[12:30hr]
Woo Tak
OOUUIIIWIIOOUIUIWII.... Gritava alto a sirene do nosso quartel de bombeiros, salto do sofá que estava dormindo alguns segundos atrás, mas, cadê os meus colegas? Quando nossa sirene começa a tocar, todos deviam estar correndo para seguir até nosso caminhão. As luzes apagam e um silêncio invade o quartel. Arqueio as sobrancelhas e caminho devagar até as escadas, desço silenciosamente em alerta, tem algo de errado, conforme me aproximo do corredor ao lado do banheiro, ouço um som diferente, "Nhac, Nhac..", havia alguém comendo em uma situação como essa?
- Com licença. – Digo ao me aproximar.
Meus pés congelam com a imagem a minha frente, minha mentora caída no chão com a sua barriga aberta, seus órgãos expostos e um homem com o intestino dela em suas mãos, comendo. Ele rosna ao perceber minha presença, soltando o órgão no chão como se fosse nada, sem importância.
- Droga.. – Resmungo e dou um soco no vidro da caixa pendurada a parede do machado arrombador, pego a ferramenta e ergo segurando com força em posição de defesa. – Fique parado! – Ordeno.
O desconhecido ignora a minha ordem e corre em minha direção, acerto o machado em sua cabeça, derrubando ele com um golpe, solto o machado e me aproximo do corpo sem vida de Suzy, a mulher que me aceitou e criou como seu filho. Retiro o meu casaco e coloco sobre o seu corpo para que não fique exposto. Escuto passos atrás de mim e viro-me rapidamente, encaro Yuki, meu colega que antes tinha olhos cheios de alegria, agora a mesma expressão que o homem que comeu a minha mãe. Respiro fundo e corro em direção ao caminhão sendo seguido por Yuki e outros desconhecidos que se aproximam, mas como eles entraram ali? Abro a porta do veículo e entro fechando de imediato, olho rapidamente o interior do caminhão e assenti ao confirmar que estava vazio, ligo o veículo e noto a entrada dos estranhos, a nossa porta estava aberta, dirijo apressado para fora do que um dia foi meu lar.
Dirigia sem rumo, o caos presente na cidade, pessoas atacando uma as outras, gritos e choros, batidas de carros fazem a trilha sonora do cenário apocalíptico da cidade. Diminuo a velocidade quando noto um rosto familiar correndo em direção ao mercado que fica abaixo do meu apartamento, era o meu vizinho, a irmã dele sempre me presenteia com biscoitos pela a manhã, mas porque ele está correndo até um local cheio de agressores? A garota que está ao lado dele não é a Jieun, então, onde ela está? No mercado? Estaciono o carro em frente ao estabelecimento, viro-me o rosto para a janela e forço a visão, percebo os três cercados de doentes. Desço do veículo e ligo a sirene, corro dando a volta no mercado, atraindo a atenção dos desconhecidos agressores e sigo até uma entrada do mercado.
- EI! Querem ficar esperando eles voltarem?. – Questiono.
Espero eles se aproximarem e caminhamos em direção oposta daquelas pessoas, mas haviam mais deles pela as ruas, o que são?
- Obrigada, Woo Tak. – Agradece Jinyoung.
- Pode me agradecer quando conseguirmos sair daqui. – Respondo.
Uma sirene extremamente alta ecoa pela a cidade, alertando ser uma emergência maior do que imaginávamos. Os doentes batiam nos postes, carros e estabelecimentos, tentando seguir o som ou talvez incomodados com ele, poderiam ser sensíveis ao som.[11:40hr]
Jennie
Resmungo com a pequena fresta de luz que reflete em meu rosto, estico os braços me espreguiçando na cama, fito o relógio na cômoda e quase caio da cama ao perceber o horário, tinha perdido a hora de ajudar a mamãe para o almoço. Levanto rapidamente sem trocar a roupa para não me atrasar ainda mais, calço as pantufas e desço correndo a escada.
- Mãe!. – Chamo. – Mãe! Desculpa, dormi muito. – Peço manhosa. Me assusto com o zumbido na televisão, acompanhado de gritos, dificultando a repórter na hora da comunicação.
NOTICIAS DE EMERGÊNCIA: Um vírus altamente contagioso está causando caos entre os cidadãos de Seul, fique alerta aos sintomas de raiva, pupilas dilatadas, pressão baixa, febre, suor, alucinações, ferimentos que não cicatrizam. Não há conhecimento sobre como é contaminação, não saiam de casa, fiquem seguros.
O sinal cai e a tela da televisão fica completamente azul, estranho. Caminho até o jardim atrás de nossa casa, minha mãe cultivava uma horta no local, sigo até ele e vejo que minha mãe estava parada encarando algo, me aproximo e noto ser uma criança aparentando ter cinco anos, a menina estava imóvel mas coberta de sangue.
- Mãe. – Chamo nervosa. – Venha até aqui, por favor. – Peço ao notar que a menina estava com as pupilas dilatas e bastante pálida como os sintomas citados na notícia.
- Querida, não precisa ter ciúmes, eu vou ajudar a menininha perdida como a sua irmã. – Ela diz se aproximando da menina.
- Mãe. Não!. – Chamo quando a menina corre até ela.
Corro até as duas, a criança estava mordendo o pescoço de minha mãe, o sangue jorrava alto, pego a pazinha que estava cravada na horta e começo a bater na menina, ela pula sobre mim, caímos as duas enquanto ela tentava me morder em qualquer parte do corpo, aperto forte a mão na pá e cravo em sua cabeça, finalmente seu corpo cai desacordado.
- MÃE!. – Chamo alto.
Engatinho apressada até ela, seguro em seu rosto enquanto lágrimas escorriam desesperadamente pelo o meu. Seus olhos sem vida mas seu rosto havia uma expressão feliz, acaricio a sua bochecha e abraço o seu corpo, choro alto com a dor em meu peito.
- JENNIE!. – O grito de meu pai vindo de dentro de casa era tão alto quanto o meu choro. – JENNIE!. – Ele chama me seguindo até a horta. – Seojung.. Minha filha, você precise se afastar de sua mãe agora. – Ele pede se aproximando.
- Oque? Não! Ela morreu, pai!. – Grito chorando.
Minha mãe abre os olhos e grunhe me encarando, sinto a mão de meu pai em meu ombro, puxando o meu corpo para trás, caio no chão e o vejo segurar minha mãe, enquanto ela mordia seu ombro. Arregalo os olhos e levanto para ajudar.
- Não se aproxime! Vá atrás de suas irmãs agora, não deixe ninguém te morder, eu não sei o que está acontecendo, mas todas as pessoas que foram mordidas ficam assim, então, vai atrás de suas irmãs e se escondam! Agora!. – Seus gritos pareciam como imploração.
Assenti e corro para fora de casa, algumas pessoas cobertas de sangue começam a correr em minha direção, elas rosnavam como animais, ponho as mãos nos ouvidos e sigo correndo sem parar até a farmácia que minha irmã Areum trabalha. Abro a porta quase mais pesada que o meu corpo, minha respiração estava tão ofegante que sentia que meu coração iria saltar pela a boca.
- O que houve?. – Areum pergunta com os olhos assustados.
- Não é meu, é da mamãe. – Respondo com a voz emaranhada. - As pessoas enlouqueceram nas ruas, estão mordendo e devorando uma a outra. – Conto.
As pessoas doentes começam a se aproximar da farmácia, me afasto da porta e sigo até minha irmã, minhas mãos tremiam sem controle.
- Venham comigo. – Pede Euntak. Não o conhecia pessoalmente, exceto pelo o quadro no quarto de Areum e as histórias que ela conta sobre ele.
Seguimos ele até a sala de estar da farmácia, após entrarmos, Euntak começa a empurrar a geladeira para a frente da porta para bloquear o caminho, logo usando seu corpo também como peso segurando a geladeira.
- Vocês saíam pela a janela. – Ele diz.
- Você também. – Minha irmã responde de imediato.
- Se a sua irmã estiver certa, essa geladeira não vai segurar sozinha a porta e essas pessoas vão entrar, vou ganhar tempo para vocês correrem e procurar ajuda. – Euntak afirma.
- Não, Euntak, não. Eu não vou te deixar para trás. – Ela implora.
Seguro na mão dela e vejo a expressão no rosto do seu colega, apaixonado e sofrendo, seus olhos pediam que eu a levasse para fora, antes que ela pudesse se aproximar para tentar impedi-lo, uso o máximo de força para forçar ela a sair pela a janela. Areum se desvencilha de meus braços para o olhar uma última vez antes de irmos, dou espaço para ela, entendia o quanto era difícil, minha irmã nunca confessou com palavras, mas seus olhos e atitudes a entregavam que estava apaixonada por seu amigo. Toco em seu ombro e seguimos correndo pela a rua procurando por pessoas que pudessem nos ajudar, vejo uma viatura um pouco distante e sigo até ver o dono da viatura.
- Areum, aqui. – Chamo enquanto me aproximo do policial.
- Jennie, espera!. – Ela grita.
O policial vira –se para mim, correndo em minha direção, sinto a mão de Areum segurar em meu pulso, puxando meu corpo para trás do seu em forma de proteção.
- Aqui! Se apressem! Rápido!. - Grita uma garota de dentro de um restaurante.
- Vamos. – Afirma minha irmã e corremos até o estabelecimento.
Ajudamos a garota e outras desconhecidas colocarem as mesas em frente a porta, formando uma barricada como estava anteriormente, antes da nossa chegada.
- Muito obrigada. - Agradecemos.
- Vocês estão bem?. - Ela pergunta aparentemente preocupada.
- Estamos graças a vocês, está assustador lá fora. - Respondo.
- Eu saio por alguns minutos e vocês já trazem mais pessoas para cá, deveria estar escolhendo quem vai sair para ser a distração enquanto dá tempo para as outras. - Esbraveja uma outra garota alta com longos cabelos castanhos, rosto bem marcante pela a beleza, assim como o seu corpo magro, ela se aproxima. - Podemos começar por essa aqui, ela é pequena de altura, mas tem bastante gordura para distrair eles. - Ela conclui se referindo a mim.
- Você quer que o meu irmão nos tire daqui não é? Então, é melhor você manter as suas mãos longe dela. - A primeira garota responde como se nos conhecesse.
- Desculpe, nos conhece? E quem é seu irmão?. – Pergunta Areum confusa.
Me assusto com o barulho da porta de trás do restaurante sendo aberta, só bloquearam a da frente? Felizmente, Euntak e o rapaz que meu pai odeia, Jongin, entram no saguão, minha irmã corre de imediato até o seu "amigo", enquanto encaro o belo companheiro ao seu lado, meu pai o odeia por ser o "garoto de programa de Cecilia", sua amante, que só agora reparei ser o restaurante dela que estamos, Jongin trabalha como garçom, ele sempre foi gentil comigo, inclusive, minha briga com o meu pai na noite passada foi por uma foto dele, uma noite em "família falsa feliz" que tivemos no restaurante, meu pai quis fotografar o momento, no canto esquerdo da foto ao fundo, Jongin está em pé nela, apenas a imagem minimalista dele na foto irritou completamente o meu pai que cortou um pedaço da fotografia, jogando fora a parte que cortou, mas eu a recolhi do lixo e guardei para mim, era um lindo pedaço que não merecia estar em uma lixeira.
- Você é o irmão?. – Pergunto pensando alto enquanto o fitava.
- Da Soobin e do Euntak. – Ele responde sorrindo. – Não imagina o quanto estou feliz que esteja bem. – Jongin diz me olhando diretamente nos olhos.
Engulo em seco com as palavras diretas dele e desperto do transe com a fala de Areum de que precisamos encontrar Eunyu, nossa irmã. Uma sirene alta ecoa pela a cidade que os vidros do restaurante tremem com o impacto.
- É um alerta de emergência. – Soobin diz.
- Vamos buscar a sua irmã. – Jongin afirma.[11:30hr]
SeungHo
- Você saberá? Você entenderá? Meu coração está preocupado, é assim que me sinto sobre você, se você vier até mim, não conseguirei sequer abrir os meus olhos, de tanto que o meu coração treme, eu amo você. – Canto alto a minha música preferida, Know me.
Ergo o rosto quando escuto a porta sendo aberta, Yuh-Jung chegou tarde hoje, ela trabalha cuidando da casa, eu a vejo como mãe, mas ela se atrasou para o café da manhã, quase o horário do almoço.
- Mãe! Você está bem? Chegou tarde hoje. – Pergunto preocupado.
Solto o controle da televisão sobre o sofá e caminho até ela na porta, arqueio as sobrancelhas quando a vejo pálida, corro até ela e seguro em seu rosto.
- O que houve? Vamos para um hospital!. – Afirmo nervoso.
Abro a porta e seguro na mão dela que está fria, a guio até o meu carro, ela afastou-se quando uma sirene ecoa pela a cidade, Yuh-Jung começa a bater com a cabeça no carro, tento a segurar mas alguém me puxa para trás.
- Não faça isso!. – Uma garota para na minha frente, enquanto um homem me segurava.
- PARA!. – Grito quando a garota acerta na cabeça de Yuh-Jung com o cabo de uma arma, derrubando seu corpo no chão.
Me desvencilho e aproximo da garota, mas o rapaz que antes me segurava agora para na minha frente, colocando a garota atrás de seu corpo de forma protetora.
- Você não toca nela. – Ele diz irritado.
- Jinyoung, está tudo bem. – A garota fala e segura no pulso dele. – Apenas impedi que ela te atacasse, precisamos correr, um vírus está se espalhando rapidamente e transformando pessoas em animais famintos, ela estava infectada, ela te mordeu?. – Ela pergunta.
- Minha mãe não me mordeu. – Respondo ríspido.
- Eunyu!. – Grita duas meninas correndo em nossa direção assim como um grande grupo as seguindo.
- Areum! Jennie!. – Eunyu chama e corre até as meninas, abraçando-as.
- SeungHo, você está bem?. – Pergunta Soobin, minha amiga que está com o grupo. - Yuh-Jung foi infectada? Eu sinto muito.. – Ela diz me abraçando.
Coloco minha mão em suas costas e assenti, não entendia sobre o que estavam falando, mas eu sabia que podia confiar em Soobin, após meu irmão ter se alistado, ela além de minha mãe, foram minhas únicas companhias.
- Você confia nessas pessoas?. – Pergunto a ela, após sua confirmação. – Eu não sei quem são vocês, uma acabou de acertar a minha mãe, mas Soobin confia em vocês, então, confiarei também, a agressora falou sobre um vírus e essa sirene de emergência são similares, algo muito grande aconteceu, vamos precisar de um abrigo temporário, em breve o exército aparecerá para resgatar aqueles que não estão infectados provavelmente. – Sugiro.
- Eu não sou agressora, sou uma policial, mas você está certo sobre o exército, como sabe?. – Eunyu pergunta.
- Meu irmão está nele. – Respondo.
OOUUIIIWIIOOUIUIWII, a sirene começa a tocar novamente, atraindo atenção de diversas pessoas cobertas de sangues que corriam rapidamente até nós, seguro na mão de Soobin e chamo todos para me seguirem até a minha casa, seguro a porta até que todos entrem, fecho a porta e ligo o alerta de emergência, as janelas de vidro agora ficam cobertas por uma camada de ferro, assim como a porta, as luzes ficam mais claras e a televisão mostra as imagens de câmeras de segurança ao redor da casa.
"Olá, SeungHo, modo de emergência efetuado com sucesso, pessoas desconhecidas ao redor da casa, câmeras de segurança gravaram suas identidades."
- Acho que a sua casa é mais segura que a base militar. – Brinca Soobin. – Mas, o que fazemos agora?