🥀 Catherine Kropf 🥀
Faz dois dias que tenho mais um segurança atrás de mim. Eu odeio ser seguida por todo o canto, eu adoraria sumir e deixar os meninos com cara de idiota. Mas não sou só eu, tem a minha filha e eu tenho que fazer o que é melhor pra ela.
Na saída da faculdade eu vi o carro do 50 Cent parado no estacionamento me esperando. Ele não vem com muita frequência, mas é meio legal quando ele vem.
— oi - digo abrindo a porta do carro e entrando.
— oi. Vim te levar pra almoçar.
— você tá tentando me comprar pelo estômago? Bom plano- ele ri e liga o carro.
— o que você quer comer?
— podemos ir naquele restaurante brasileiro? Quero lembrar das minhas origens. Eu sei que é longe, mas tô morrendo de vontade.
— vamos sim. Como tá a bebê?
— tá bem. Quase 5 meses - abro um sorriso - tive umas pontadas hoje mas já passou.
— quer ir na doutora Santiago?
— você se preocupa demais, Curtis. Tá tudo bem com ela. Tiana tem se mexido com mais frequência, mas infelizmente nenhum dos meus amigos conseguiram sentir.
— não? - nego
— só você e eu - dou um sorriso - acho que ela sente.
— Com certeza- ele afirma.
— Só com as pais que ela quer se comunicar.
— garota esperta. - Ele fala sorrindo e eu sorrio de volta.
Leva cerca de 40 minutos para chegarmos no restaurante brasileiro. Comi duas vezes e ainda pedi sobremesa.
— e seus pais? - pergunto.
— o que é que tem?- sempre na defensiva...
— ué, quero saber se a Tiana vai ter avós paternos...
— não. E eu não quero falar sobre isso. Tudo que você precisa saber é que a Tiana fica bem melhor assim.
— certo. Então Marquise é o seu único parente que a Tiana vai ter?
— sim- ele murmura.
— tudo bem, só o que importa é que a Tiana tenha pessoas que se importem com ela.
— acha que vamos ser bons pais? - pergunto- as vezes o medo de não ser boa o suficiente me aterroriza.
— você vai ser uma mãe incrível, Catherine. Você já é uma excelente mãe. E eu espero ser um pai bom o suficiente.
— vamos nos ajudar - ele concorda.
— você tinha vontade de ser mãe?
— sim, mas não era desse jeito. Eu ia me formar, noivar, casar e depois de alguns anos ter meus filhos.
— hmmm...
— mas não estou reclamando. Essa gravidez não é um erro pra mim, eu amo a nossa filha - dou um sorriso - até simpatizo com você, bom quando você não tá dando uma de doido.
— também simpatizo com você, bom quando você não tá sendo uma pentelha irritante.
— pentelha? Eu tô quase fazendo 24 anos e você tem quase 50 anos, o velho aqui é você, Daddy.
— você fica tão engraçada quando tá irritada, você chega a ficar vermelha.
— vai brincando Curtis, não do a mínima pra sua profissão. Enche meu saco pra você ver.
— vai me morder?
— seu idiota - ele ri.
— você quer mais alguma coisa? Ou posso pedir a conta?
— pode pedir. Tô satisfeita.- tudo bem que quando chegar em casa vou me arrepender de não ter comido mais.
Curtis paga a conta e vamos pro carro dele. Ele começa a dirigir pra casa.
— a Tainá tá muito empolgada com o lance de ser madrinha, vai querer visitar a Tiana. Quero que ela vá me visitar.
— Catherine...
— Tainá nunca faria nos faria mal, ela é como uma irmã pra mim. Eu quero que ela faça parte.
— vou falar com o Jesus.
— você vai rezar? - pergunto confusa - você não parece um homem da igreja- ele ri alto me assustando.
— Jesus é o apelido de um dos meus funcionários. Ele vai procurar sobre a Tainá, se ele me garantir que ela tá limpa, eu deixo ela ir lá pra casa.
— tem a Hanna e o Dean...
— não. No caso da Maria Tainá eu posso abrir uma exceção, mas para os outros dois não.
— Curtis, por favor.
— não. Não adianta insistir. Não vou arriscar.
— e se você pedir um dossiê sobre eles? Se der tudo limpo você deixa eles irem.
— amor, a ficha pode estar limpa mas o caráter no meu ponto de vista não tá.
— tudo bem. Não quero brigar com você, eles não vão na sua casa mas a Tiana e eu vamos visitá-los.
— você devia reavaliar essas suas amizades.
— você é maluco- bufo- você odeia o Dean porque sente ciúmes, afinal ele nunca fez nada de mal, ou pra mim ou pra você. E você mal conhece a Hanna.
— não preciso ser vítima de um imbecil, para saber que ele é um imbecil.
[...]
Curtis me deixou em casa e logo depois recebeu uma ligação que o fez sair. Passei a tarde estudando na área da piscina para poder tomar um pouco de sol. Na hora do café a Elizabeth me trouxe uma vitamina.
Ela tá sempre sorrindo pra mim agora, mas eu preferia quando não sorria. O sorriso dela é assustador, é tão forçado que dá medo. Terminei o que tinha pra estudar e subi pra tomar um banho. A faculdade de relações internacionais dura 2 anos e eu comecei ela quando eu cheguei em Los Angeles, ano passado... então não falta muito para eu terminar.
Não era meu sonho fazer relações internacionais, mas a pressão para cursar direito me fez escolher qualquer uma o mais rápido possível. Acho que meu pai nunca vai me perdoar por eu não ter feito faculdade de direito. Por não ter seguido a profissão da família.
Acho que é por isso que ele gosta tanto do Dean. Ele vê no Dean uma versão mais nova de si. Uma que ele queria ver em mim.
Curtis chegou a tempo do jantar, conversamos sobre alguns assuntos aleatórios, mas é difícil fazer ele se abrir. Curtis pode ficar ouvindo eu falar por horas, mas se ele falar mais de 5 minutos sobre si parece que vai ter um ataque.
Tô tentando me acostumar com o jeitinho dele. Eu sinceramente não quero ficar com as briguinhas infantis. Quero que tenhamos uma boa convivência, quem sabe uma boa amizade...
— você vai dormir logo depois que subir?- Curtis me olha confuso pela pergunta.
— não...
— eu vi que você tem uma sala de cinema, podíamos assistir algo - dou de ombros- se você tiver tempo.
— um filme?
— é cada um toma seu banho, e eu faço uma pipoca e assistimos.