XXVII

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Lauren estava com a cabeça girando. Ela tinha recebido a maior oportunidade da sua vida, tocando em estádios por todo o país... se conseguisse realizar os shows em LA. O estádio SoFi comportava 70.000 pessoas. Se ela falhasse, o fracasso seria épico.

Mas isso era menos da metade do tumulto que acontecia em sua cabeça. Era a turnê de Camila. Ela veria Camila, com seus próprios olhos, literalmente na próxima semana, pela primeira vez em quase um ano. Camila Cabello tinha dado sinal verde para isso. Lauren não sabia o que fazer com isso. Era perdão? Uma nova chance? Ou era apenas profissionalismo? E não apenas isso, mas no final do set de Camila, Lauren estava programada para se juntar a ela no palco para cantar "Longing" juntas, pela primeira vez desde o dia em que ela arruinou tudo beijando-a. Será que isso era o que sentir um ataque cardíaco parecia?

Ela e a banda estavam ensaiando seu set dia e noite. Recebera o arranjo para a versão ao vivo do dueto e o repetira várias vezes, Noah cantando uma versão um pouco menos melodiosa e menos distrativa do que a parte de Camila. Ela tinha agendado duas sessões com o terapeuta que começara a ver quando voltou a LA para tentar colocar a cabeça em ordem. Era muita pressão. Entre seus sonhos de uma carreira séria na indústria da música e a mulher por quem seu coração ainda batia como louco, era tudo uma grande bola de estresse, um pesadelo-sonho se realizando.

Ela tinha se dedicado à academia naquela manhã, tentando eliminar a energia nervosa do seu corpo, depois tomou banho e caminhou de volta para casa, parando em sua cafeteria favorita no caminho, sem ter certeza se a cafeína ajudaria ou pioraria as coisas. Era final do outono em LA, mas ainda estava bastante quente em seu moletom bordô, então ela se sentou em uma pequena mesa ao ar livre para tomar seu café. Ela calculou o horário em Nashville e discou para fazer uma FaceTime com Lane.

O telefone tocou por tanto tempo que ela estava prestes a desligar, quando de repente o rosto de Tucker encheu a tela. Ele se iluminou com um sorriso.

- Oi, amigão! - ela disse - O que você está fazendo?

- Estou indo nadar - ele exclamou.

- Nossa, escuta você. Sinto falta de como você costumava trocar as letras - ela disse a ele - Você está crescendo tão rápido! Você está alto?

- Tão alto - ele concordou.

- O que Lane está pensando, deixando você nadar nessa época do ano, afinal? Ele está tentando congelar seu bumbum ou o quê?

Lane previsivelmente a ignorou, ainda segurando o telefone para que apenas Tucker pudesse ser visto. Tucker riu, "bumbum!" Então ele começou a recitar linhas de sua história favorita atual, como se estivesse citando uma grande literatura. Lauren tinha comprado sua própria cópia quando ele ficou obcecado para lê-lo ao telefone, então ela também conhecia as linhas e as recitou com ele, fazendo-o pular de alegria.

- Tudo bem, Lane? - ela perguntou, mas Lane ignorou isso também- Você está evitando aparecer? - ela perguntou, lutando contra um sorriso - Isso significa que você ficou acordado até tarde cortando seu próprio cabelo de novo? Ficou dramaticamente ruim? - Lane ainda se recusava a falar ou aparecer na visão, e Lauren suspirou - Tucker, não conte a Lane que eu disse que ele é um cabeça de miojo, okay? Não conte a ele

Tucker riu e recitou "cabeça de miojo, cabeça de miojo"

- Okay, garoto, acho que vamos conversar em breve. Coma todos os legumes. Seja bonzinho para sua mamãe e Lane. Tchau!

- Tchaaau! - Tucker gritou. Ela estava prestes a desligar quando o telefone girou e de repente ela estava cara a cara, não com Lane, mas com Camila, com um top de biquíni branco, seus olhos castanhos encontrando os de Lauren na tela. Seus lábios se moveram.

- Tchau - ela disse suavemente e desligou a ligação. Lauren ficou ali como um peixe dourado boquiaberto.

...

Os dias se contaram até o estádio SoFi. O tempo passou rápido em um nevoeiro de atividade e ansiedade, mas algo tinha mudado dentro de Lauren. Da última vez que ela enfrentara algo desse tipo de pressão, foram as últimas semanas da faculdade de medicina. Só que desta vez, mais velha, sóbria, em terapia e perseguindo os sonhos certos, Lauren tinha tomado uma decisão muito clara: ela ia parar de pensar em fracasso e dar tudo de si.

Se tudo o que importava para ela no mundo ia se resolver em uma única noite maldita, então ela ia dar tudo o que tinha. Ela terminaria a noite sabendo que tinha feito absolutamente tudo o que podia fazer.

O que significava entrar no maior palco maldito que ela já tinha visto na vida, para um ensaio às quatro da tarde do dia do show, e não desmaiar instantaneamente diante da visão inacreditável de 70.000 lugares vazios que em breve seriam preenchidos. Significava não surtar porque tinha esquecido brevemente as letras de "Snow Day" e atingido uma nota fora de tom em "Real Estate" enquanto marcava seus passos e confiava que faria certo quando o mundo inteiro estivesse assistindo.

Significava parar seu cérebro em seu caminho - enquanto o dia escurecia e o tempo se aproximava cada vez mais do show - de ofegar repetidamente: Camila está aqui, em algum lugar deste prédio Camila está aqui, e se perguntando em que ponto ela de repente a encontraria e precisaria de alguma forma dizer palavras reais.

Significava trancar-se sozinha em seu camarim, depois que seu cabelo e maquiagem foram feitos, andando em círculos em seu maldito terno de lantejoulas sob medida e se controlando para não hiperventilar.

Lauren finalmente parou de girar em círculos e se olhou no espelho. A mulher que olhava para ela a surpreendeu. O terno absurdamente caro era preto e brilhava à luz, o paletó cortado para mostrar pele nua e decote. Seu cabelo estava bagunçado profissionalmente, seus olhos extra escuros sob o delineador e cílios. Ela parecia incrível. Ela parecia uma estrela maldita. Mas foi o olhar nos seus olhos que a chocou. Ela achava que estava a um minuto de perder a cabeça e, no entanto, a mulher no espelho parecia confiante pra caramba. Ela assentiu para si mesma.

Quando a batida finalmente veio à porta, Lauren saiu. Ela já podia ouvir o rugido da multidão imensa e o sentimento a envolveu como um tsunami quando se juntou à sua banda nas asas do enorme palco. A música gravada ficou quieta, as luzes do palco se apagaram e a multidão gritou em antecipação.

Noah se virou para ela. Não havia mais palavras; eles as tinham dito um ao outro durante toda a semana. Em vez disso, ele apenas sorriu para ela, seus olhos brilhando de pura adrenalina e alegria absoluta, e caminhou com confiança para o palco, diante de 70.000 pessoas, que mandaram outra onda de ruído esmagador à vista da banda de abertura começando a se posicionar. Lauren contou mais 15 segundos, sua vida piscando diante de seus olhos. Então ela atravessou o palco para um rugido ensurdecedor e pegou sua guitarra para cantar.

Falls for CabelloOnde histórias criam vida. Descubra agora