Capítulo 15 - ENCERRAMENTOS

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Depois que saiu do banheiro Joaquim correu para cozinha, procurando pelos amigos, mas, enquanto corriam para encher bandejas com canapés, suas tias o lembraram que Aluísio e Isadora estavam no bar da sala de eventos, servindo os convidados.

Joaquim saiu apressado, sem dizer nada mais, e foi pegar o elevador.

Assim que as portas se abriram ele saiu andando e parou um segundo antes de esbarrar em alguém.

— Ei — Felipe disse, cruzando os braços em frente ao corpo. — Tá tudo bem com você?

Joaquim arregalou os olhos, de repente parecia que Felipe era alto demais. E será que as sobrancelhas dele sempre estavam erguidas daquela forma, como se fosse um vilão de desenho animado?

Ai meu deus, Joaquim pensou, ele é realmente da máfia e eu arrumei briga com ele!

— Tudo ótimo — respondeu, forçando um sorriso. — Preciso ir!

Ele se meteu no meio dos convidados do coquetel, se apressando até chegar no bar. Ele deu a volta no balcão, parando entre Isadora e Aluísio que entregavam bebidas com gelo para algumas pessoas.

— Que correria é essa? — Isadora questionou, quando o bar ficou vazio.

— Aluísio estava certo...

E então ele contou rapidamente sobre o que havia acontecido quando foi com Felipe na adega.

— Você tá tirando... — Isadora começou a falar, mas se calou quando uma senhora se aproximou, querendo um whisky com gelo.

— Eu falei! — Aluísio afirmou, quando voltaram a ficar sozinhos. — Todos os sinais diziam isso!

— Ah, agora eu acredito — Joaquim murmurou. — Quase morrer em um tiroteio muda todas as suas percepções.

— E agora? — Isadora questionou. — Será que ele vai se vingar da sua petulância?

Joaquim se virou para a amiga, com os olhos arregalados.

— Quem é que fala petulância hoje em dia? — Aluísio brincou.

— Boa noite á todos — a voz se espalhou pelos alto-falantes.

Os três amigos se viraram, olhando para Felipe que estava na plataforma elevada do outro lado do salão, segurando o microfone próximo ao rosto.

— Foi um prazer recebe-los para a CONEMP desse ano — ele continuou. — E, embora eu seja um amante dos discursos em público — risadas se espalharam pelo salão, mas a visão de Felipe sendo simpático não deixava Joaquim menos nervoso. — Eu gostaria de convidar outra pessoa para fazer o discurso de encerramento: meu irmão, Aleksei Kravtsov!

Os três amigos se juntaram as palmas enquanto Felipe descia do palco e o irmão mais velho subia, vestindo um terno azul-escuro muito bonito.

— Droga — Isadora disse de repente, tão alto que algumas pessoas próximas ao bar se viraram, os olhando com a cara fechada.

— O que foi? — Joaquim questionou.

Lá na frente Aleksei começou um discurso sobre o quanto ele e sua família se sentiam agradecidos por sediar o evento naquele ano.

— Acho que eu também me ferrei com os mafiosos — Isadora afirmou.

Quando ela contou sobre ter chamado os Kravtsov de riquinhos que gostam de ostentar, Aluísio se agachou atrás do balcão para rir e Joaquim abraçou a amiga, se sentindo acolhido por não estar sozinho naquela intriga.

— Pra encerrar — Aleksei disse, o que chamou a atenção de Joaquim e Isadora e fez Aluísio se levantar. — Gostaríamos de anunciar que a KravInc tem buscado focar cada vez mais no mercado nacional, e um dos nossos primeiros passos foi a aquisição do Shopping Estado, que em algumas semanas será reinaugurado como KravtShopping. Nós aguardamos a presença de todos vocês!

As palmas se espalharam pelo salão enquanto Aleksei descia do palco, e Joaquim logo falou:

— Eles vão vir aqui buscar bebidas — ele se apressou para sair do balcão. — Eu preciso sumir antes que o Felipe me veja.

— Eu também vou indo — Isadora falou, arrancando o avental da cintura com rapidez. — Desculpa, Lu, mas você vai ter que continuar sozinho!

Joaquim viu o amigo ficar boquiaberto enquanto ele e Isadora corriam para fora do salão.

*

A festa havia acabado e a maioria das pessoas já havia ido embora quando Felipe percebeu que não comera nada desde o almoço, e a sua barriga estava reclamando disso.

Como os garçons já haviam ido embora, ele decidiu descer até a cozinha, torcendo para que não precisasse sair para comprar algo ou ter que esperar por um delivery.

Ele ouviu o barulho de uma panela caindo no chão quando ainda estava no corredor, e assim que entrou na cozinha viu Joaquim sozinho, recolhendo algumas coisas que haviam caído.

— Precisa de ajuda? — Felipe perguntou.

Joaquim levantou em um salto, abraçando a panela, o que fez Felipe sorrir.

— Ahn... não... tá tudo bem — Joaquim gaguejou. — Precisa de algo?

A expressão dele fez Felipe sentir vontade de rir. O padeiro estava mesmo assustado depois do que acontecera na adega.

— Tô com fome, sobrou alguma coisa?

Joaquim deixou a panela sobre o balcão central da cozinha e andou até a geladeira, onde tirou uma vasilha pequena de plástico.

— Sobrou alguns canapés.

— Perfeito!

Felipe se apressou até ele e pegou a vasilha, indo se sentar na banqueta junto ao balcão para comer.

— Por que você tá aqui sozinho? — perguntou, depois de comer umas duas tortinhas de verduras.

— Minhas tias foram embora porque precisavam buscar minha irmã na casa da vizinha — ele explicou.

Felipe balançou a cabeça.

— Finalmente terminou o nosso trabalho juntos — ele comentou, sorrindo. — Acho que isso significa que nossa rivalidade termina aqui.

— Eu agradeceria muito — Joaquim soltou uma risadinha. — Desculpa por... tudo aquilo.

— Que nada, eu sei que posso ser bem chato...

A mão de Felipe bateu contra o fundo da vasilha e ele encarou frustrado ao ver que os canapés haviam terminado.

— Ei, você tinha comentado que tinha o sonho de ter uma padaria — ele falou, chamando a atenção do outro rapaz. — Meu irmão está oferecendo seis meses de aluguel grátis para novos empreendedores do nosso shopping.

Joaquim o encarou, segurando uma sacola cheia de vasilhas de plástico.

— Isso é mais uma proposta de trabalho?

A risada de Felipe se espalhou pela cozinha antes que ele voltasse a falar.

— Sim, porém você não vai estar prestando um serviço para mim. É uma ótima oportunidade, a cidade toda vai estar de olho no KravtShopping quando ele for inaugurado.

Joaquim abaixou a cabeça, parecendo pensativo.

— Eu preciso discutir isso com minhas tias — respondeu, o encarando com seriedade. — Quanto tempo eu tenho pra responder a proposta?

— Como é um convite especial meu, considere que você tem bastante tempo — Felipe respondeu sorridente. — Mas, quão mais cedo você responder, melhor vai ser pra organizar as coisas no shopping!

Joaquim balançou a cabeça e Felipe se levantou.

— Eu vou indo — ele avisou, começando a andar em direção a porta. — Espero que essa não seja a última vez que nos vejamos!

E, sinceramente, ele realmente esperava.

KravtQuim - Máfia e Pão (Romance gay hot)Onde histórias criam vida. Descubra agora