Capítulo XVI

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"Diga-me o que eu poderia ter feitoOlhando para trás, eu tentei o meu melhorPara continuar

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"Diga-me o que eu poderia ter feito
Olhando para trás, eu tentei o meu melhor
Para continuar."

Meu pai entrou apressado, sem nem ao menos lançar um olhar para o bebê, movido pela dor que carregava no peito. Tentei falar com ele, impedi-lo, mas seu único foco era encontrar Lori. As sombras das perdas recentes pareciam pesar em cada passo que ele dava. Hershel, me chamou para irmos ao bloco onde ele iria examinar a minha irmanzinha. Com um simples aceno de cabeça, ele tentou me passar algum consolo, mas tudo parecia distante.
Enquanto caminhava, a sensação de ausência me golpeava. Olhei ao redor e a falta de T-Dog e Carol era um vazio gritante. Quando finalmente encontrei Glenn, ele apenas balançou a cabeça, os olhos cheios de pesar, confirmando o que eu já temia: eles provavelmente não haviam sobrevivido. Três perdas em um único dia. Minha mente lutava para processar o impacto, o coração esmagado sob o peso da dor. Como superar isso? Eu não sabia, e ainda não sei.

Segurei a pequena por mais um instante, sentindo o peso leve em meus braços, tão indefesa, tão vulnerável. Mas naquele momento, eu também me sentia frágil. Entreguei-a a Beth, que com sua ternura juvenil começou a limpá-la. Hershel, apesar da dor que também carregava, foi até ela para começar o exame. Carl estava por perto, observando, sem dizer uma palavra. Queria ficar ali, perto de sua irmãzinha, então eu o deixei, respeitando seu desejo silencioso.

Sem forças para continuar naquele ambiente, me retirei. Precisava me limpar, enquanto Maggie e Daryl iriam para à cidade em busca do que a bebê precisaria: roupas, fraldas, fórmulas. Segui para o banheiro, um refúgio momentâneo. Havia um balde cheio de água, a usei para lavar as mãos e o rosto. Cada respingo de água trazia um alívio passageiro, mas o sufoco continuava ali. Tirei minha camiseta suja, trocando por uma limpa que ainda restava. Foi então que meus olhos encontraram o espelho. Olhei meu reflexo, o rosto pálido e desgastado, e, por um instante, me perdi naquele reflexo. Foi quando as palavras de Lori ecoaram em minha mente. Suas últimas palavras. Um aperto forte tomou conta do meu peito, e antes que pudesse controlar, a vontade de chorar me invadiu.

Eu me senti uma garota tão estúpida por não ter aproveitado melhor o tempo com Lori. Ela sempre me amou, sempre cuidou de mim, e agora eu a havia perdido para sempre. Não havia volta, não havia mais como me redimir dos momentos em que não valorizei tudo o que ela fez por mim. A dor era inevitável, não só para mim, mas também para Carl e meu pai. E aquela pequena vida, tão frágil em seus primeiros momentos, nunca conheceria sua verdadeira mãe, assim como eu agora enfrentava o vazio da perda.
Naquele instante, eu prometi a mim mesma que faria tudo diferente. Eu iria amá-la com a mesma intensidade e dedicação que Lori me amou. Não faltaria amor à minha irmãzinha, isso eu jurei.

PLATONIK - 𝒕𝒉𝒆 𝒘𝒂𝒍𝒌𝒊𝒏𝒈 𝒅𝒆𝒂𝒅Onde histórias criam vida. Descubra agora