Capítulo 1 🌻

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Acampamento Badump02/02/2014Han SiWoo Talvez seja meio clichê começar assim, mas o dia estava realmente radiante, e o sol que atravessava a janela do ônibus, tocando meu rosto, fazia meus olhos doerem um pouco; não era tão ruim e até achava reconf...

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Acampamento Badump
02/02/2014
Han SiWoo
Talvez seja meio clichê começar assim, mas o dia estava realmente radiante, e o sol que atravessava a janela do ônibus, tocando meu rosto, fazia meus olhos doerem um pouco; não era tão ruim e até achava reconfortante sentir a luz do sol em minha pele depois de um final de semana trancafiado...
Foram duas horas de viagem até chegarmos ao acampamento. Meio cansativo, mas eu havia prometido a mim mesmo que me permitiria esquecer tudo que ocorrera na noite anterior ao passeio para me concentrar unicamente em diversão.
Algo que não tinha há um certo tempo...
Quando o ônibus parou na entrada do acampamento, vozes empolgadas reverberaram por todo o veículo com grande felicidade em seu tom, e eu me permiti aproveitar aquele momento alegre com meus colegas.

Depois de organizar minhas coisas em meu quarto, fui arrastado pelos meus amigos para o campo. Eu estava realmente exausto e cheio de sono, já que mal havia dormido na noite anterior, tinha zero energia para jogar mas, om tanta insistência, acabei cedendo. Confesso que lembrei-me da minha promessa umas duzentas vezes para que não passasse o dia todo dormindo em um quarto de madeira completamente abafado.

Jogamos bastante, foi realmente legal e eu pude me divertir muito com meus colegas, mas tê-los como companhia se tornou incômodo quando nos sentamos para descansar e o assunto da primeira conversa era, nada surpreendente: garotas.
Não que eu odiasse o tópico, o problema estava na forma como falavam...
Fiquei me perguntando como alunos do ensino médio podiam ter uma mentalidade infantil como aquela, meu estômago revirava toda vez que eles expressaram seus "elogios", a ponto de não conseguir participar da conversa até o final.

Me animei quando a hora do almoço finalmente chegou. Estava com tanta fome que já começara a ver meus companheiros de jogo como frangos assados saltitantes, correndo de um lado para o outro em um campo verde enquanto chutavam uma batata-assada. Talvez a fome e a pouca água que bebi durante os intervalos acabaram me fazendo delirar.
Todos os alunos se reuniram na gigante e espaçosa tenda azul, onde seria servido o almoço; o sol se rendeu e uma tarde fresca se iniciou, vez ou outra um vento refrescante e calmo passava pela tenda, nos cumprimentando brevemente.

Estava tudo tão calmo e...estranhamente mais silencioso que o comum.
A viagem até o acampamento também havia sido, talvez porque o Hwang-babaca agraciou a todos com a sua falta... Mas não. Não era isso.
Olhei ao meu redor, procurando um rosto específico no meio de tantos outros, foi quando me dei conta de que Im Nami não estava ali. Estranhamente só a vi uma vez hoje, e foi quando estávamos em fila para subir no ônibus que nos traria até o acampamento...
Avisei a professora no mesmo instante sobre a falta da garota, mas me arrependi; devia ter ficado quieto se seria eu a procurá-la.

O primeiro lugar que pensei em ir foi o lago, havia um trieiro na floresta que levava até ele; foi um longo caminho até chegar, o cansaço e a fome se uniram para brincar de ciranda-cirandinha em meu estômago e eu já estava a um passo de enlouquecer.
Quando finalmente encontrei o maldito lago, foi como se tivesse atravessado o deserto todo em um único dia. Levantei os braços para cima e agradeci aos céus por chegar vivo ao meu Oásis; os humilhados foram menos humilhados.

Percorri os olhos pelo lugar, e não demorou muito para que eu avistasse Nami deitada em um banco de madeira à beira do lago; os braços cruzados apoiando a parte de trás de sua cabeça, fones em seus ouvidos que pareciam introduzi-la em um sono ainda mais profundo e tranquilo.
Curioso, me aproximei calmamente sem fazer barulho, abaixando-me próximo da garota. Retirei com cuidado um de seus fones para escutar o que tocava, suspirando aliviado quando a dona dos próprios não acordara; me surpreendi com a música melodiosa e tranquila, como das animações da Disney...Cinderela?
Não sei ao certo.
Mas é incrível! Não a música.
É que o mal humor de Nami sempre me fez pensar que seu estilo musical se parecesse mais com rock ou coisas nesse estilo...barulhentas.
Mas parece que é totalmente o contrário.
Aparentemente toda essa carranca que ela carrega consigo é só...como posso dizer? Uma forma de manter os outros longe?

Não consegui evitar de sorrir.
Fiquei observando a garota por um tempo com o pequeno fone bluetooth em meu ouvido, esquecendo que deveria acordá-la para almoçar; o sorriso tranquilo que ela lançava ao céu me impediu. Nami parecia tão em paz que um sentimento de inveja tomou conta de mim por um momento, jamais vira minha rival tão calma e relaxada daquela forma; por algum motivo, me perguntava porque ela nunca me dera um sorriso como aquele... e antes que percebesse minha mão já estava a caminho de seu rosto para retirar uma mecha atrevida de seu cabelo que caíra sobre sua testa, parecia incomodar já que vez ou outra suas sobrancelhas se apertavam e ela fazia um biquinho irritado... meu corpo hesitou por não conseguir se decidir se queria ver mais de seu sorriso ou aquela expressão manhosa, ambos eram totalmente novas para mim.

Aquela foi a primeira vez que sorri ao olhar para Nami, quer dizer... Não exatamente a primeira vez que sorri para ela, mas...aquele era um sorriso novo; não de deboche, provocativo ou sarcástico, mas... afetuoso. E meu corpo fraquejou ao notar o descompasso repentino em meu coração.
Não quis aceitar a princípio, afinal: como eu poderia ter me apaixonado pela pessoa que tanto competi durante dois anos?!
Claro, não vou negar que, durante as férias, minha mente vez ou outra lembrava-se de Nami e nossos momentos de rivalidade, mas era só isso. Talvez, pelo tempo que fiquei sem vê-la, eu tenha ficado entediado e sentido falta da agitação e correria do dia a dia, Ainda mais por conta dos acontecimentos das últimas semanas...
Tentei negar o máximo que pude, mas foi inútil quando as palavras daquela pessoa ressoaram em minha mente:

"Se um dia encontrar alguém que faça você sentir mil e uma espécies diferentes de
borboletas no estômago, abrace e se permita sentir esse novo e desconhecido sentimento. Não negue, jamais. Esse é o último e o mais importante ensinamento que deixarei para você, então não esqueça."

Essas palavras me fizeram levantar corajosamente. Me virei e abaixei-me à beira do lago, enchendo as mãos com um pouco de água; voltei até Nami, que continuava a dormir calmamente e, depois de admirá-la mais uma vez, separei as mãos acima de sua testa, deixando que a água em minhas mãos caísse e molhasse seu rosto.
Ri ao vê-la acordar de supetão, assustada tentando entender o que estava acontecendo.

Merda!
Escutei-a proferir enquanto eu balançava as mãos, tentando secá-las com o vento.
Quando Nami ficava brava, ela sempre gritava isso. Descobri o que significava quando a garota revelou, em uma apresentação escolar, que era metade brasileira.
Fiquei surpreso porque achei que Im Nami não era do tipo que xingava, mas não vou mentir que gostei de descobrir um palavrão em outro idioma; lembro-me de ter praticado a pronúncia diversas vezes antes de começar a usar.

— Qual seu problema, Han SiWoo?! — Esbravejou com incredulidade, seus olhos apertados em raiva me fizeram querer rir, mas me segurei.

Respirei fundo, engolindo a risada que poderia estragar aquele momento importante para mim; estava prestes a dar um passo que jamais dera até este momento.
Apreciei Nami e sua expressão irritada por alguns minutos e, usando o semblante mais descarado e sonso de todos - que eu amava -, disse:

— O que faremos agora, Im Nami? Parece que, sem querer, me apaixonei por você.

Já tive diversos outros diários, mas esse, amarelo com nuvens e estrelas brancas espalhadas por sua capa, será o único que escreverei sobre amor...meu primeiro amor, Im Nami.

meu primeiro amor, Im Nami

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Faíscas Espectrais - Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora