Capítulo 61

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Era fim do dia quando nos despedimos e voltei caminhando para casa do delegado. Quando fechei a porta o encontrei na sala usando um avental preto.

"Onde estava?"

"Saí um pouco." Respondi séria.

"Cheguei mais cedo hoje, estou fazendo o jantar."

"Ok." Olhei em volta e minha mala não estava mais na sala. "Onde estão minhas coisas?"

"Eu coloquei no quarto."

"Ah, obrigada."

"Ei, marrentinha. Vem aqui." Alan se aproximou e tocou meu rosto. Ele se inclinou e senti sua respiração no meu pescoço. "Estou tão feliz de você estar aqui comigo." Ele deu um beijo e se afastou. "Daqui a pouco o jantar está pronto."

Apenas assenti e subi para o quarto.

Procurei minha mala e não encontrei, queria tomar um banho e colocar uma roupa mais confortável, olhei embaixo da cama, atrás da mesa e nada. Onde o delegado tinha escondido minhas coisas?

Abri o armário e engoli em seco quando vi minhas roupas penduradas nos cabides. Tive que ficar um minuto processando aquela imagem. Metade no armário estava com as coisas dele e a outra metade continha as minhas roupas e sapatos. Eu não conseguia sequer imaginar ele guardando minhas coisas... Isso parecia uma mensagem, uma mensagem clara e bom som. Por que isso estava me incomodando? Será que eu estava exagerando? Será que não era só coisa da minha cabeça? Ele só quis ser gentil e... Ah, a quem você está querendo enganar? Isso é óbvio, isso está claro o bastante para mim. Peguei uma roupa e fui ao banheiro tomar um banho, talvez isso me acalmasse um pouco.

Mas não acalmou, pelo contrário. Estava incomodada e precisava conversar com ele, eu precisava ser sincera. Desci para sala e segui para cozinha, o delegado estava colocando os talheres na mesa e sorriu assim que me viu.

"O jantar está pronto. Pega o vinho, por favor?" Disse apontando para a bancada.

O jantar foi silencioso, às vezes o pegava olhando para mim, mas eu desviava o olhar logo em seguida. Assim que terminamos, o ajudei a arrumar tudo e ele pegou outra garrafa de vinho e duas taças e foi para a sala se sentando no sofá. Ele me serviu uma taça e peguei tomando de uma só vez.

"Alan, precisamos conversar."

"Eu sei. Mas não é necessário fazermos isso neste exato momento."

Ele se aproximou de mim e tirou a taça da minha mão e a colocou na mesinha.

"Sim, precisamos."

Ele sorriu e olhou nos meus olhos o bastante para me deixar vermelha. Ele tinha o poder de me deixar como uma adolescente envergonhada e inexperiente. O delegado deu mais alguns passos ficando perto o bastante para sentir sua respiração quente na minha pele. Eu me afastei, mas o homem era persistente.

"Alan, é sério. Precisamos ter uma conversa séria sobre como as coisas vão funcionar."

Senti suas mãos firmemente na minha cintura e seu olhar fixo nos meus lábios.

"Alan! Me solta."

"Se for para te ouvir gritar meu nome, que seja embaixo de mim gemendo."

O delegado me deixou muda com a sua falta de vergonha na cara e aproveitou a deixa para me beijar. Senti ele me guiando para sofá e segundos depois estávamos os dois perdidos um no toque do outro, me sentia culpada por sentir aquele desejo desvairado por aquele manipulador, ele conseguia sempre invadir meus sentidos ao ponto de eu não querer mais nada que não fosse somente ele me possuindo.

"Quanto mais cedo você aceitar isso, senhorita. Será mais fácil."

Senti uma mordida no meu pescoço e fechei os olhos.

"Você é minha mulher desde o momento que te vi pela primeira vez."

Sua mão descia firme o bastante para me deixar ofegante.

"Não vai ser um puto qualquer que vai mexer no que é meu."

Minha pele se arrepiou dos pés a cabeça sentindo seus dedos furiosos e sem piedade.

"Alan..."

"Eu disse que se fosse para gritar meu nome você iria gemer, minha marrentinha."

Sua língua quente invadiu minha boca abafando os meus gemidos e não demorou muito até que eu sentisse o desejo raivoso do delegado me fazendo sua.

Era bem tarde quando despertei e me dei conta que estávamos no sofá, Alan dormia profundamente, tirei sua mão de cima de mim e fui ao banheiro. Passei um pouco de água no rosto e dei um suspiro, ele sempre conseguia contornar a situação e fazer do jeito dele e isso me incomodava de um jeito que me fazia ficar com raiva de mim mesma por ceder facilmente.

Na manhã seguinte quando acordei havia um belo e apetitoso café da manhã em cima da mesinha e um bilhete.

"Bom dia, espero que goste do café que preparei. Precisei ir mais cedo para a polícia. Te vejo mais tarde."

Ele havia fugido de novo, era isso. Precisava ocupar a minha mente e resolvi pegar meu notebook que fazia um tempo que não usava e comecei a rever as fotos do festival em que apareciam Hannah, o tal rapaz misterioso e Amy. Algo me dizia que havia algo ali tão importante... Algo que estava explícito naquelas fotos, mas eu ainda não conseguia identificar o que era.

No meio da tarde, Agnes ligou.

"Oi, né?"

"Agnes, estou com tanta coisa na cabeça que me esqueci de ligar para você."

"Eu percebi, por isso liguei. E então, como você está?"

"Incomodada como as coisas estão seguindo."

"Me fale mais sobre isso."

"... Alan agi como se eu fosse ficar de vez aqui em Duskwood."

"E você não pretende?"

"Estou de férias, Agnes. Férias que logo vão terminar... Tenho minha vida em S/C."

"Você disse isso a ele?"

"Como? Tentei ter uma conversa ontem, mas... Não saiu como imaginei."

"Conhecendo como conheço vocês dois, imagino como isso terminou. Mas foi bom pelo menos?"

"Agnes, estou tentando ter uma conversa séria, por favor."

"Tá bom, não está mais aqui, quem insinuou. Olha, você precisa pensar direito no que vai fazer com o delegado. Você gosta dele? E o Jake? Ainda habita seus pensamentos? Você precisa ser honesta consigo mesma e admitir certas coisas e arcar com as consequências e ser sincera com ambos."

"Eu sei Agnes, mas não é fácil."

"Eu não disse que seria. Por que você não sai um pouco para arejar a cabeça? Depois tenha uma conversa firme com o delegado e com Jake também. Você sabe muito bem que ele está lutando para você dar uma chance para ele e não vai desistir tão facilmente. Você viu a forma como ele agiu ontem com o delegado."

"... Sim, mas conforme já te falei, eu não quero nada com ele."

"Tem certeza?"

"Agnes, eu tenho."

"S/N, pare de pensar um pouco com a razão, esqueça a mágoa que sente e tente entender o que você sente por ele. Não estou querendo piorar a situação, só quero que você reflita e seja honesta."

"Eu preciso desligar, Agnes. Vou seguir seu conselho, preciso arejar a cabeça um pouco."

"Faça isso, e lembre-se que pode contar comigo sempre."

Uma coisa eu tinha que admitir, Conhecer Agnes foi uma das melhores coisas que me aconteceu na minha vinda pra cá.



''''Agnes ajudou ou só atiçou mais o vespeiro? Não se esqueçam de votar, até o próximo capítulo. ;)""

Após o Fim - DuskwoodOnde histórias criam vida. Descubra agora