só eu sei o que é morrer de sede em frente ao mar

774 112 185
                                    

Boa noite! Finalmente chegamos em São Paulo. Esse foi o primeiro capítulo que eu idealizei da fanfic, ele é especial pra mim de alguma maneira estranha. Não vou falar muito pra não estragar nada, mas estava muito ansiosa pra vocês lerem e nervosa pra saber as opiniões. Por favor comentem!!! Quero saber o que acharam. Boa leitura <3

A música do título é Esquinas - Djavan

—————

POV Carol

— Carol, chegamos — senti alguém me cutucar e abri os olhos ainda um pouco desnorteada. Pouco a pouco, fui me situando.

Avião. Viagem. Traição. Plano. Natália, que me olhava curiosa. Minha cabeça em seu ombro, onde aparentemente dormi durante todo o voo. Culpei mentalmente a falta de sono da noite anterior, depois que subi para o quarto e fiquei revirando na cama insistentemente.

— Desculpa — pedi timidamente, me ajeitando na cadeira e colocando meus óculos de novo.

Natália estava diferente desde que nos encontramos de manhã cedo. As roupas continuavam as mesmas, o coturno e as camisas de botão. A câmera agora pendurada no pescoço. Mesmo assim, algo tinha mudado bem na frente dos meus olhos, ela já não parecia mais tão inteira.

A imagem que eu construí, baseada no meu próprio imaginário, de Natália como uma mulher que tinha tudo havia caído por terra depois da noite passada. E, de alguma maneira, isso só fazia com que eu a achasse mais interessante. Sempre gostei de gente que carrega cicatrizes.

— Deixa de besteira, você nem babou — se levantou e foi pegar sua mala no compartimento acima de nossas cabeças — Vem logo antes que esse povo todo comece a sair e forme uma fila gigante porque demoram um ano pra pegar a bagagem.

Ri e segui seus passos pra fora do avião. Logo conseguimos um carro que nos levasse até nossa acomodação, que Natália não deixou eu chegar nem perto para resolver. Conhecendo um pouco a mulher, as chances eram tanto de irmos parar em um muquifo quanto em uma mansão com sete quartos.

O que encontrei ao entrar na porta travada com código foi um apartamento simples com uma cama de casal, uma cozinha, um banheiro e um sofá. Muito bem arrumado e limpo, como se não fosse usado há um tempo.

— Esse era o apartamento que Bruno usava quando vinha fechar algum negócio em São Paulo. Ele disse que tinha escolhido um lugar pequeno pra nenhuma das namoradas que ele arrumava toda semana bater o pé e querer vir junto — comentou, rindo.

— Seu irmão era uma pessoa bem diferente, né — achava graça desses absurdos de homem. Como podia ter saído do mesmo útero e dividido a mesma placenta com Natália?

— Ele era ridículo, Carol — ela se divertia falando isso — Mas também me chamou pra morar com ele aqui diversas vezes. Disse que a gente dava um jeito na falta de espaço. Enfim, pode colocar suas coisas onde quiser. Vou me ajeitar aqui no sofá.

— Sofá?

— Sim, ué. A cama é sua, eu durmo no sofá.

Olhei para o móvel, que parecia tudo, menos adequado para abrigar alguém. Talvez para uma cerveja no meio da tarde, mas nenhuma estrutura para Natália passar uma semana dormindo.

— O máximo que você vai conseguir aí é uma dor nas costas, Natália. A cama é de casal, a gente divide. Que mal tem?

Tive medo de ter ultrapassado um limite. Natália me olhou como se ponderasse, o corpo virando para o sofá e depois para a cama.

— Só porque a gente não vai poder correr atrás do Ulisses se eu estiver toda dolorida.

Levantei as mãos em sinal de rendição. Não precisava de uma justificativa, apenas que ela não dormisse desconfortável esses dias todos por minha causa.

lágrimas negras // narol Onde histórias criam vida. Descubra agora