Hyunbi
- Hyochang Stadium caiu! O que faremos agora?. - Seri questionava alterando o seu tom de voz de calmo e paciente para histérico. - E são soldados! Ou deveriam ser!. - Ela falava as palavras tão rápidas que quase poderiam ser consideradas um trava-línguas.
Me inclino abaixo do banco e seguro o seu rosto entre as minhas mãos, obrigando que ela me fite nos olhos, acaricio suas bochechas com meus polegares.
- Preciso que fique calma ou não vamos conseguir sair daqui. - Digo calmamente para transmitir tranquilidade para ela. - Vocês ficarão agachados enquanto eu vou subir para sentar no banco do motorista, vou dirigir para longe daqui, mas você precisa ficar bem abaixada ok?. - Explico paciente, ela assente em concordância com o meu pedido.
Respiro fundo e endireito minha postura, subindo para o banco do motorista cautelosamente para que os soldados do lado de fora não percebam movimentos do lado de dentro do veículo. Sento no banco do motorista, coloco o cinto de segurança e ligo o carro, aciono o dispositivo na alavanca para evitar que a ré seja engatada por engano. Seguro com firmeza na alavanca e engulo seco, puxando para trás a alavanca dando a marcha ré, no exato momento que o carro começa a se movimentar para trás os soldados começam a disparar tiros em direção ao veículo, seguro no guidão do carro e giro no anti-horário fazendo o veículo girar, forçando o retorno do caminho feito anteriormente e logo acelerando, dirigindo para longe enquanto desvio dos tiros.
- Querido, você está bem?. - Seri pergunta logo erguendo-se abaixo do banco passageiro, sentando em seguida no lugar e finalizando colocando o cinto de segurança.
- Estou bem. - Respondo um pouco ríspido.
- Cunhado!. - Dra. Sun gritou em alarde apontando com o dedo indicador para o lado esquerdo da janela, um carro vindo em nossa direção.
Não tenho tempo de reagir para desviar do carro vindo em nossa direção, ele bate contra a lateral esquerda do nosso carro onde Wang Yeo está sentado, arremessando a Hummer para metros de distância, capotando de cabeça para baixo com o impacto da batida. Sentia o sangue escorrer pela a minha testa, meu corpo dolorido mas não poderia sentir dores agora, aperto a trava do cinto de segurança e me solto, caindo no chão me fazendo gemer de dor. Me inclino até o banco do passageiro ao meu lado, Seri está inconsciente, seguro em seu rosto e acaricio com o polegar direito.
- Meu amor, acorde. - Peço.
Resmungo um pouco de dor e envolvo com o braço direito ao redor de sua cintura, utilizo a mão esquerda para apertar a trava de segurança de seu cinto, ela cai em meus braços. Viro-me para o banco passageiro traseiro e percebo que Wang Yeo está acordado e soltando a sua namorada, Dra. Sun.
- Você está bem?. - Pergunto ao soldado.
- Tanto quanto você. - Ele responde.
O cheiro de gasolina começa a invadir o pequeno espaço que restou na Hummer, trazendo a suspeita de um possível vazamento ocasionado pela a batida de segundos atrás.
- Precisamos tirá-las daqui agora. - Digo preocupado.
Observo o interior danificado do veículo para descobrir uma forma de sair, deito as minhas costas no chão/teto do carro e utilizo as pernas, uno as duas e empurro com força, batendo com os pés repetidamente na porta até abrir, Wang Yeo fazia o mesmo atrás no banco passageiro, logo alguns doentes começam a se aproximar com o barulho da nossa fuga.
- Precisamos ser mais rápidos. - Digo e seguro a Seri em meus braços, começo a sair de joelhos de dentro da Hummer, trazendo comigo a minha namorada.
- Hyunbi. - Wang Yeo chamou. Ele encarava o motorista do outro carro que nos acertou, In Guk infectado.
- Sinto muito. - Lamento, todos na base tinham conhecimento da amizade de anos de ambos.
- Precisamos ir. - Ele responde desviando do assunto.
- Ai minha cabeça... - Seri murmura ao despertar. - O quê aconteceu?. - Ela pergunta.
Me aproximo dela e ponho a mão direita em sua nuca, trazendo seu rosto de encontro ao meu peito, acaricio o seu cabelo evitando que ela veja In Guk que foi seu colega próximo, agora infectado.
- O quê foi?. - Ela pergunta desconfiada e preocupada pela a minha atitude.
- Precisamos ir. - Digo ajudando ela a se levantar, mas sem que eu perceba, Seri se desvencilha de meus braços e vira-se para trás, encarando o carro que nos acertou com o seu antigo colega no banco do motorista.
- Temos que ajudá-lo. - Seri diz e caminha em direção ao veículo.
- Seri, é tarde. - Digo caminhando atrás dela, seguro em sua mão direita, mas ela puxa de volta para si.
A médica segura na maçaneta da porta do carro, tentando forçar para abrir a porta do veículo para retirar o seu colega que começa a bater com a testa com força no vidro para tentar quebrar e logo, atacá-la.
- Eu vou ajudá-lo. - Ela afirma em voz alta para si mesma, Seri consegue abrir a porta, tomo a iniciativa e empurro a porta de volta para fechar.
- Seri, é tarde! Ele está morto!. - Falo firme em voz alta.
- Seri, precisamos ir... - Pede Dra. Sun com dificuldade, não havia percebido quando ela acordou após o acidente. Ela mantinha uma mão em sua barriga, acariciando no local.
Grunhidos como de mais cedo começam a se aproximar, os sons altos os atraíam aparentemente. Desvio o olhar para Seri que em silêncio caminha até a irmã, prefiro que fique brava comigo e segura, do que esteja em perigo. Seguimos caminhando os quatro para a direção oposta do Hyochang Stadium como estávamos antes da batida de carro, não sabíamos para onde seguir ou até quanto caminhar, apenas seguíamos sem rumo até avistar uma escola, uma grande placa nas cores laranja pastel com bege com o título "laposinya eolin-i haggyo" a Escola Infantil Raposinha, direciono o olhar para Seri, preocupado pois com certeza teria algumas crianças infectadas e seria impactante para todos, mas principalmente para ela após nossa recente perda.
- Precisamos ver se as crianças precisam de ajuda. - Seri diz e logo corre até a escola infantil.
- Sun, fique aqui. - Wang Yeo pediu para a namorada que surpreendente atendeu o seu pedido no primeiro apelo.
- Fique aqui com ela, eu vou buscar a Seri. - Digo seguindo a minha garota protetora.
O pátio da escola é cheio de brinquedos com designer de raposa, como o escorregador com uma boca em formato do animal que é um pouco assustador, o portão está aberto pois provavelmente algum funcionário não fechou o portão na hora da fuga. O silêncio é presente em cada espaço da local, apenas audível o som de passos de Seri pelo o corredor, ela adentrava a cada sala de aula procurando por crianças que precisassem de ajuda, acompanho atrás dela tentando manter o seu ritmo de passos apressados, ela para em frente a uma porta com o título "Filhotes".
- Encontrou algo?. - Pergunto me posicionando ao seu lado.
Desvio o olhar para o interior da sala coberto de sangue, as paredes estavam cheias de respingos de sangue e marcas de mãos que indicava ter existido uma luta naquele local, alguns berços estavam caídos no chão com os bebês faltando membros de seus corpos na tapete, sem vida.
- Meu amor, não olhe. - Peço. Viro-me e ponho a mão sobre os seus olhos para cobrir a sua visão.
- Não, não, não... o que está acontecendo?. - Seri murmurava enquanto chora com o rosto em meu peito.
- Eu também gostaria de saber. - Confesso com dor no peito encarando aquele cenário de terror a nossa frente.
Um grunhido próximo a nós chama a atenção, viro sutilmente o rosto para trás e percebo que havia uma criança infectada atrás de nós, uma menina com fios loiros vestindo um pijama cor de rosa agora coberto de sangue.
- Droga... - Murmuro e empurro Seri para o lado para protegê-la, a criança corre na minha direção.
Bato de costas no chão com a criança sobre mim, seguro em seus dois pulsos, mantendo a garota longe que tentava desesperadamente morder cada parte do meu corpo que sua boca conseguisse chegar perto, a força dela é impressionante para alguém do seu tamanho, a fome e a raiva pode tê-lá deixado mais forte. A criança é arremessada para ao lado após ser acertada por uma pancada, logo vejo Seri segurando uma boneca em suas mãos que após o golpe solta o objeto. Levanto e seguro em sua mão direita, puxando ela para fora da sala e fecho a porta atrás de nós.
- Vamos, precisar correr. - Digo ao perceber outras crianças infectadas se aproximando no corredor. - No três: Um, dois... TRÊS!. - Grito e a puxo pela a mão soltando a maçaneta da porta.
Corremos pelo o corredor sendo perseguidos por crianças doentes que corriam com fome, fecho o portão quando saímos de dentro da escola e felizmente o cadeado está pendurado na barra de ferro, tranco o cadeado e me afasto da grade, sinto os braços desesperados de Seri envolverem a minha cintura, podia sentir seu batimento cardíaco acelerado através de seu peito pressionado sobre o meu.
- Você está bem?. - Pergunto preocupado enquanto acaricio os fios de seu cabelo.
- Vocês estão bem?. - Dra. Sun pergunta ao correr até nos preocupada e o seu namorado faz o mesmo atrás dela.
- Sun, tem que tomar cuidado... por vocês dois. - Wang Yeo pede.
- Por dois?. - Seri pergunta surpresa encarando a irmã. - Você está grávida?. - Ela pergunta preocupada pela a segurança da irmã e do bebê em um cenário preocupante que estamos vivendo, ou tentando.
- Estou, não queria contar dessa forma... - Sun responde timidamente.
- Precisamos tirar você daqui. - Digo para minha cunhada. - In Guk. - Recordo. - Vocês viram ele na floresta, certo? Ele queria ir para um lugar específico?. - Pergunto.
- Na verdade, ele mencionou que há um boato de um lugar seguro onde estão estudando vacinas. - Dra. Sun recorda. - Podemos ir. - Sugere.
- Precisamos reencontrar, SeungHo. - Seri responde a minha frente. - Mas vocês vão, nos encontramos depois. - Ela afirma convicta para a irmã não se abalar.
A tarde começa a se aproximar com o sol se pondo, uma ótima oportunidade para seguirmos caminhando um pouco mais tranquilos entre as ruas com doentes espalhados, paro em frente a uma casa em que a garagem está aberta, havia dois carros, um esportivo preto e um genesis prata, eu e Wang Yeo parecemos compartilhar da mesma ideia, ambos nos aproximamos dos carros, nos dois portas luvas haviam fitas isolante que provavelmente alguém tentou fazer uma ligação direta que nitidamente falhou. Retiro uma faca do meu bolso lateral de minha calça e comecei a descascar dois centímetros e meio dos fios da bateria e logo os torço juntos, enrolo os fios juntos com fita isolante cuidando para que não encostem nas partes metálicas do carro, todavia começou a gerar energia para o genesis que rapidamente ligou.
- Conseguiu, soldado?. - Pergunto e sou respondido com o soldado dando partida no carro esportivo. - Ótimo. - Digo.
Seri se despediu com tristeza no olhar mas um sorriso em seu rosto para sua irmã seguir confiante para um lugar seguro, todavia, termos uma esperança de cura para essa doença desconhecida. Entramos no nosso novo carro genesis, dou partida dirigindo até o Hummer, desço do veículo e pego o rádio de emergência caído no chão, ligo o aparelho eletrônico e procuro um canal que o sinal esteja estável.
- SeungHo, está ai?. - Pergunto.