PRÓLOGO

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"Essa dor é muito realExiste tanta coisa que o tempo não pode apagar"

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"Essa dor é muito real
Existe tanta coisa
que o tempo não pode apagar"

Era para ser uma quinta-feira normal, acordei com Lori puxando meu cobertor, já passava das duas da tarde e eu ainda estava dormindo

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Era para ser uma quinta-feira normal, acordei com Lori puxando meu cobertor, já passava das duas da tarde e eu ainda estava dormindo. Escutei ela reclamar que uma garota de dezoito anos,com uma vida pela frente, precisava fazer mais do que só ficar até tarde mandando mensagem no celular e ir arrumar um trabalho ou fazer uma faculdade, como se tivesse feito algum desses dois, sendo que a única coisa que ela tem feito é ser esposa do xerife Grimes, mãe e dona de casa, grande coisa.
Levantei a contra gosto e fui direto para o banheiro, tomei banho e lavei meu cabelo. Vesti a primeira calça jeans e camiseta que achei, fui para a cozinha comer alguma coisa e lá estava ela, fazendo o bolo favorito do Carl.

- Vou sair - eu disse pegando a chave da minha moto

- Vai pra onde ? - ela se virou para me olhar

- Vai ter uma reunião de leitores na biblioteca - ela me olhou séria - estou falando a verdade. Vou para a biblioteca

- Esteja aqui até o jantar querida e cuidado - ela sorriu calma e então voltou a mexer o bolo

Eu não respondi nada, peguei minha jaqueta e passei pela porta. Eu odiava quando ela bancava a boazinha e calma, como se no fundo ela não quisesse gritar comigo. Eu tinha sorte de ainda ter essa moto, mesmo velha, foi a única coisa que meu pai aceitou me dar, já que ele disse que apenas quando entrasse em uma faculdade ou arrumasse um emprego de verdade - que não fosse algumas horas atendendo em uma lanchonete de vez em quando - ele pensaria em me dar um carro.
Estou longe de ser uma filha exemplo, mas eu estou indo mesmo para biblioteca, porque eu amo livros, eles me tiram da realidade e me fazem sonhar. Eu até ja pensei em fazer faculdade de algo relacionado a isso mas eu sempre desisto, e acabo voltando a estaca zero.

Fiquei na biblioteca até às cinco e meia, encontrei uma colega, bem bonitinha por sinal, fomos tomar um sorvete e até rolou uns beijinhos mas nada mais que isso. Peguei meu celular no bolso e havia várias ligações da Lori e um SMS dizendo: "Vem agora para casa, aconteceu uma coisa com seu pai". Naquele momento que vi a mensagem meu coração acelerou, subi em cima da moto e corri o mais rápido até em casa. Nem estacionei a moto direito, sai correndo até a porta e assim que cheguei encontrei Shane sentado no sofá com uma xícara de café nas mãos, e Lori com os olhos inchados de chorar.

- Cadê meu pai? -  eu disse nervosa - Shane cadê meu pai? - ele largou a xícara e se levantou

- Calma - tocou meus ombros - ele levou um tiro mas já está em cirurgia para retirar a bala

- Aí meu Deus - meus olhos já estavam cheios de lágrimas - eu posso vê -lo? Ele está bem?

- Sai do hospital apenas para avisar vocês e  preciso voltar para saber notícias - ele disse pegando sua jaqueta de policial em cima do sofá

- Eu quero ir junto...

- Eu vou - Lori se pronunciou pela primeira vez - eu preciso que fique com Carl - eu neguei

- Não, eu quero ir. É o meu pai - eu disse irritada - o deixe na vizinha ou onde você quiser, mas eu vou

Eu simplesmente nem esperei por eles dois, sai novamente da casa, subi em cima da minha moto, sem capacete, acelerei em direção ao único hospital que havia na cidade.

Quando eu cheguei na recepção, ninguém sabia dar nenhuma explicação sobre como meu pai estava após cirurgia

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Quando eu cheguei na recepção, ninguém sabia dar nenhuma explicação sobre como meu pai estava após cirurgia. Alguns minutos depois, Shane e Lori chegaram, ela estava tão preocupada que nem se dispôs a brigar comigo, pelo fato de ter vindo sozinha de moto. Assim como eu, ela queria respostas, até que finalmente o cirurgião apareceu para dar notícias. Eles haviam conseguido tirar a bala alojada na parte de trás do braço e uma havia atingido próximo ao pescoço, porém ele havia tido uma parada cardiorrespiratória e tiveram que coloca-lo em coma induzido, ou seja, precisaríamos esperar ele acordar e não tinha uma previsão. Meu mundo desabou, o médico não sabia quanto tempo poderia demorar para meu pai acordar e até mesmo corria o risco de não acordar. A bala havia atingido o pulmão, ele havia conseguido estabilizar mas a parada respiratória havia complicado tudo. Eu já não enxergava mas nada por conta das minhas lágrimas, Lori se aproximou para me abraçar mas eu recuei, eu só queria que tudo isso fosse um pesadelo.
Me sentei na cadeira da sala de espera, com as mãos no rosto mas consegui ver o momento em que Shane puxou Lori para um abraço e a confortou. Eu jamais imaginei que poderia passar por algo assim, mesmo meu pai sendo Xerife, aqui na cidade não era comum esse tipo de diligência, geralmente ele atendia a brigas de marido e mulher, bagunça de adolescentes ou roubos em algum mercado ou loja, ou seja nunca havia levado um tiro.
Eu não suportaria perder a pessoa mais importante da minha vida, sem Rick Grimes, eu não sou nada. Mesmo Lori sendo minha madrasta ou Carl meu meio irmão, a minha família de verdade sempre foi meu pai.

PLATONIK - 𝒕𝒉𝒆 𝒘𝒂𝒍𝒌𝒊𝒏𝒈 𝒅𝒆𝒂𝒅Onde histórias criam vida. Descubra agora