Um último beijo antes do fim

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Hermione levou Draco para a cabana de Hagrid. Ela o encontrou sozinha, primeiro, enquanto Draco se escondia atrás de uma árvore. Se o amigo o visse, provavelmente se assustaria e acharia que ela poderia estar em perigo ou ameaçada pelo comensal da morte.

- Ah, Mione! - ele se emocionou ao vê-la. - Como vocês estão? Onde estão Harry e Rony? 

- Eu não sei, Hagrid... Nós nos perdemos... Eu fui sequestrada por você sabe quem e Dra... Malfoy me salvou. Ele está conosco, Hagrid. Traiu toda a família para auxiliar a Ordem... Eu preciso muito da sua ajuda para encontrá-los! E eu sei que você combinou com Harry que conjuraria o seu patrono para ele saber que precisava vir para Hogwarts. 

- Eu vou fazer isso agora, Mione!! - disse Hagrid, correndo para dentro da floresta. Os dois o seguiram. Draco não conseguia acreditar na burrice do guarda-caças. Como ele engoliu aquela história sem nem ao menos verificar se Draco tinha armado alguma emboscada para ele ou se Hermione estava sendo ameaçada?

- Você não é muito inteligente, gigante! - provocou. - Eu poderia ter obrigado Granger a falar isso. Poderia ser uma armadilha, estúpido! 

Hagrid parou de correr e olhou para ele.

- Eu sei que não é.

- Sabe como, seu tonto? 

- Porque eu conheço você desde os 11 anos... nunca vi maldade no seu coração. Você era mimado e metido a besta, mas não era mau...  Na verdade, eu sempre tive muita pena de você. Se não fosse pelo seu pai, tenho certeza de que nem bully você seria... Sempre acreditei que um dia você iria se revoltar contra ele... contra eles...

Draco abriu a boca de surpresa. Estava chocado. Sempre tratara Hagrid muito mal, não havia nenhum motivo para que o gigante visse algo de bom nele. Abaixou a cabeça, envergonhado, enquanto Hagrid conjurava seu patrono. 

- Avise Harry que preciso muito dele em Hogwarts , patrono hipogrifo!

E, pensando na segurança dos dois meninos, ele conjurou uma barraca, no meio da floresta.

- Assim que Harry e Rony chegarem, vou mandá-los para cá. Não é seguro para nenhum de vocês ficar na minha cabana. Faça os feitiços de proteção que julgar necessários, Mione. Por mais perigosas que sejam as criaturas da floresta, nada se compara aos bruxos terríveis que vocês enfrentaram. Ah, Malfoy, se forem atacados, é só você mostrar essa marca negra horrível  que eles vão embora na hora. Até as criaturas tem medo de Você-sabe-quem. 

Estava muito tarde. Hagrid levou comida para eles. Ele achava que, provavelmente, Harry e Rony viriam na manhã seguinte.

Hermione fez os feitiços de proteção e aqueceu a cabana por dentro. Draco deitou-se num pequeno colchonete para dormir. Colocou o dela bem longe. 

Ela se irritou:

- Você tem nojo de mim ou algo do tipo? Não me deixa tocá-lo, colocou meu colchonete do outro lado da cabana... 

Ele suspirou fundo:

- Não seja ridícula, Granger! Eu apenas estou protegendo você de um comensal de merda como eu... Se tudo der certo e você sobreviver, você vai ser considerada heroína de guerra! Poderá voltar a estudar, se formar, quem sabe um dia ser ministra da magia... Vai ter dias de glória ao lado de Potter, dos seus pais, dos seus amigos, do seu namorado...

- Eu já disse que Rony não é meu namorado!

- Mas você também disse que ele poderá ser! Olha, Granger, eu não gosto dos Weasley, mas não sou tão idiota a ponto de não admitir que é muito melhor pra você um namorado como ele do que... do que um monstro como eu!

Ela arrastou o colchonete e se deitou ao lado dele.

- Você precisa se perdoar pelo que aconteceu... Já disse um milhão de vezes que não foi sua culpa!

- Como você conseguiu... como? Eu não entendo como você superou tudo tão rápido! Eu tenho pesadelos todas as noites...

- Eu sei... eu sei... - ela sussurrou. Aquele foi o pior dia da minha vida. Mas eu me apeguei às coisas boas...

- Que coisas boas??????? 

- As pequenas gentilezas, Draco. Não temos poder para mudar as circunstâncias adversas que nos acontecem... A vida não é justa! Mas eu acredito que ainda somos donos das pequeninas escolhas... E eu me apeguei a cada uma delas... Quando penso naquela noite, eu penso em como você tentou me proteger de todas as formas que conseguiu, em como aceitaria ser torturado até a morte se eu não tivesse implorado para você obedecer, em como teve a delicadeza de fazer o feitiço de lubrificação e de proteger a minha nudez o máximo possível daquela plateia de covardes para que eu me sentisse menos humilhada... Nunca vou me esquecer de como você chamou a atenção para si mesmo, fazendo com que a maioria dos insultos fossem dirigidos a você e não a mim... Como posso esquecer o esforço que você fez para ir devagar o tempo que foi possível e não me machucar? Como eu posso esquecer que você não deixou eles saberem que eu era virgem e ainda teve forças para me enrolar no lençol e praticamente me carregar de lá? Sem desmoronar nenhuma vez mesmo depois de ter sido torturado pela maldição Cruciatus? São essas as lembranças que eu escolhi guardar daquele dia. 

Ele desabou. Colocou as mãos no rosto e chorou por muito tempo. 

Delicadamente, Hermione pegou as mãos dele e sussurrou:

- Você não tem nada para se envergonhar... não esconda as lágrimas e nem os sentimentos que eu sei que você tem por mim.

- Como você sabe? 

- Porque tudo o que você tem feito por mim vai muito além das pequenas gentilezas. Você faria por mais alguém?

- Não. Por mais ninguém. - ele confessou.

Ela sorriu.

- Então, eu quero te pedir mais uma coisa: um último beijo antes do fim. Pode ser que um de nós não sobreviva mais por muito tempo... Ainda mais agora que só falta Nagini... Talvez essa seja a nossa última noite de privacidade... e eu mereço uma despedida decente e... um último beijo. 

- Onde você quer o beijo? - ele perguntou com a voz embriagada de desejo.

Ela se aproximou mais e falou bem baixinho, provocando arrepios na pele dele: 

- No corpo todo...

O segredo da serpenteOnde histórias criam vida. Descubra agora