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Oliver

Estou inclinando a cabeça para beijá-la novamente quando há um ruído alto de garganta atrás de mim. Eu me viro para ver a amiga de Madeleine acenando com a mão para mim.

— Eu ainda estou aqui. — diz a mulher.

Relutantemente libero Madeleine. Não, Maddie. É assim que a amiga a chama.

— Sim, você ainda está.

— Não pareça tão decepcionado. Afinal, é você quem está se intrometendo em nosso momento de meninas. — Ela desliza ao meu redor para tomar a posição ao lado da Maddie.

Não sei que momento de meninas ela está se referindo, mas acho que é uma daquelas coisas em que a ignorância é uma bênção, por isso evito perguntar. Em vez disso, tomo medidas para proteger Maddie.

Ela é minha, mas pode não entender o que isso significa.Pego a mão dela, e ponho dentro do bolso do meu casaco, coloco a algema nela. Tudo é feito tão rapidamente que Maddie nem percebe o que eu fiz até que seja tarde demais.

— O que é isto? — Ela mexe o pulso, fazendo meu braço tremer.

— Algemas.

— Eu posso ver o que é. Por que você as colocou em nós?

— Não é óbvio? É para que não perca você vista novamente.

— Perde-la? — interpõe Danielle. — Dizer que ela é sua não significa que você a possua. Estamos no século XXI.

— Qual é o ditado? A posse é nove décimos da lei. — Eu olho fixamente para a algema.

Danielle abre a boca para responder, mas Maddie levanta a mão.

— Como eu devo ir ao banheiro assim? — Ela tenta argumentar comigo.

— Acho que vamos juntos.

Maddie respira horrorizada.

— Ah não. — A cabeça dela balança vigorosamente. — Eu não estou bem com isso. Ninguém me vê ir ao banheiro desde que tinha, tipo, dois anos, e não quero uma audiência
agora.

— Não vejo qual é o problema. — Dou de ombros, tomando cuidado para não empurrá-la. Não quero que sua pele delicada seja machucada pelo metal. — Vou estar na sala de parto e, pelo que li na internet, todo tipo de coisa acontece lá, pior do que qualquer coisa que você possa fazer no banheiro.

O voo foi longo, mas tinha Wi-Fi,então eu fiz algumas pesquisas sobre nascimentos, cuidar de bebês,amamentar e tudo mais. É assustador, mas estamos fazendo isso juntos, então acho que se nos apoiarmos conseguiremos.

Maddie não concorda.

—Nós nunca concordamos com isso.Nós nunca resolvemos esses detalhes.—ela protesta.Eu estendo minha mão livre.

— Talvez, se eu soubesse da gravidez, digamos, a dois ou três meses atrás, poderíamos ter negociado os detalhes. No entanto, cheguei atrasado. — Não digo por que, mas todos sabemos o motivo. — Eu já perdi dois meses desse período mágico. Não vou ficar de fora de mais nada no futuro.

Esquecendo que estamos presos, Maddie levanta os braços.

—Que período mágico? Eu estar perdendo minhas roupas? Vomitar de manhã...

— Às vezes também à tarde. — acrescenta Danielle.

Maddie envia à amiga um aceno de agradecimento.

— Obrigada. Sim, às vezes também à tarde. Meus dedos e pés estão ficando inchados. Não consigo dormir de barriga para baixo, e...

— Ouvi dizer que dormir de barriga para baixo é ruim. —Eu digo.

Ela pressiona a mão livre na bochecha.

— Eu não durmo de barriga para baixo. Só estou dizendo que não posso fazer isso.O que estou realmente tentando dizer é que não há nada mágico acontecendo agora.

— Há um ser humano crescendo na sua barriga. — Aponto para sua barriga redonda. — Isso parece muito mágico.

— Ele meio que tem um ponto.— diz Danielle.

— De que lado você está? — Maddie chora. — Eu pensei que estávamos juntas ate o fim.

—Seu, é claro.Não há nada de mágico acontecendo! — Danielle se irrita comigo.

— Certo — concorda Maddie. — Pare com as brincadeiras e tire as algemas.

— Você precisa fazer xixi?

— O quê?

— Você precisa fazer xixi? Esvaziar? Liberar resíduos? — Eu pergunto.

— Não. Por que?

— Então as algemas permanecem. — Sinto que estou sendo eminentemente razoável.

Ela fugiu, não entrou em contato comigo e escondeu que eu tinha um bebê crescendo em sua barriga. Não há como deixá-la fora da minha vista.

— Vamos fazer as malas.

Eu tento direciona-la para o quarto. Ela se recusa a se mexer.

— Por que iria fazer as malas?

Uma das coisas que li foi que mulheres grávidas podem ter lapsos de memórias, então não tenho certeza se ela está sendo esquecida ou propositalmente obtusa.

— Para que eu possa levá-la para Nova York, é claro.

Tenho certeza de que contei isso a ela quando cheguei.

— Não vou me mudar para Nova York. Esta é a minha casa.

— Ela realmente precisa ficar aqui. — diz Danielle.

— Por quê?

As duas ficam de pé, sem resposta. Elas trocam olhares de pânico, se comunicando silenciosamente com as sobrancelhas arqueadas. Danielle fala algo para Maddie. Maddie balança a cabeça porque não consegue entender.

— Sua amiga está dizendo 'agência'. — interpreto para elas.Maddie cora.

— Sim, minha agência está aqui.

— Eu pensei que você estava dando um tempo na modelagem.

— Há sessões de maternidade que ela poderia fazer. — declara Danielle. Ela é uma boa amiga. Eu aprovo.

— Certo. Eu ainda tenho opções.

— Claro que você tem. Ainda bem que você pode fazer tudo isso em Nova York. — O debate acabou.

Pego Maddie e vou para o quarto.

— Eu só vou à Nova York a pedido de lojas de moda. Nenhuma outra razão.

— Ela odeia aquele lugar. — grita Danielle.

— Você não viu minha Nova York. — Eu carrego Maddie pela porta do quarto e paro na frente do armário. Dentro, encontro duas malas grandes. Com uma das mãos puxo a maior e a jogo na cama.

— Ela não pode voar! Você não pode voar! —Danielle acena o telefone na minha cara. Maddie pega e lê ansiosamente o que Danielle encontrou.

Maddie se vira para mim.
— A AMA não recomenda voar para mulheres grávidas.

— No oitavo e nono mês, e principalmente por causa do perigo de entrar em trabalho de parto no ar sem um médico. Vamos pegar um avião particular de volta para Nova York e voaremos com o chefe de obstetrícia e ginecologia do Hospital Mount Cedar. Alguma outra desculpa?

Quando nenhuma das duas consegue criar nenhuma, começo a fazer as malas. Tudo está indo bem, eu acho.

Bebê secretoOnde histórias criam vida. Descubra agora