Interferência

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Seri

- Aigoo.... Que homem desprezível! "Uma médica deveria ser mais educada com seu paciente VIP" Tsc... Como ele se atreve?. – Esbravejo enquanto coloco um pingo de sangue no esfregaço, arrastando-o para espalhar as células. Posiciono no microscópio para analisar a amostra coletada. 
- Dra. Yoon. – Chama o soldado Kwang Beom adentrando a minha sala. 
O mais novo quando percebe que entrou sem bater, recua dando um passo para trás, arrependido, no acampamento existem diversas regras disciplinares rigorosas. Assenti dando consentimento para que continue. 
- Um homem chegou com sua esposa nos braços, ela foi atacada por um animal próximo daqui. – O soldado conta quase sem pausa entre as palavras. 
- Ataque de animal? Isso é raro por aqui. – Penso alto. – Por favor, tragam-na. – Peço. 
Caminho apressada até a mesa metálica, retiro as luvas descartáveis e colocando no lixo, trocando por um par novo. O soldado Kwang Beom e soldado Eun Dong carregam a mulher ferida sobre uma maca de resgate, colocando sobre a mesa, observo o corpo a minha frente e era visível que ela já estava morta algum tempo, calor corporal foi substituído por nenhuma temperatura corporal, pelo contrário, resfriamento, acompanhado de rigidez e manchas, além da palidez, todavia, sem a elasticidade, os lábios estavam secos e duros, ela já estava morta há mais de duas horas. Aproximo-me e pego uma tesoura metálica, recorto a sua blusa, analisando o ferimento em seu pescoço, mas o assustador é que não se tratava de uma mordida de um animal, mas uma mordida humana. 
- Soldado Kwang Beom, por favor, acompanhe o senhor.. Desculpe, qual seu nome?. – Pergunto para o esposo da vítima. 
- Jintao, Park Jintao, minha esposa Ji Hee, porque não está a ajudando?. – Ele pergunta franzindo a testa, mas não era uma expressão de tristeza, conseguia notar a diferença entre uma expressão de medo para uma triste.
- Sr. Park, o soldado Kwang irá o acompanhar para beber uma água, deve estar abalado. – Digo. 
Desvio o olhar para o soldado que entende minha intenção de retira-lo dali. Toco no ombro de Eun Dong para que se aproxime do corpo da vítima enquanto o senhor era retirado da sala.
- Eun Dong, não é uma mordida de animal, é humana. – Digo preocupada. – Observe a mordida, a distância Inter canina e o número de dentes incisivos encontrados na marca de mordida, não batem com a de um animal e sim como a de um humano. – Explico. – Tenho certeza que ele está escondendo algo, avise ao Hyunbi, pode ser um caso de agressão ou doença da raiva. – Peço. 
Sinto um arrepio subir pelo o meu corpo, todos os pelos do meu corpo ficam arrepiados ao presenciar o corpo da mulher sem vida, se posicionar sentada na mesa, ela abre os olhos, suas pupilas embranquecidas, ela franze o nariz, farejando algo, ela torce o pescoço e nos encara, surpreendente pela a sua falta de visão. 
- Ji Hee. – Chamo-a pelo nome. – Você está bem..?. – Pergunto ainda em choque.
A mulher grunhe e joga o seu corpo para frente, caindo da mesa metálica, dou um pulo para trás, Eun Dong retira a sua arma e aponta na direção da desconhecida retornada a vida, ela começa a engatinhar rapidamente pelo o chão e segura em meu pé, abrindo sua boca, puxo meu pé para trás e impulsiono com força para frente, chutando seu rosto. O rádio comunicador do soldado ao meu lado começa a transmitir gritos pelo o canal de comunicação. "REFORÇOS! ATAQUE DE PESSOAS COM RAIVA DESCONHECIDA!" A mulher se posiciona em pé a nossa frente e corre na nossa direção. 
- Não deixe que ela te morda! O que ela tem pode ser contagioso e transmissível pelo o sangue ou saliva!. – Alerto. 
Deixo um grito escapar e cubro minha boca com as mãos para abafar o som, Eun Dong é atacado pela a mulher que o derruba, caindo sobre ele e começa a morder seu antebraço, ele posiciona a arma em sua cabeça e dispara, ela cai morta novamente sobre o corpo do soldado. Me agacho e ajudo-o a levantar, guio rapidamente até a mesa, pego solução salina estéril e começo a lavar a mordida, mas ela começa a ficar com aparência avermelhada de infecção, o soldado começa a gritar de dor.
- Seri, se afaste!. – Ele grita. – AGORA!. – Gritou novamente agora com suas pupilas embranquecidas como da mulher anterior, o suor escorria pelo o seu rosto e manchas vermelhas como de infecção espalham pelo o seu corpo. O soldado cai de joelhos, começando a se debruçar como se estivesse convulsionando. 
- EUN DONG!. – Me aproximo o chamando. 
- SERI, NÃO!. – Hyunbi chama adentrando a sala. 
Sinto sua mão segurar no meu braço e puxar meu corpo para trás, ele aponta a arma para o soldado, disparando um tiro em sua cabeça. Grito em reação e o olho assustada. Hyunbi sem explicar, segura na minha mão esquerda e corre para fora da sala, puxando–me para acompanhá-lo pelo o corredor. Soldados estavam caídos no chão com seus corpos expostos e abertos, seus órgãos caídos para fora comidos pela a metade, enquanto outros corriam com sangue em suas fardas e ao redor seu rosto, rosnavam nos perseguindo como animais raivosos. Minha respiração começa a falhar sem fôlego pelo o percurso correndo, Hyunbi parece perceber meu cansaço, ele para e segura o meu corpo, me erguendo em seu colo e correndo novamente até a Hummer militar. Abre a porta do veículo e sento no banco passageiro, ele dá a volta ao redor e senta no banco do motorista, ponho o cinto enquanto ele liga o carro, logo acelera e dirige em alta velocidade, pelo o retrovisor consigo olhar os soldados com raiva correndo atrás do veículo, determinados.
- O que é isso? O que está acontecendo?. – Questiono assustada, minha voz acaba saindo mais alta. – HYUNBI!. – Chamo pelo nome do meu namorado que parecia estar no modo automático de Sargento.
- O cientista, Park Jintao, que trouxe a mulher, logo que o soldado Kwang Beom trouxe ele, outras pessoas com as mesmas mordidas que a esposa dele apareceram e começam a atacar os soldados, eles não paravam de morder e atacar todos... – Explica.
- Cientista?! Eu sabia que ele era suspeito... e Kwang Beom?. – Pergunto preocupada pela a falta da presença dele.
Sinto meus olhos marejarem e lágrimas escorrerem pelo o meu rosto quando ele balança a cabeça negativamente. Sinto meu corpo ser levemente impulsionado para frente mas controlando o máximo de impacto pelo o cinto segurar meu tronco contra o banco, ele havia freado bruscamente. Meu batimentos cardíacos aceleram com a visão a minha frente, Sargento segundo Wang Yeo e minha irmã Sun parados em frente ao carro. 
- Não fiquem parados! Subam!. – Grito pela a janela. 
Os dois correm até nosso encontro, abrem a porta da Hummer e sobem no veículo, sentando no banco passageiro traseiro. Hyunbi novamente acelera e dirige em alta velocidade para longe da base militar, viro um pouco meu tronco com esforço para poder dar atenção a minha irmã e meu cunhado. 
- Vocês estão bem?. – Pergunto preocupada, meu olhar percorria pelo o corpo dos dois, tentando encontrar algum sinal de ferimento que felizmente é confirmado a ausência. 
- Sim, e vocês? Foram mordidos?. – Sun pergunta também preocupada, nego com a cabeça, ela suspira aliviada. – Nunca presenciei uma infecção assim anteriormente, estávamos conversando com o Tenente Lee quando escutamos gritos, fomos seguir o alvoroço para ajudar quando presenciamos os soldados mordendo uns aos outros. – Conta.
- Hyunbi. – Wang Yeo chama. – Encontramos In Guk na floresta enquanto fugíamos, ele nos contou que esse surto chegou tarde aqui, que já está na cidade e existem abrigos que pessoas fingem serem soldados para se aproveitarem de desesperados. – A cada palavra de meu cunhado, sentia que meu Hyunbi tremia, o irmão dele mora na cidade. 
- Vamos chamar, SeungHo. Vamos resgatar ele. – Afirmo e faço carinho na coxa de meu sargento. A relação dele e do irmão é complicada, mas a importância e preocupação é inabalável. 
A cada curta distância da cidade, o odor de carne podre e da morte se torna mais forte, tão presente entre nossas narinas e a visão que o inferno havia descido para a Terra. Prédios em chamas, pessoas correndo e gritando por suas vidas sendo perseguidas por outras, algumas sendo devoradas no chão, corpos expostos espalhados pela as ruas, pessoas infectadas corriam até nosso veículo e acertavam cabeçadas tentando invadir o carro, mas não expressavam ou demonstravam nenhuma dor, na verdade, não pareciam sentir nada, exceto a fome e vontade absurda de atacar. Observo as pessoas do lado de fora, os infectados pareciam parar em algum momento de morderem as suas vítimas, sempre no mesmo momento quando em teoria o corpo da vítima começa a esfriar. Será que procuram vítimas vivas? 
- Seri. – Hyunbi. – Chama e me entrega o seu celular, disco para o número de SeungHo, colocando no viva voz. - SeungHo, você está bem?. – Ele pergunta preocupada assim que o irmão atende à ligação. 
- ⁠Então, os boatos sobre o fim está certo para receber uma ligação sua. – Zomba o mais novo, mas era visível o timbre de nervosismo em sua voz. 
- ⁠Não temos tempo para farpas, SeungHo. – Repreende o mais velho. - Não são apenas boatos, as tropas estão resgatando sobreviventes. – Mente, provavelmente para tranquilizar o irmão. - Mas iriam demorar para chegar até a sua casa, está sozinho?. – Pergunta.
- Não, estou com um grupo grande. – SeungHo responde um pouco ríspido, algo diferente do perfil dele. - São confiáveis. – Afirma. 
- Me encontre no Hyochang Stadium, iremos buscar vocês. – Manda Hyunbi e aperta na tela para desligar a chamada. 
A sua expressão séria demonstram a sua preocupação, mas sabia que em seu interior ele está assustado, todos estamos, uma doença nova e longe de familiares, essas pessoas mortas por essa fatalidade, pareciam como os jogos que SeungHo criava e vendia. O caminho até o ponto de encontro é longo e silencioso, minha irmã e meu cunhado dormiam no banco traseiro, meus olhos algumas vezes fechavam sozinhos, cansados, mas não queria deixar Hyunbi acordado sozinho, estava preocupada com ele.
- Pode dormir se quiser. – Ele diz, nego com a cabeça de imediato.
- Serei sua copiloto. – Respondo. 
- Pequeno Guaxinim. – Hyunbi me chama pelo o apelido que colocou em mim, sua explicação é que assim como eu, a espécie também possui tato e faro aguçados, habilidade manual, ótima visão noturna e inteligência, habilidade particular no reconhecimento de objetos, aprendizado rápido, suas sociedades e comunidades, com relações complicadas, são bravos e muito confiantes. – Por favor, descanse. – Pede. – Precisarei do meu Guaxinim de confiança para dirigir no meu lugar depois. – Sugere. 
Me rendo e concordo após insistência carinhosa do mais velho, é difícil negar um pedido dele quando me chama pelo o apelido que ele me nomeou. Ele freia bruscamente, quase derrubando do banco minha irmã e meu cunhado, mas felizmente estavam usando cinto de segurança. Direciono o olhar para a estrada a nossa frente, o Hyochang Stadium está em chamas, algumas pessoas com seus corpos em chamas corriam para fora do estádio, enquanto outras tinham seus corpos atacados e mordidos no chão por infectados pela a doença desconhecida. Meus olhos se enchem de lágrimas com o horror a nossa frente. Um grupo de pessoas fardadas se aproximam e começam a atirar nas pessoas que corriam tentando se salvar dos doentes e das chamas, era como se quisessem que eles fossem mortos. Nos agachamos nos bancos e trancamos as portas do carro para evitar que eles tentassem entrar, Hyunbi rapidamente tenta ligar para o irmão, mas não havia sinal.
- SeungHo é esperto e viciado em jogos, ele deve estar com o rádio comunicador de emergência, tenta chamar por lá. – Sugiro nervosa. 
Sem poder nos movimentar livremente pelo o carro, estico o braço para o porta luvas e pego o rádio, entregando para Hyunbi que liga o aparelho procurando um canal de comunicação, tentando falar com o irmão. O sinal parecia estar com interferência. Seguro em sua mão e faço carinho para incentivar que mande a mensagem com esperança que o mais novo escute de algum lugar seguro.
- "SEUNGHO! RESPONDA! SEUNGHO! NÃO VÃO PARA A ZONA DE SOBREVIENTES! REPITO, NÃO VÁ PARA A ZONA DE SOBREVIVENTES! O ESTÁDIO CAIU, VOU ENTRAR EM CONTATO PARA TE BUSCAR, FIQUE VIVO". - Ele grava a mensagem, torcendo assim como eu, que de algum modo o seu irmão possa receber e estar seguro.

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