descemos as escadas e já consegui ouvir a briga dos meus pais. Nos aproximamos da sala de jantar e eles pararam de gritar um com o outro, prestando atenção em nós. 

— Tudo bem? — Aylla pergunta sentando-se à mesa e pegando uma xícara de café preto. 

— Sim! Só toma seu café logo e vai pra escola. — Minha mãe respondeu grossa e lançou um olhar furioso para meu pai. 

— Qual é o problema deles? — cochicho para Andrew ao me sentar no lado dele. 

— Estamos escutando, Agnes — avisou meu pai, me fazendo arrumar minha postura e forçar um sorriso. — Não queremos mais você e Andrew dando festinhas ou dormindo na mesma cama. Estamos entendidos? — Levanto as sobrancelhas e deixo uma risada debochada escapar. 

— Por que? — questiono apoiando meu queixo mas mãos. — Durmo com Andrew desde que vocês saíam e ficavam quase um mês longe de casa

Quando eu tinha só 4 anos e tinha medo de dormir sozinha. — Meu pai está irritado, sei disso. Por isso estou usando chantagem emocional, a intenção é que ele se sinta culpado mesmo. 

— Acho que vocês já estão bem grandinhos para dormir juntos!

— É só eu que tô pensando merda nesse “dormir juntos”? — pergunta Aylla, fazendo nós todos olhar para ela e Andrew começar a rir. 

— Vai pra escola agora, Aylla! — ordena minha mãe, apontando para a porta e semi cerrando os olhos para minha irmã. 

— Só tô falando que...

— Vai! Agora! Aylla! — fala em pausas, está vermelha de raiva. Não sei por que ela está assim, acho que o fato de eu ter tocado na ferida de que ela é uma péssima mãe, a magoou um pouco. 

Minha irmã levanta irritada, pegando as chaves na mesa ao lado da porta e batendo com força ao sair. Legal, agora vou ter que ir com Andrew ou pedir para ir com alguma das garotas.

— Olha só, Agnês. É a última vez que eu contrato uma faxineira para limpar a bagunça que você fez! Eu não quero mais festas nessa casa! E se você passar por cima das minhas ordens, vai acabar em um colégio interno! 

Estou chocada. Com o queixo caído e os olhos arregalados. Ela nunca fala comigo desse jeito, na maioria das vezes nem liga para as coisas que eu faço. 

Sinto meus olhos marejados e meus lábios trêmulos. Não posso chorar agora, não na frente dela. 

— Mãe, nós vamos pra escola. Tenha um bom dia — fala Andrew levantando e me puxando junto com ele. 

Sinto algumas lágrimas molhar meu rosto e rapidamente passo o dorso da mão para afastá-las. 

— Ei, ela só tá nervosa. Acho que acabou perdendo um paciente na mesa de cirurgia e você sabe como ela fica quando isso acontece. — Andrew se justifica por ela, parando em minha frente e me abraçando. 

Seguro o choro e apenas deixo que me conforte. Se minha mãe soubesse o quanto consegue me deixar mal com suas palavras, talvez deixasse a língua dentro da boca mais vezes! 

— Vamos chegar atrasados — aviso já percebendo que ficamos tempo demais abraçados. 

Andrew arruma o capacete dele na minha cabeça e sobe na moto, me dando uma ajuda para subir. Me agarro à sua cintura e fecho os olhos. Odeio andar de moto! Ainda mais com ele que anda numa velocidade em que o vento chega a doer. 

— Andrew — o chamo e escuto ele resmungar alguma coisa. — Vai devagar, tá!? — Ele começa a rir e eu reviro os olhos. 

— Não é que eu esteja maliciando isso... Mas ficou estranho — diz, já ligando a moto e acelerando ela.

É claro que ele estava maliciando. Depois que eu falei até eu mesma acabei fazendo isso. O pior é que nem tenho palavras para respondê-lo... Sempre tenho uma resposta na ponta da língua, mas não quando se trata de sexo e de Andrew; duas palavras que não deveriam estar na mesma frase. 

Sei que minhas bochechas estão vermelhas só de pensar nisso. Só espero ir logo para a faculdade. Me mudar, ir pra longe de Blake, Elizabeth e principalmente Andrew. Mas ao mesmo tempo, não sei como seria minha vida sem ele. Já que o máximo de tempo que ficamos longe um do outro foi quando ele tinha dezesseis anos e fugiu de casa por dois meses. 

Nossos pais haviam brigado — como sempre —, Andrew foi expulso do time por bater em um garoto que passou a mão na minha bunda. Ele também tinha terminado com a namorada e tudo estava uma bagunça. Não o culpo de ter fugido, eu mesma queria fazer isso. 

Nossa relação de irmãos sempre foi muito estranha, isso eu reconheço. Claro, acho que com o tempo melhora. Ainda somos só dois adolescentes com pais idiotas que pensam que dinheiro significa tudo. 

— Nos vemos no intervalo, e obrigada por me trazer — digo descendo da moto. Não espero ele falar nada e saio rápido, entrando na escola e logo indo para o corredor onde está meu armário. 

Sinto um puxão no meu braço e acabo dentro de uma sala escura — a contra gosto —.

— Me machucou! — Vejo o vermelhidão que ficou no meu braço e esfrego o lugar. — O que foi, Bryan? Por que me fez entrar nessa sala? — Tento soar firme, mas seus olhos escuros me intimidam.

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