Prazer, Laura

Um dia de cada Vez

Chego em casa com o Murilo desmaiado já, deito ele na minha cama e vou tomar um banho, depois de estar vestida para dormir, deixo a mamadeira dele da madrugada pronta e vou deitar ao lado dele, logo meu celular toca e vejo que é o Derek, por um minuto penso em não atender, mas provavelmente só quer saber do Murilo.

_Oi Derek.
_Oi, só queria saber se chegaram bem?
_Sim, Murilo já está dormindo, não precisa se preocupar ele está bem, vou cuidar dele.
_Eu sei que vai Laura, tem remédio pra febre na bolsa dele se ele precisar, a mamadeira, leite, fralda, roupa, está tudo aí.
_Sim eu vi, obrigado. -Digo querendo desligar.
_Se acontecer algum b.o me liga.
_Eu ligo Derek, tchau.
_Tchau morena.

Ele diz com tom de deboche, tenho certeza que só me chamou assim por que sabe o efeito que tem em mim, mas ignoro e me deito do lado do Murilo o abraçando e vou dormir, a melhor hora do meu dia, sim, lá eu posso sonhar com você Derek, nos meus sonhos estamos juntos e felizes.

Acordo às sete como de costume, Murilo bonzinho como sempre ainda dorme sereno, ele acordou as três da madrugada, mamou e voltou a dormir, passo a mão em seus cabelinhos cacheados, como esse bebê é lindo, sinto esse cheirinho gostoso de bebê.

_A titia ama muito você, você tá tão fofinho.

Digo e dou um beijinho em sua bochecha, me levanto e vou fazer minha higiene matinal enquanto ele ainda dorme, depois preparo o café da manhã dele, que consiste em uma mamadeira e uma frutinha, levo pra cima e vejo que ele está descendo da cama e vindo em minha direção.

_mama

Ele diz com os bracinhos abertos.

_Você está falando mama, a que fofinho, tá com fome é, a tia fez seu mama.

Dou a mamadeira dele e ele mama quietinho e depois vem atrás da banana, mas como está espertinho.

Passamos a manhã com o meu pai e minha mãe, minha mãe faltou pouco nomear ele como chaveirinho da casa, não desgrudava dele, depois fui levar o mesmo para passear um pouco na pracinha, voltamos e ele almoçou e foi dormir e quando menos esperava já era a noite e tinha que levar ele de volta.

_Ah mas ele é tão fofinho minha filha, me faz lembrar de você pequena, que saudade, né meu amor.

Minha mãe diz e meu pai concorda.

_Tenho que levar ele agora mãe.

Ela reclama e da um beijinho no mesmo que sorri, depois chamo um Uber e aviso a dona Tânia que estou a caminho.

Ele vai brincando até o morro e dessa vez não parece querer dormir, quando chego na pracinha dona Tânia não está, ligo e a mesma atende dizendo que não vai poder ir e que Derek vai buscá-lo.

Ele não vem mas manda seu amigo vim buscar o menino e pede que eu vá com ele porque Derek está resolvendo umas coisas e pediu que eu olhasse o menino por uma horinha, nesse momento só queria sumir, palhaçada viu.

Vou em silêncio e quando chego em sua casa entro e coloco o Murilo no berço, ele reluta um pouquinho e chama o "papa".

_oh meu amor, papa tá um pouquinho ocupado, mas ele já vem, eu vou colocar esse neném para dormir.

Digo e ele entende e me chama com as mãozinhas, pego ele no colo e balanço um pouco para ninar o mesmo.

_mama, mama

Ele diz resmungando.
_Você mamou agora meu amor, ainda está com fome?

Digo rindo e ele continua falando mama

_Está chamando mãe! Vem no papai.

Derek diz entrando no quarto.

_Quem ensinou? -Pergunto.
_Eu, ensinei ele antes de você pular do barco.
_Porque fez isso Derek?
_Achei que a gente era pra sempre, enfim, hora de dormir filho.

Ele disse e começou a balançar o Murilo, não sei se ele percebeu, mas suas palavras me atingiram com força, por um instante fiquei tonta e me sentei na poltrona, ele me olhou estranho, eu não disse nada, pus as mãos no meu pulso de forma automática, mas logo me repreendi, não seja tonta Laura, sua pressão está ótima, foram só a tristeza das palavras que foram ditas, logo Murilo adormeceu e ele o colocou no berço.

_Você tá bem, ta pálida?
_Hum, sim Derek, só vou dar um beijo nele e já vou.
_Ta.

Ele diz e sai do quarto, posso ouvir quando o armário da cozinha se abre, dou um beijinho na testa do Murilo.

_Que dizer que estava me chamando de mamãe, eu não sabia meu amor, me perdoa.

Digo e saio do quarto.

_Estou indo Derek, obrigado por me deixar ficar com ele.
_Quando quiser, ele sente a sua falta.
_Sim, eu também.
_Se quiser vim ver ele, pode vim.
_Ok, meus pais amaram ele, obrigado, Derek, Dona Tânia me disse sobre a adoção, lamento.
_Pois é, parece que para que ele tenha um "lar estável" precisa de uma mãe.
_Precisa estar casada com você?
_Não, porque?
_E se eu quiser, teria problema pra você?

Pergunto e ele nega com a cabeça.

_Olha Laura, você me disse que não queria filhos agora.
_E não quero Derek, eu não teria tempo, mas o Murilo mora com você, não mudaria nada, apenas teria o nome de uma mãe no papel como a assistente social quer.
_Nos não estamos mais juntos, eles fazem visitação uma vez no mês por um ano.

Ele diz e se senta no sofá.

_Isso eu não teria como resolver, a menos que na data eu estivesse aqui, eu não sei, pensa direitinho e me avisa, eu amo o Murilo Derek, não teria problema algum.
_Não está pensando no tamanho da responsabilidade, se eu morro aí, tu ia ter que cuidar do meu filho.
_Eu sei, tenho que ir agora, vou pro hospital bem cedo amanhã, qualquer coisa me avisa.
_Eu te deixo em casa!
_Não! Me desculpa, não queria ser grossa, mas, por favor, não quero ultrapassar os limites Derek, me desculpa.

Digo e vou embora sem esperar resposta, vou andando até a entrada do morro, quando estou lá chamo um Uber, já são onze da noite e ninguém aceitou a corrida ainda então vou atrás de um moto táxi no morro mesmo.

No caminho encontro quem menos queria ver, Coringa.