Im Nami
Seus olhos fitaram os meus com seriedade, e eu não hesitei em fazer o mesmo. As paredes da sala pareciam chegar mais perto de nós, tornando o contato visual ainda mais inevitável, mas proibi meu coração de acelerar e a ansiedade de percorrer meu corpo, porque eu queria parecer confiante ali.
Ergui o queixo, cruzando os braços em seguida, me preparando para perguntar o motivo de a estar vendo,mais uma vez, tão cedo.- Você quer que eu vá embora? - Ela se pronunciou, e foi como se todas as quatro paredes da sala de representantes voltassem para seus devidos lugares no mesmo instante, somente pelo som de sua voz.
Estava prestes a responder, mas minha consciência me impediu, me alertando a pensar bem...uma parte minha ainda queria esquecer tudo e abraçá-la, ser abraçada; ter, pela primeira vez na vida, uma mãe...alguém em quem eu poderia encontrar conforto e paz, me sentar para comer enquanto conto sobre meu dia...assim como alguns dias atrás,quando Karla serviu um jantar maravilhoso feito pela mesma, e nós nos sentamos para comer juntas...é isso que eu quero.
Mas uma outra parte minha, uma mais ignorante e rancorosa, desejava que ela se arrependesse olhando infinitamente para o passado todos os dias, que seu coração queimasse de tristeza por ter abandonado sua família...e é essa parte que estou seguindo ultimamente.Estava pronta para responder quando Karla foi mais rápida:
- Eu vejo que minha presença é algo que não te agrada. Mas eu não queria simplesmente ir embora, como sempre...- A última parte soara como um sussurro doloroso para ela, e eu engoli em seco pelas verdades que ela dissera.
Já é mais do que perceptível que Karla reconhece o que sua ausência causara em mim, e eu considerava isso uma prova de que ela realmente estava sendo sincera, sincera ao voltar, morar comigo, fazer um belo jantar e dizer de forma confiante que quer contar aos quatro cantos do mundo que sou sua filha... minha mente reconhecia, mas meu coração machucado por suas promessas quebradas ainda se mantinha refém do ódio, não disposto a ceder, a esquecer.
A mulher tomara um tempo para respirar e conter as lágrimas que estavam a caminho, e eu apertei os punhos para impedir que as minhas sequer fizessem meus olhos brilharem.- Se me disser para ir, então eu vou terminar tudo o que tenho aqui na Coreia e partir. Mas, se me deixar ficar...eu prometo fazer o que nunca fiz por você. - Seus globos escuros, iguais os meus, brilharam em uma esperança que eu tive medo de pisar sobre.
Realmente sinto sinceridade em sua vontade de ficar, de tentar... mas aquela parte rancorosa, que fora ferida diversas vezes, decepcionada e abandonada durante todos os anos até chegar nesse momento, ela gritava me mandando não me importar; por que eu deveria? Ela se importou comigo ao não aparecer em nenhuma das minhas apresentações na escola? Quando não guardara um mísero presente meu feito a mão com tanto carinho? Não. Por dezoito anos ela não se importara, então por que eu deveria?
Mesmo depois de tanta dor que ela me causara, por que minha consciência continua me dizendo que eu deveria dar uma chance a ela?
Respirei fundo, suspirando calmamente em seguida, fechando os olhos e apertando os lábios com raiva das palavras que diria, as lágrimas finalmente me alcançando.
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Faíscas Espectrais - Livro 1
EspiritualO que você faria se recebesse a notícia que seu maior rival da escola cometeu suicídio? Pior: o que faria se o mesmo aparecesse em sua casa no meio da madrugada...como um fantasma?. Essa é a história de Im Nami e Han SiWoo, dois jovens que tiver...