Depois que saiu do banheiro Joaquim correu para cozinha, procurando pelos amigos, mas, enquanto corriam para encher bandejas com canapés, suas tias o lembraram que Aluísio e Isadora estavam no bar da sala de eventos, servindo os convidados.
Joaquim saiu apressado, sem dizer nada mais, e foi pegar o elevador.
Assim que as portas se abriram ele saiu andando e parou um segundo antes de esbarrar em alguém.
— Ei — Felipe disse, cruzando os braços em frente ao corpo. — Tá tudo bem com você?
Joaquim arregalou os olhos, de repente parecia que Felipe era alto demais. E será que as sobrancelhas dele sempre estavam erguidas daquela forma, como se fosse um vilão de desenho animado?
Ai meu deus, Joaquim pensou, ele é realmente da máfia e eu arrumei briga com ele!
— Tudo ótimo — respondeu, forçando um sorriso. — Preciso ir!
Ele se meteu no meio dos convidados do coquetel, se apressando até chegar no bar. Ele deu a volta no balcão, parando entre Isadora e Aluísio que entregavam bebidas com gelo para algumas pessoas.
— Que correria é essa? — Isadora questionou, quando o bar ficou vazio.
— Aluísio estava certo...
E então ele contou rapidamente sobre o que havia acontecido quando foi com Felipe na adega.
— Você tá tirando... — Isadora começou a falar, mas se calou quando uma senhora se aproximou, querendo um whisky com gelo.
— Eu falei! — Aluísio afirmou, quando voltaram a ficar sozinhos. — Todos os sinais diziam isso!
— Ah, agora eu acredito — Joaquim murmurou. — Quase morrer em um tiroteio muda todas as suas percepções.
— E agora? — Isadora questionou. — Será que ele vai se vingar da sua petulância?
Joaquim se virou para a amiga, com os olhos arregalados.
— Quem é que fala petulância hoje em dia? — Aluísio brincou.
— Boa noite á todos — a voz se espalhou pelos alto-falantes.
Os três amigos se viraram, olhando para Felipe que estava na plataforma elevada do outro lado do salão, segurando o microfone próximo ao rosto.
— Foi um prazer recebe-los para a CONEMP desse ano — ele continuou. — E, embora eu seja um amante dos discursos em público — risadas se espalharam pelo salão, mas a visão de Felipe sendo simpático não deixava Joaquim menos nervoso. — Eu gostaria de convidar outra pessoa para fazer o discurso de encerramento: meu irmão, Aleksei Kravtsov!
Os três amigos se juntaram as palmas enquanto Felipe descia do palco e o irmão mais velho subia, vestindo um terno azul-escuro muito bonito.
— Droga — Isadora disse de repente, tão alto que algumas pessoas próximas ao bar se viraram, os olhando com a cara fechada.
— O que foi? — Joaquim questionou.
Lá na frente Aleksei começou um discurso sobre o quanto ele e sua família se sentiam agradecidos por sediar o evento naquele ano.
— Acho que eu também me ferrei com os mafiosos — Isadora afirmou.
Quando ela contou sobre ter chamado os Kravtsov de riquinhos que gostam de ostentar, Aluísio se agachou atrás do balcão para rir e Joaquim abraçou a amiga, se sentindo acolhido por não estar sozinho naquela intriga.
— Pra encerrar — Aleksei disse, o que chamou a atenção de Joaquim e Isadora e fez Aluísio se levantar. — Gostaríamos de anunciar que a KravInc tem buscado focar cada vez mais no mercado nacional, e um dos nossos primeiros passos foi a aquisição do Shopping Estado, que em algumas semanas será reinaugurado como KravtShopping. Nós aguardamos a presença de todos vocês!
As palmas se espalharam pelo salão enquanto Aleksei descia do palco, e Joaquim logo falou:
— Eles vão vir aqui buscar bebidas — ele se apressou para sair do balcão. — Eu preciso sumir antes que o Felipe me veja.
— Eu também vou indo — Isadora falou, arrancando o avental da cintura com rapidez. — Desculpa, Lu, mas você vai ter que continuar sozinho!
Joaquim viu o amigo ficar boquiaberto enquanto ele e Isadora corriam para fora do salão.
*
A festa havia acabado e a maioria das pessoas já havia ido embora quando Felipe percebeu que não comera nada desde o almoço, e a sua barriga estava reclamando disso.
Como os garçons já haviam ido embora, ele decidiu descer até a cozinha, torcendo para que não precisasse sair para comprar algo ou ter que esperar por um delivery.
Ele ouviu o barulho de uma panela caindo no chão quando ainda estava no corredor, e assim que entrou na cozinha viu Joaquim sozinho, recolhendo algumas coisas que haviam caído.
— Precisa de ajuda? — Felipe perguntou.
Joaquim levantou em um salto, abraçando a panela, o que fez Felipe sorrir.
— Ahn... não... tá tudo bem — Joaquim gaguejou. — Precisa de algo?
A expressão dele fez Felipe sentir vontade de rir. O padeiro estava mesmo assustado depois do que acontecera na adega.
— Tô com fome, sobrou alguma coisa?
Joaquim deixou a panela sobre o balcão central da cozinha e andou até a geladeira, onde tirou uma vasilha pequena de plástico.
— Sobrou alguns canapés.
— Perfeito!
Felipe se apressou até ele e pegou a vasilha, indo se sentar na banqueta junto ao balcão para comer.
— Por que você tá aqui sozinho? — perguntou, depois de comer umas duas tortinhas de verduras.
— Minhas tias foram embora porque precisavam buscar minha irmã na casa da vizinha — ele explicou.
Felipe balançou a cabeça.
— Finalmente terminou o nosso trabalho juntos — ele comentou, sorrindo. — Acho que isso significa que nossa rivalidade termina aqui.
— Eu agradeceria muito — Joaquim soltou uma risadinha. — Desculpa por... tudo aquilo.
— Que nada, eu sei que posso ser bem chato...
A mão de Felipe bateu contra o fundo da vasilha e ele encarou frustrado ao ver que os canapés haviam terminado.
— Ei, você tinha comentado que tinha o sonho de ter uma padaria — ele falou, chamando a atenção do outro rapaz. — Meu irmão está oferecendo seis meses de aluguel grátis para novos empreendedores do nosso shopping.
Joaquim o encarou, segurando uma sacola cheia de vasilhas de plástico.
— Isso é mais uma proposta de trabalho?
A risada de Felipe se espalhou pela cozinha antes que ele voltasse a falar.
— Sim, porém você não vai estar prestando um serviço para mim. É uma ótima oportunidade, a cidade toda vai estar de olho no KravtShopping quando ele for inaugurado.
Joaquim abaixou a cabeça, parecendo pensativo.
— Eu preciso discutir isso com minhas tias — respondeu, o encarando com seriedade. — Quanto tempo eu tenho pra responder a proposta?
— Como é um convite especial meu, considere que você tem bastante tempo — Felipe respondeu sorridente. — Mas, quão mais cedo você responder, melhor vai ser pra organizar as coisas no shopping!
Joaquim balançou a cabeça e Felipe se levantou.
— Eu vou indo — ele avisou, começando a andar em direção a porta. — Espero que essa não seja a última vez que nos vejamos!
E, sinceramente, ele realmente esperava.
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KravtQuim - Máfia e Pão (Romance gay hot)
RomanceNão faz muito tempo que os Kravtsov se estabeleceram em Minas Gerais, mas o pouco tempo foi suficiente para que se tornassem a família mais importante de Belo Horizonte. Entre contrabandos e a gestão da multinacional KravInc, os irmãos Aleksei e Fel...