Infortúnios

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Midorima e Hanabi já estavam juntos há dois meses. Esse também foi o tempo que passou após a confusão no corredor e, desde então, Hanabi não teve mais problemas, embora ainda encarasse olhares tortos a respeito de seu relacionamento e, principalmente, julgamentos sobre si mesma. Estava tão acostumada que não fazia a menor diferença.

No entanto, os avisos do horóscopo e da cartomante começaram a fazer sentido:

Tudo começou com o anúncio do baile. Hanabi estava animada, aguardando ansiosamente o convite de Midorima e passou a semana toda pensando no que vestir. Decidiu comprar um vestido novo, algo especial que a fizesse se sentir confiante e bonita. Pela primeira vez, foi à loja sozinha depois de fazer novas amigas. No entanto, ao chegar, a realidade começou a se impor.

Ela experimentou inúmeros vestidos, mas nenhum parecia se ajustar ao seu corpo. Os tamanhos disponíveis não condiziam com suas curvas, e a frustração começou a tomar conta dela.

— Por que é tão difícil encontrar algo que me sirva? — pensava, sentindo a confiança diminuir a cada tentativa fracassada.

Finalmente, encontrou um vestido que parecia perfeito no cabide, mas, ao experimentá-lo, percebeu que também não se ajustava bem. Olhou-se no espelho, sentindo lágrimas ameaçarem cair.

No entanto, uma vendedora gentil se aproximou.

— Não desista, senhorita Shida. Vamos encontrar algo que a faça se sentir maravilhosa. Tenho certeza!

Com a ajuda da vendedora, Hanabi finalmente encontrou um vestido que se ajustava perfeitamente e a fazia se sentir confiante novamente. Saindo da loja, sentia-se mais leve e pronta para a festa.


...


Hanabi estava acostumada com olhares e comentários maldosos por causa de seu peso. No entanto, após uma semana tumultuada, um incidente recente a deixou especialmente abalada. Enquanto caminhava pelo parque em busca de inspiração para a próxima coluna astral de seu blog e jornal, um grupo de jovens começou a rir e fazer comentários cruéis sobre seu corpo.

— Olha só, parece que temos uma baleia fora d'água — zombou um deles, provocando risadas dos outros que entoaram palavras como "bolo fofo", "hipopótamo" etc.

Ela sentiu o rosto queimar de vergonha e raiva, percebendo que estavam filmando-a. A sociedade japonesa, com sua ênfase na magreza e na conformidade, frequentemente a fazia sentir-se como uma pária. Ela sabia que não deveria deixar aqueles comentários afetá-la, mas era difícil ignorar a crueldade.

Acelerou o passo, tentando afastar-se daquela situação desgostosa, mas as palavras continuaram a ecoar em sua mente.

Quando Shintaro soube do incidente no parque, ficou furioso. Ninguém tinha o direito de tratar Hanabi daquela maneira. Ela era a pessoa mais incrível que ele conhecia, e ele não suportava ver ninguém tentar diminuí-la.

— Quem eles pensam que são? — ele rosnou, apertando os punhos e decidiu acompanhá-la ao parque no dia seguinte. Enquanto caminhavam, ele manteve um olhar atento, pronto para confrontar qualquer um que ousasse dizer algo depreciativo.

Quando avistaram o grupo de jovens do dia anterior que havia filmado-a e estavam implicando com outra pessoa, Shintaro não hesitou. Caminhou até eles, encarando-os com uma expressão feroz.

— Vocês acham engraçado infernizar as pessoas? Que tal mostrar um pouco de respeito ou vou precisar ensinar pra vocês?

Os jovens ficaram surpresos pela intervenção, principalmente quando o reconheceram. Rapidamente, o esverdeado fez com que um deles derrubasse o aparelho e o esmagou com o pé. Depois, viram ele se aproximar da garota loira e a agarrar pela cintura. Sem mais palavras, ele a levou para longe, sentindo-se aliviado por ter deixado claro para todos que ela não estava sozinha.

Os momentos de infortúnios não pareciam ter fim, mas Hanabi estava tão ocupada lidando com tudo que não tinha tempo para os associar as previsões do horóscopo e a leitura da cartomante.



Foi o horóscopo quem me contou | Midorima +16Onde histórias criam vida. Descubra agora