02

4.3K 388 10
                                    

Oliver

Cinco Meses Depois

"Desculpe. Sem notícias."

Olho para o texto na tela em frustração. Obviamente preciso encontrar um novo investigador particular. Este é inútil. Quão difícil pode ser encontrar uma pessoa?

Hoje em dia, você pensaria que seria capaz de fazer uma pesquisa na internet e encontrar alguém. Mas não é tão simples, porque não tenho sobrenome nem foto, essa pesquisa fácil se transformou em um mistério de cinco meses. E eu odeio mistérios. E surpresas. E qualquer coisa remotamente parecida.

Eu esfrego meus olhos. Vou mandar uma mensagem para ele em uma hora e depois de hora em hora até que ele me dê às informações pelas quais paguei. Até então... estou com vontade de destruir alguém.

— Blossom, onde diabos está esse relatório? — Eu grito no alto-falante.

— Está chegando, Oliver. — O som sai um pouco abafado, o que me diz que ela está usando o maldito brinquedo que eu comprei no Natal. — Você nos pediu para fazer alterações há dez minutos e leva
tempo para analisar todos os números. Você terá em cinco. Além disso, o mercado não abre por mais uma hora na China. — O tom da minha assistente é uma parte calma e duas partes de irritação.

— Eu preciso disso para ontem.

— E eu preciso que você seja melhor comigo. Isso é assédio. Vou denunciá-lo ao Recursos Humanos.

— Faça isso.

— Esta falando serio! Você precisa de férias. Esta de mau humor desde a sua viagem ao Havaí.

A palavra age como um gatilho me fazendo voltar para o quarto de hotel, onde estou profundamente dentro da boceta mais quente já criada e ela está gritando meu nome enquanto a sinto encharcar meu
pau com seu gozo. Eu aperto minha mão na coxa.

Quantos homens,tendo experimentado o céu apenas para nunca mais voltar a ver o banquete, seriam capazes de sorrir novamente? Blossom tem sorte de
não ter me transformado em um bandido assassino.

— Eu. Quero. Meus. Relatórios. — eu grito com palavras pausadamente em alto e bom tom.

— Você gritando comigo não vai fazer isso acontecer mais rápido. Na verdade, acho que o computador está ficando mais lento.Beeeeep. Beeeeeeeep. Beeeeeeeep.

— Você tem cinco minutos. — digo e aperto o botão de desconexão.

Cinco minutos se estendem para dez e quando os ponteiros do relógio piscam perigosamente perto da marca das quinze horas, eu levanto.

Blossom pode ser minha irmã, mas isso não significa que não posso gritar com ela. Papai pode ficar bravo se eu a demitir, mas pelo menos minha mãe ficaria do meu lado. Blossom é uma cabeça de vento. Não consegue manter um emprego desde os dezoito anos e pensou que queria ser policial depois de assistir a um resgate do recém-comprado gato persa.

Deixou a academia de polícia após a primeira semana depois de saber que não havia um cargo especifico dedicado ao resgate de gatinhos. Dada a sua dedicação aos animais e o acesso à confiança da família Gentry, o que significava que os empregos remunerados eram apenas uma opção, ela decidiu se
voluntariar em um abrigo.

Mamãe acabou com isso depois que Blossom trouxe para casa seu quinto animal de estimação perdido.
A partir daí Blossom voou como uma borboleta de um emprego para outro. Ela nunca dura mais de seis meses.

Realmente,em cinco meses,sua posição como minha assistente foi uma de suas mais longas oportunidades de emprego. Se eu a demitir, papai pode considerar me matar. Nesse ponto eu posso dar as boas-vindas a qualquer coisa que possa me tirar dessa miséria.

Antes de chegar às portas verifico meu telefone novamente.Ainda nada do meu IP. Que merda inútil. Coloco meu telefone no bolso e abro as portas com força.

— Oh! Meu! Deus! — A mão de Blossom voa para seu rosto para abafar o grito, com o microfone rosa e dourado ainda na mão.

— O que foi? — A raiva se esvai e eu corro para o lado dela. Ela é minha irmã, afinal.

— Minha supermodelo favorita está grávida! — Ela levanta o telefone, mas eu já perdi o interesse.

Modelos? Existem pessoas menos interessantes do que modelos?

— Onde está o meu relatório? — Olho para a mesa dela e vejo o documento solicitado no processo de montagem em um fichário de apresentação de plástico. — Esqueça. — Eu pego a papelada de cima
da mesa e volto para o meu escritório.

— Ninguém sabe quem é o pai. Ela não está dizendo.
— Blossom diz, andando atrás de mim.

— Ela está envolvida no comércio de semicondutores na China?Caso contrário, não estou interessado. — Eu tento fechar a porta no rosto da minha irmã, mas ela entra, continuando a tagarelar as suas bobagens.

— Ela fez um desfile na China uma vez. Eu acho que foi para a Gucci. Ou foi Valentino? Não me lembro. Deixe-me procurar. — Ela descarta o microfone e começa a digitar no o telefone. — Oh meu Deus, eles estão dizendo que acham que o pai é Chris Mannion.

— Não tenho ideia de quem seja. — Sento na minha cadeira e espalho o relatório.

Ignorando-me como apenas uma irmã pode,Blossom senta na beira da minha mesa.

— Chris Mannion estava no último filme de super-heróis. Ele interpretou o cara que bebeu a mistura especial e ficou invisível.

— Não precisamos mais de super-heróis assim. — murmuro.

A mais recente nanotecnologia em que estou investindo é uma empresa envolvida na criação de painéis que criam a ilusão de invisibilidade,mas refletem os arredores. A tecnologia é primitiva neste momento.Funciona apenas nos ângulos retos e a certa distância, mas a pesquisa é promissora.

— Eu não acho que é Mannion. Ele interpreta muitos idiotas e eu não consigo ver Madeleine com alguém assim.

"Não consigo ver Madeleine com alguém assim." A frase rompe e a caneta que eu estava usando para marcar o relatório cai da minha mão. De boca seca, pergunto: — Você disse Madeleine?

Não poderia ser ela, certo? Não poderia ser. Pego o telefone da mão de Blossom. Ainda bem que estou sentado porque a Madeleine de Blossom é, de fato, a mulher misteriosa da minha viagem ao Havaí há
cinco meses. Jogo o telefone na Blossom e estou do outro lado da sala antes de Blossom perceber que estou saindo.

— Aonde você vai?

— Para o aeroporto. — Abro as portas do meu escritório.

As portas do meu elevador privativo deslizam quando me aproximo.

— E a sua reunião?

— Remarque.

— Por que você está indo para o aeroporto?

Eu soco o botão do andar do saguão.

— Para encontrar sua futura cunhada. — As portas se fecham,mas não antes de eu ver o queixo de Blossom cair no chão.

Bebê secretoOnde histórias criam vida. Descubra agora