Capítulo 14

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Fui para sala e a estante de livros me chamou a atenção, Amy era bastante organizada e os livros estavam todos enfileirados por paleta de cor, havia alguns títulos de suspense e terror que não consegui conter a vontade de pegar, mas boa parte de sua coleção era romance e fantasia. Coloquei de volta o livro que peguei e me afastei olhando mais uma vez admirando aquela estante e então algo me chamou atenção, no topo tinha uma caixinha azul, olhei para o lado e puxei um banquinho que tinha próximo da janela. Subi no banco e estiquei os braços até a caixinha. Era delicada e havia um cadeado, não era pesada... Tentei utilizar o mesmo método que utilizei para abrir a porta, mas não deu certo, pensei por alguns segundos e optei por abrir pela parte traseira, retirando os parafusos, levou um tempo... Um bom tempo, mas deu certo.

Na caixa havia um saquinho transparente contendo alguns papéis dobrados, tinha um anel com uma pedrinha lilás e um chaveiro com as letras A e R... Amy e Richy. Abri o saquinho e tirei os papéis, eram desenhos dos dois, esboços. Amy parecia ter gostado muito do mecânico... Os coloquei de volta na caixa e não vi que tinha mais papéis juntos, eles estavam bem dobrados, quando abri o primeiro, em uma letra bastante delicada e cursiva estava escrito.

"Seus olhos azuis são meu ponto de apoio, adoro quando sinto seu olhar sobre mim... Sei que será para sempre, tenho a certeza que fomos feitos um para outro."

"Precipitada? Foi isso que ouvi da minha melhor amiga. Richy é a melhor coisa que aconteceu na minha vida, por que tenho que negar que já o amo?"

"Talvez Hannah tenha razão e eu seja precipitada, mas adoro imaginar como será o futuro ao seu lado."

"É estranho te ver e não correr para seus braços,"

"Não me arrependo de ter me apaixonado, de ter me declarado, me arrependo de ter aproveitado mais."

Era quase uma linha do tempo, aquelas declarações e por fim o término... Mas o que levou ao fim do relacionamento? Será que foi antes da Jennifer ou depois? Aparentava ser antes... Pela forma como ela se expressava, não parecia ter a sombra de um cadáver ocultado, apenas o término de uma paixão. Coloquei tudo aquilo dentro da minha blusa junto com o álbum.

Já estava cansada e com fome, não tinha encontrado mais nada, nada que se referia a Jennifer ou ao homem sem rosto. Ou Amy preferiu guardar para si aquele pesadelo e apenas esquecer como se nada estivesse acontecendo ou alguém já tinha passado por ali. Dei um longo suspiro e me levantei espreguiçando, olhei as horas e já era tarde... Só de pensar em pegar a estrada para Colville, meus olhos pesavam de sono.

***

A rua estava deserta, segui caminho até onde deixei o carro estacionado, abri a porta do carro para entrar e vi a sombra de alguém atrás de mim. Quando olhei para trás levei um susto tão grande que gritei.

"Phil!"

O barman arqueou as sobrancelhas e percebi a gafe que cometi.

"Não me lembro de termos nos apresentado, docinho."

"Você é o dono do bar Aurora, quem não te conhece? É quase uma celebridade."

Tive que segurar a vontade de dar risada com aquela situação, era sério que tinha metido uma dessas? Phil me olhava com humor e não parecia ter suspeitado de nada.

"Nossa, não sabia que tinha tanta fama assim, mas até que gostei... Então, qual seu nome?"

"Meu nome?"

"Sim, mas do que justo eu saber, você sabe o meu."

"Hawkins!"

Olhei para trás e Alan Bloomgate estava com a viatura da polícia, tenho que admitir que fiquei muito feliz de ver o delegado.

"Bloomgate."

"Algum problema?"

Alan perguntou saindo do carro.

"Nenhum delegado, estou apenas conversando."

Phil respondeu se aproximando de mim.

"Senhorita?"

O delegado falou.

"Tudo ok, já estou de saída. Foi um prazer conversar com você, Phil."

Nem sequer esperei o barman falar, entrei no carro, dei partida e sumi dali.

Essa foi por pouco, se Alan não tivesse aparecido bem na hora, eu não sei o que iria responder... Apesar de gostar do Phil não sei se ele manteria em segredo dos outros que estou em Duskwood.

Logo meu celular começou a tocar e eu sabia muito bem quem era. Não atendi, continuei prestando atenção na estrada, mas parecia que o delegado não pararia enquanto eu não parasse o carro e o atendesse.

"Na minha casa em 10 minutos."

E simplesmente desligou na minha cara.

Após o Fim - DuskwoodOnde histórias criam vida. Descubra agora