O que você faria se recebesse a notícia que seu maior rival da escola cometeu suicídio?
Pior: o que faria se o mesmo aparecesse em sua casa no meio da madrugada...como um fantasma?.
Essa é a história de Im Nami e Han SiWoo, dois jovens que tiver...
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Im Nami
Han estava a somente centímetros de mim…estávamos em silêncio há um bom tempo porque conversar seria mais doloroso, então achamos que o melhor seria deitarmos para compartilhar um momento silencioso. Confesso que olhá-lo tão de perto me causava um certo nervosismo, porque agora eu não o enxergava mais como meu rival irritante, mas como o garoto por quem eu estava apaixonada. Foi um dia cansativo, mas mesmo assim eu não queria fechar os olhos e dormir sozinha, porque temia que,na manhã do próximo dia, Han não estivesse mais aqui. Passar a noite toda acordada olhando para ele não faria com que SiWoo ficasse, não sabíamos quando mas tínhamos certeza de que em breve ele descansaria em paz…e eu não me sentia preparada para esse momento, para dizer adeus;sempre odiei despedidas, e essa seria uma das mais dolorosas de todas.
A mão de Han caminhou lentamente até meu rosto, passando uma mecha de meu cabelo para trás da minha orelha; seu olhar era desconcertante, SiWoo me olhava como se eu fosse tão preciosa quanto um baú cheio de jóias e dinheiro, e isso era um pouco estranho…ainda não conseguia entender como Han se apegou a mim de tal forma, mas eu aceitava e compreendia que seus sentimentos sempre foram verdadeiros…desde o primeiro sinal de que ele se apaixonara.
— Como foi a conversa com a sua mãe? — perguntou, quebrando o silêncio que já durava um bom tempo.
Ainda não tínhamos falado sobre aquilo…depois do que Han me disse, eu realmente tentei, pela primeira vez, conversar de forma pacífica com a minha mãe, e felizmente funcionou. Sorri, contente.
— Correu tudo bem. Eu pedi desculpas a ela pelo que havia dito, e ela também se desculpou — Han pareceu feliz em saber. — Nós estamos planejando viajar juntas, talvez isso nos ajude a melhorar nossa relação.
— É mesmo? E para onde querem ir?
— Brasil. Mesmo sendo filha de uma brasileira, eu nasci e cresci nos Estados Unidos, e me mudei para a Coreia uns anos depois — Realmente…tudo que eu sabia sobre o Brasil eram os xingamentos, que eu só aprendi como uma forma de ofender pessoas que me irritavam sem que elas soubessem o que eu dizia. — Então nunca tive a oportunidade de conhecer o país de origem da minha mãe.
— É bem longe daqui…— murmurou, talvez pensando em voz alta, divagando. — Vai ser legal conhecer mais sobre a cultura brasileira. — Sorriu, e eu soube que ele estava se esforçando para fazer suas palavras soarem positivas.
Tanto eu quanto Han sabíamos desde o início qual seria o fim de tudo isso, mas agora que estamos tão perto do ponto final…parece mais difícil. Os sentimentos em nossos corações são a causa disso, não queríamos dizer adeus, mas não havia nada que pudéssemos fazer. Han precisava ir, isso é um fato, e eu só podia desejar que ele não sumisse ao nascer do sol de amanhã.
— Han…— chamei, e ele me olhou atento. — Por favor, não vá embora amanhã. Fique comigo por mais alguns dias.
Meu coração se abalou pelo que eu mesma disse, e senti aquela comoção de choro a caminho. Han também parecia abalado com meu pedido, seus olhos brilhavam por conta das lágrimas acumuladas em seus globos obsidiana, e ele apertava os lábios com força, impedindo que a tristeza transbordasse por seus olhos em forma de gotas. Mesmo que aquilo não estivesse sob seu controle, eu ainda queria pedir. Talvez passar mais tempo ao seu lado, aprofundando o que sinto, só dificultasse ainda mais a nossa despedida, mas uma parte minha queria ficar com Han um pouco mais.
Me pegando totalmente de surpresa, o garoto se esgueirou na cama para mais perto de mim, abraçando-me com toda sua força, como se aquilo fosse uma ótima forma de conter nossa vontade de desabar em lágrimas. A respiração forte de Han batia contra minha pele, e seus braços me apertavam cada vez mais, como se ele não quisesse que aquilo acabasse…e eu também não queria. Se eu pudesse fazer um desejo, pediria para que tivéssemos mais tempo…assim eu aproveitaria melhor cada segundo ao seu lado.
Após um grande suspiro, a voz rouca e baixa de Han alcançou meus ouvidos, me mantendo imóvel e totalmente atenta às suas palavras:
— Pela manhã, quando acordar e não me encontrar ao seu lado, não chore. Peço isso mesmo sabendo que você não vai seguir o que eu disse…— Ele riu leve, afastando o sentimento de melancolia que o momento ao qual estamos inseridos carrega; Han acariciava meus cabelos com delicadeza, enquanto continuava: — Sei que vai sentir minha falta, mas não se preocupe, estarei sempre ao seu lado, te acompanhando em cada momento da sua vida.
Ri, não acreditando em suas palavras. Afinal: — Como vai estar comigo? É impossível…
— Nada é impossível. Quem sabe? Eu posso ser o vento, a Lua, as rosas que crescem no seu jardim — Ele soltou uma risadinha, não conseguindo levar a sério o que queria dizer: — Provavelmente as ervas daninhas também.
Não contive a risada. Mesmo em um momento triste e desesperador como esse Han ainda conseguia me fazer rir…mas, em breve, eu nunca mais escutaria suas piadas, não veria seu sorriso lindo que faz meus batimentos cardíacos se perderem; em algum momento que eu não sabia, Han SiWoo não faria mais parte da minha vida, e tudo que restará serão as memórias do passado…que provavelmente irão me torturar por algum tempo até que me acostume com sua ausência.
— Nunca mais vou arrancá-las — disse, sentindo o sorriso em meu rosto suavizar. A tristeza me invadindo de novo.
— Tudo bem se arrancar, serei insistente e crescerei novamente. Assim como sempre fui com você. — Fez uma pausa, se afastando para olhar em meus olhos; respirou fundo antes de continuar:— Eu serei tudo ao seu redor, então quando sentir saudades é só olhar para a Lua, cuidar daquelas belas rosas, ou simplesmente sentir o vento contra seu rosto. Evite chorar por mim, porque eu nunca vou realmente te deixar.
Mentiroso. Foi o que quis dizer…mas não o faria. Mesmo sabendo que aquilo era só uma mentira bem contada, ainda era reconfortante pensar que Han estaria comigo, mesmo que não pudesse vê-lo; se ele fosse o vento, então eu pensaria que a brisa fresca passando por mim seria Han tocando meus cachos; se fosse a lua, eu diria que ele estava me acompanhando para se certificar que eu chegasse a qualquer lugar sã e salva…era um pouco ridículo, mas as pessoas gostam de acreditar em coisas bobas porque, de certa forma, é melhor e mais reconfortante do que a realidade. Talvez me faça bem acreditar que Han e eu nos encontraremos em uma próxima vida e em circunstâncias mais favoráveis; não haveria rivalidade entre nós, poderíamos nos apaixonar à primeira vista…nós nos casaríamos e teríamos um gato e um cachorro. Se uma outra vida assim existir para nós, eu espero que possamos ficar ao lado um do outro até que nossos cabelos estejam grisalhos. Torço para que sejamos dois velhinhos que moram em Jeju, balançando em cadeiras enquanto assistimos o sol se pôr no horizonte…admirando as ondas do mar chegarem até nós e, a poucos centímetros de nossos pés, recuarem. Mesmo que seja ridículo, vou fazer com que essas esperanças bobas sejam meu alicerce nos dias em que a saudade for mais intensa.
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