Humanos

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Eunyu

Encarava fixamente a mão de Jinyoung unida com a minha, não estava acostumada a ter alguém segurando a minha mão, mas conhecia o sentimento de não tê-lo segurando a minha mão.
- SeungHo!. - Hyunbi gritou com o carro parado.
Desvio o olhar para o lado de fora e vejo um infectado mordendo o pulso de SeungHo, Jinyoung rapidamente soltou a minha mão e desceu do carro, ele retirou a sua arma do bolso traseiro da calça e disparou um tiro certeiro na cabeça do doente. Seri endireitou a sua postura e retirou o seu cinto da calça, ela usou a peça para envolver o antebraço de SeungHo que gritava de dor, ela aperta afivelando o cinto para que tranque a circulação do braço do cunhado. Abro a bolsa que Jinyoung havia trazido que SeungHo entregou mais cedo, pego o facão e o Kit de primeiros socorros e desço do carro, caminhando até Seri.
- Aqui. - Falo e entrego a bolsa para ela. - Você é médica certo?. - Pergunto. - Minha irmã também é. - Digo ao observar as mãos ágeis da mulher.
- Sou. - Seri responde disfarçando um leve sorriso. - Por favor, deitem ele. - Ela pediu e retirou a carteira de seu bolso, colocando na boca de SeungHo para que use para abafar os gritos.
Sem perder tempo, ela desinfectou suas mãos e pôs luvas de silicone e desinfectou o facão com álcool e usou uma gaze para secar de uma forma ágil e rápida, Hyunbi segurou o ombro do irmão e sua mão enquanto a esposa ergueu o facão, cortando o antebraço de SeungHo que gritava com a carteira na boca.
- Gazes!. - Ela pediu e entrego todas as gazes que haviam dentro do kit de primeiros socorros, ajudando ela a pressionar o ferimento.
- Vamos precisar erguer ele com cuidado e levar rapidamente para um lugar limpo, precisamos tratar da amputação com segurança. - Seri diz. - Por favor, cuidado!. - Ela pediu quando Hyunbi envolveu o tronco de seu irmão em seus braços e Jinyoung segurou em suas pernas, erguendo ele do chão, Seri ajudava a segurar a gaze pressionada no cotovelo do ferido. Caminho até o carro e abro as portas para que coloquem SeungHo sentado no banco passageiro.
Dra. Seri sentou ao lado de seu paciente, me sento ao lado dela e Jinyoung ao lado do Hyunbi sentado no banco do motorista.
- Segurem-se. - O soldado diz firme e liga o carro, logo acelerando para chegarmos o mais rápido possível.
Chegamos rapidamente na casa de meu pai e logo descendo em frente ao portão, bato com a palma da mão no cercado de telha.
- ABRE! ABRE LOGO! PRECISAMOS ENTRAR! O SEUNGHO ESTÁ FERIDO!. - Grito alto.
Soobin logo abriu o portão e Hyunbi acelerou adentrando no lado de dentro do cercado, fecho o portão enquanto Hyunbi e Jinyoung carregavam SeungHo nos braços, Seri pressionava a gaze no machucado do rapaz, todos de dentro da casa se aproximam do ferido inclusive minha irmã Areum e seu namorado Euntak que prontamente se propuseram a ajudar.
- Eunyu, o quê houve?. - Jennie parou ao meu lado confusa e assustada com tudo acontecendo.
- Ele foi mordido ajudando a cunhada médica. - Respondo. - Ela fez a amputação de emergência pra evitar que algo se espalhasse pela a corrente sanguínea. - Explico.
Chae Soobin chorava desesperadamente por ver o homem por quem se apaixonou secretamente, secreto para ele, tão ferido.
- Eu não devia tê-lo levado, é minha culpa. - Lamento brava comigo mesma.
- Não, não se culpe, ele foi mordido e isso poderia ter acontecido com qualquer um, inclusive com Jinyoung. - Jennie tentava me consolar, mas não aliviaria minha culpa. - Ei, eu te conheço. - Minha irmã mais nova segura em meu queixo, virando meu rosto para si. - Não é sua culpa, não foi você que mordeu ele. - Ela afirma.
Minha irmã mais velha Areum se aproxima ao sair de dentro da casa, ela está apreensiva para o meu desespero e culpa, principalmente por nada tirar o seu sorriso do rosto que dessa vez fez falta.
- Seri está cuidando dele. - Ela começa. - Ela vê bastante disto na base militar, está confiante sobre a amputação, o que preocupa é falta de remédios necessários e logo a comida de todos. - Areum diz forçando um sorriso no rosto. - Vamos precisar ir buscar. - Ela conclui.
- Eu busco. - Me ofereço.
- Eu vou também. - Jinyoung diz ao sair de dentro da casa, provavelmente ele não escutou para onde, apenas se prontificou para não me deixar sozinha.
- Eu também. - Jongin se oferece para a preocupação de Jennie.
- Vão precisar de alguém que conheça os remédios necessários e tudo que será preciso da área, então, eu vou. - Euntak conclui a explicação, Areum o encarava com uma expressão de discordância mas não recusa.
- Woo Tak, você fica para vigiar a cerca ok?. - Peço ao bombeiro que assente, precisaríamos de pessoas ágeis para cuidar do local caso os doentes retornem.
Minha irmã Areum preparou uma lista com cuidados básicos como muitas faixas, gazes, soro, sabão neutro, antibióticos e remédios para dor, a preferência é pegar todos os pedidos em grande quantidade para todos caso necessário, além de cuidados básicos de higiene como escovas de dentes, pastas, papéis higiênicos, absorventes, shampoo e condicionador, sabonetes, ela é bastante cuidadosa com todos os detalhes.
- Sua irmã realmente pensou em tudo. - Jinyoung diz sentado ao meu lado no carro de Hyunbi, ele estava lendo a lista em minhas mãos que tinha a minha atenção.
- Areum vê além do que nós podemos. - Euntak comentou no banco da frente ao lado do motorista.
- Ela tem sorte de não ver você agora sendo clichê. - Jongin zombou focado na direção.
- Minha mãe gostaria de vocês. - Digo para os meus dois futuros cunhados discutindo nos bancos da frente.
- E de mim?. - Jinyoung questiona ao meu lado.
- Não sei se te considero um pretendente. - Brinco com ele que aparentemente levou a sério. - Ela já te conhecia seu bobo, ela gostava de você. - Conto.
Jongin diminuiu a velocidade do carro quando nos aproximamos de um posto de combustível, havia um pequeno mercado e farmácia, provavelmente os dois estabelecimentos foram colocados pelo os demais pontos de vendas de alimentos e farmacêuticos serem distantes das casas. Não recordava de nada daquele lugar, sempre ficávamos apenas no gramado do lado de dentro da cerca, minha mãe que explorava do lado de fora. A primeira vista não havia nenhum doente, mas poderia ter no interior dos estabelecimentos.
- Eu e meu irmão vamos na farmácia pegar o que Areum pediu, vocês no mercado, pode ser?. - Euntak perguntou e assenti em concordância, entregando a lista que minha irmã prescreveu.
Descemos do veículo e seguimos para pontos de busca diferentes em duplas, caminho com Jinyoung até o mercado em alerta, retiro a faca do bolso lateral de minha calça e o meu colega ergueu sua arma endireitando a sua postura de defesa, caminhamos com passos sutis com cautela até a porta de vidro da entrada do mercado, logo que abro um pequeno sino preso sobre a porta toca anunciando a nossa chegada.
- Merda... - Murmuro.
Felizmente, nenhum doente apareceu dentro da loja, vantagens de estar em uma zona rural que há poucos habitantes. Adentramos o mercado em alerta por segurança, caminho até a área esportiva e pego duas bolsas, entrego uma para Jinyoung e fico com a outra, logo começamos a encher as bolsas com produtos enlatados e alimentos imperecíveis, sigo até a área de doce e encho com barras de chocolates e balas, minha irmã mais nova é viciada em guloseimas. Escuto um barulho de refrigerante estourando e corro até a área de refrigeração, vejo o Jinyoung com a roupa molhada após derrubar um refrigerante.
- Você é terrível para filmes de terror. - Zombo.
- EUNYU!. - Jinyoung gritou e arremessou o refrigerante na minha direção, me agacho e escuto o som da batida da bebida atingindo um doente que cai atrás de mim.
- Você quer me acertar?!. - Questiono apanhando a mochila e meu colega faz o mesmo.
Corremos para o lado de fora do mercado, solto a bolsa no chão e retorno para dentro do mercado procurando uma vassoura na área da limpeza, o doente corria atrás de mim. Seguro no cabo da vassoura e me viro batendo com o cabo no rosto do doente, corro o mesmo percurso até a porta, Jinyoung fecha a porta e passo o cabo da vassoura pela a alça da porta, usando como bloqueio para mantê-la fechada, impedindo o doente de sair.
- Você não pensa na sua segurança mesmo. - Jinyoung resmunga irritado, ele apanha as duas bolsas e caminha em direção ao carro com a expressão de bravo.
- Tsc... que hipócrita. - Murmuro.
Paft-crash! Ecoa o som alto de vidros quebrando na farmácia, logo Euntak e Jongin corriam com cestos cheios de remédios e produtos de higiene pessoal que balançavam quase caindo dos cestos com a correria dos dois, estranhamente uma mulher infectada que utilizava um jaleco desabotoado sem nada por baixo, completamente nua perseguindo ambos.
- LIGA O CARRO!. - Os dois gritam em sincronia.
- Porque tem uma mulher nua perseguindo vocês?. - Pergunto confusa.
Acompanho os dois candidatos a cunhados até o carro, sento no banco passageiro ao lado do banco do motorista ocupado por um policial bravo, Euntak e Jongin adentram o carro em um pulo no banco passageiro traseiro, segurando os cestos de suas "compras" e fechando rapidamente as portas. A mulher corre até o capô do carro e bate contra o metal, empurrando seu corpo para cima do capô com os seus seios descobertos balançando a nossa frente.
- Porque ela está pelada?. - Jinyoung questiona confuso.
- Não olha!. - Esbravejo.
Jinyoung liga o carro, acionou o dispositivo na alavanca para evitar que a ré seja engatada por engano, segurou com firmeza na alavanca e puxa para trás dando a marcha ré com o veículo acelerando, ele faz o retorno com o carro, cambaleio para o lado por estar sem cinto e bato com o rosto no ombro direito dele, ele da partida e dirige para longe do posto de gasolina.
- Se machucou?. - Jinyoung pergunta sem conseguir ficar irritado por um longo período.
Assenti e me inclino no banco, virando meu rosto para o banco passageiro traseiro para questionar aqueles dois sobre o que aconteceu.
- O quê foi aquilo?. - Questiono direta.
- A gente estava pegando tudo que tinha na lista, mas encontramos ela amarrada com as roupas caídas no chão, só com o jaleco... - Jongin responde com um pesar na voz, teorizando oque aconteceu a ela em vida. - Não quis deixá-la daquele jeito, mas quando soltei as cordas, ela acordou e foi aquilo que vocês assistiram. - Ele conclui a explicação. Estou feliz por minha irmã ter alguém respeitoso ao seu lado.
Jinyoung pisa no freio bruscamente e põe o seu braço direito em frente ao meu peito para segurar meu corpo com o impacto. Encaro à frente e havia vários corpos de seres humanos caídos pelo o campo, agora faz sentido não encontrarmos nenhum vizinho, estão todos mortos. Desvio o olhar para alguns produtos que caíram do cesto da farmácia, apanho do chão as caixas e entregando para Jongin, mas algumas caixas em específico me chamaram a atenção.
- Camisinhas?. - Pergunto.
O riso de Jinyoung enquanto dirigia desviando dos corpos no seu caminho é audível para os meninos que ficam corados imediatamente. Encaro sério os dois pretendentes das minhas irmãs que pegaram várias caixas de camisinhas, pego uma caixa para mim e entrego as outras para os dois que começam a rir com a situação.
- Ainda somos humanos. - Digo dando de ombros.
Ajeito a minha postura no banco de um modo confortável pois o retorno seria estressante.
- Quem são aqueles?. - Jongin questiona olhando para o lado de fora do carro.
- São militares. - Jinyoung responde ao estacionar em frente ao cercado de meu pai. O estresse seria maior do que pensei.

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