Capítulo XIV

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Você está ferido e cansadoDe viver a vida em um carrosselE você não consegue encontrar o lutadorMas eu vejo isso em você, então nós vamos sair dessa

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Você está ferido e cansado
De viver a vida em um carrossel
E você não consegue encontrar o lutador
Mas eu vejo isso em você, então nós vamos sair dessa


Nunca havia visto tanto sangue em minha vida quanto o que jorrava da perna amputada de Hershel. A cena era brutal, e por mais que eu quisesse desviar o olhar, era impossível. Mais difícil que encarar a realidade daquilo era ver o pavor nos olhos de Beth e Maggie. As duas seguravam as mãos do pai com força, como se a simples pressão dos dedos pudesse mantê-lo ali, com elas. O medo de perder mais alguém estava estampado em seus rostos, e eu também não queria acreditar que logo estaríamos cavando outra cova. Havíamos enterrado pessoas demais.

Lori e Carol, desesperadas, faziam o possível para estancar o sangramento. Com panos encharcados e mãos trêmulas, conseguiram parar o fluxo de sangue a tempo, mas não sem deixar a atmosfera ainda mais tensa. A preocupação agora era a infecção e o risco de perder Hershel para algo tão invisível quanto perigoso. Com medicamentos improvisados, restava apenas esperar que ele acordasse.

Beth e Maggie se revezavam ao lado do pai, os olhos vermelhos de tanto chorar, mas determinadas a ficarem com ele, sem dormir. A cada suspiro fraco de Hershel, seus corpos se enrijeciam, temendo que aquele pudesse ser o último. O silêncio no bloco era quebrado apenas pelos passos apressados de Lori, que ia e vinha, trazendo panos limpos e mais remédios.

De repente, Carl entrou na sala com os braços carregados de itens de primeiros socorros. Meu coração quase parou ao ver que ele havia saído sozinho. Ele tinha ido até o antigo bloco de celas buscar suprimentos médicos, arriscando a própria vida, e Lori não deixou isso passar em branco. Ela o repreendeu severamente, mas Carl parecia mais preocupado com Hershel do que com a bronca da mãe. Era uma mistura estranha de bravura e teimosia que me lembrava tanto Rick Grimes...

Falando em meu pai, ele estava abalado, mais do que eu esperava. Ele não conseguia tirar os olhos de Hershel, o amigo que se tornara uma âncora em meio ao caos. Quando finalmente consegui falar com ele, Rick me contou sobre os outros presos que tinham causado confusão, mas também sobre como havia conseguido comida. Seus olhos mostravam exaustão, mas ele continuava, como sempre, por nós.
Ainda havia muito trabalho pela frente. O ar era denso de incerteza e cansaço, mas, por ora, Hershel respirava. Isso nos dava esperança, mesmo que pequena, de que não precisaríamos enterrar mais um dos nossos.

Eu abracei meu pai com força, nesse momento sabia que ele precisava desse abraço mais do que eu. Ele, que sempre carregava o peso de todos nós, agora parecia desmoronar, mesmo que por alguns instantes. Ficamos ali por longos segundos, o mundo ao nosso redor parando, apenas nós dois lutando contra o medo e o cansaço. Quando finalmente nos soltamos, ele me olhou com um semblante sério, mas com uma ternura que raramente deixava transparecer. "Preciso resolver outras coisas", ele disse ainda com os olhos perdidos por um momento, antes de se afastar lentamente.

PLATONIK - 𝒕𝒉𝒆 𝒘𝒂𝒍𝒌𝒊𝒏𝒈 𝒅𝒆𝒂𝒅Onde histórias criam vida. Descubra agora