Capítulo 109

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Thomas também teve sua vez de falar, um tanto constrangido, disse que ajudou a namorada que estava desesperada naquela noite.

"Senhorita, sentiu em algum momento que eles poderiam cometer algo contra sua vida?" O promotor Gilbert me perguntou.

"Sim, Hannah estava totalmente desequilibrada. Thomas, apesar de estar ajudando ela, parecia ter um pouco de empatia comigo."

As perguntas continuaram até que, para minha surpresa, Jake foi chamado para falar. Acredito que nem Hannah esperava por isso, pelo olhar espantado que direcionou a ele.

O hacker falou sobre sua participação nas buscas e revelou que quem fez a denúncia anônima foi Thomas e apresentou as provas. Thomas parecia que desmaiaria a qualquer instante de tão pálido que estava. Aquilo só indicava uma coisa, Hannah não sabia disso. Ela olhou para ele com tanta raiva e desprezo, que acabei me sentindo mal por ele.

Por fim, depois de horas naquela sala, com apenas um intervalo de vinte minutos. Foi a vez do Dr. Barret aparecer.

 O psiquiatra começou a narrativa de maneira bastante maçante e não respondeu nenhuma pergunta do promotor ou de Louis de maneira direta, sempre dando voltas no assunto, até que foi repreendido pela juíza. Só assim ele começou a falar sobre o quadro de Hannah, sobre os remédios antidepressivos, as alucinações e os surtos. O veredito já estava concluído, a contribuição de Barret só reforçou para que Hannah fosse condenada a cumprir sua pena de 15 anos na clínica psiquiátrica Irmã Maria de Belsink em Grove Springs.

 Ela ficaria um período de três meses ainda na cadeia, sendo acompanhada por um médico psiquiatra da clínica que viria para Duskwood, até que fosse transferida. Já Thomas foi condenado a três anos e meio de prisão pelo envolvimento no sequestro e pela fuga, o que o ajudou foi ter feito a denúncia. E bem, eu não fiquei de fora, devido a invasão da casa de Hannah fui condenada a pagar uma multa, ou era isso ou seria presa por três meses. Mas por sorte, Hendel foi um excelente advogado e convincente o suficiente para a juíza me sentenciar ao pagamento da multa, seria um rombo nas minhas economias, mas que com muitas horas extras e ficando o próximo ano sem tirar férias do trabalho, conseguiria me recuperar.

***

***

A mãe de Thomas e a mãe de Hannah tiveram uma crise incontrolável de choro, assim que os filhos foram conduzidos por dois policiais para serem retirados da sala. Lilly se aproximou da mãe tentando acalmá-la, assim como o senhor Donfort. A mãe de Thomas tentou se aproximar do filho antes de a porta se fechar, mas foi impedida por um policial. Gilbert e a juíza Santis já tinham se retirado, Jake olhava para mim e para Lilly que tinha a face lavada de lágrimas. Hendel segurou meu braço e Alan se aproximou e nos retiramos também.

O sentimento era conflitante, apesar de enfim aquele peso ter saído de cima de mim... Me sentia estranha, na verdade me sentia mal por Lilly e por Jake também. Hannah mereceu o que aconteceu, assim como Thomas... Mas era nítido não ver a tristeza nos olhos do hacker, querendo ou não ela era irmã dele, irmã essa que ele fez de tudo para salvar do sequestro do homem sem rosto e que vinha até então a protegendo. Senti uma mão quente no meu ombro e Hendel deu um sorriso me guiando para sala que estive pela manhã com Alan, o delegado nos pediu licença e disse que precisava fazer alguns telefonemas, mas que retornava. Percebi que Alan fez menção de me abraçar, mas desistiu se afastando logo em seguida.

Hendel pegou um copo de água e me entregou, aceitei na mesma hora. Aquelas horas foram tão desgastante que minha garganta e boca estavam secas.

"Eu disse que no fim daria tudo certo, S/N."

"Eu fui pega de surpresa pelo senhor anunciando que seria meu advogado."

Ele deu um sorriso.

"Pensei que Alan tinha falado."

"Não... Aliás muito obrigada. Se não fosse por você, teria saído daquela sala algemada também."

"Não me agradeça, S/N. Agradeça ao Alan que me pediu para assumir seu caso. Ele havia pedido minha ajuda com o sequestro, mas cheguei um pouco tarde. Com o julgamento se aproximando, ele estava bem preocupado com a sua situação e sabia da possibilidade de ser presa por conta da invasão. Então, novamente pediu minha ajuda."

Ouvir aquilo me fez sentir mais mal do que me sentia. 

"O conheci era moleque, acredita? Caramba, estou ficando velho." Comentou sorrindo.

"O senhor é do FBI e trabalhou com o pai dele." Disse tentando prolongar a conversa, não queria dar poder ao que se passava na minha mente naquele instante sobre Alan.

"Sim. Ao contrário de Robert, eu sou um apaixonado pelo que faço."

"E está tentando arrastar o Jake com você?" Ele arqueou levemente a sobrancelha.

"Gosto de ter os melhores trabalhando para mim. Ele tem talento."

"Mas não quer trabalhar para você."

"É só uma questão de tempo, minha cara. Jake tem outras coisas na cabeça no momento. Normal, mas sei que cedo ou tarde ele vai me procurar." Disse se levantando. "Eu preciso ir."

"Obrigada pela ajuda, Hendel."

"Pode me chamar de Louis e se mantenha afastada de encrencas."

Eu sorri assentindo. Sim, não queria nunca mais me envolver em problemas de novo. Já tinha extrapolado a cota de aventura, agora era hora de virar essa página de uma vez por todas e seguir com a minha vida.

***

***

Quando saí da sala minutos depois, encontrei Alan no corredor e Jake saindo da sala de julgamento. Ambos me olharam, ignorando-se mutuamente. O delegado se aproximou e perguntou se podíamos ter uma conversa em particular. Observei Jake revirar os olhos e se apoiar na parede.

Mesmo com a pressão da presença de ambos e o desejo de deixar a delegacia rapidamente, aceitei conversar com Alan. Eu lhe devia um diálogo sincero e, além disso, um agradecimento.



"""O que será que vem por aí ? Vejo você no próximo capítulo. ;)"""

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