encontrei em você a razão de viver e amar em paz

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Boa noite, como estamos? Estava com saudades delas e dos comentários de vocês. Hoje temos família e outras coisinhas que só digo... leiam até o fim e confia. Espero que gostem e não deixem de comentar por favor 🤍🤍

Sobre a queda do twitter: achei que ia levar a fic de base junto, mas estamos com nossa bolha no bluesky então quem quiser me seguir por lá e amigar, meu @ é hugostjamws. Boa leitura!

A música do título é O Amor em Paz - Gal Costa

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POV Natália

— Vou querer uns desses que acalmam, porque não sei como que o pessoal vai reagir. Mas me dá também uma caixa de hibisco, que é chique, e uma de chá preto — apontava para as prateleiras cheias enquanto falava com a vendedora — Vem cá, vocês tem chá mate gelado ou tenho que ir na praia pra conseguir?

A vendedora riu, apesar do meu tom sério. Aceitei os pacotes que ela ia me entregando e me dirigi ao caixa. Meu celular vibrando em minha bolsa me desconcentrou do pagamento, ainda mais quando o nome que a tela exibia me fez abrir um sorriso.

— Moça, pode aproximar aqui no débito, tá? Minha mulher tá ligando, um instante — entreguei o cartão para a caixa e aceitei a chamada — Oi, amor.

— Oi, Nat. Tô atrapalhando? — sua voz no outro lado da linha era serena, e eu podia ouvir a cidade acontecendo no fundo.

— Não, tô só terminando de comprar umas coisas aqui no shopping e já vou pra casa. E você?

— Eu já tô indo pra lá, viu? E acho que a Adriana também.

— Chego antes de você com esse trânsito caótico, meu bem. Pode ficar tranquila que pra fora da minha casa você não fica nunca mais.

Rimos e a chamada se encerrou pouco depois. Agradeci a vendedora e recolhi meu cartão e as sacolas. Em poucos minutos, já estava de volta em casa, organizando a mesa para receber os convidados.

Três semanas haviam se passado desde meu último encontro com Ulisses e meu encontro definitivo com Carol. Desde lá, o semestre de aulas tinha começado, ocupando uma boa parte de seu tempo. O meu era dedicado aos mini cursos que estava oferecendo para os fotógrafos que trabalhavam com Helena e os últimos ajustes da minha exposição iminente.

O nosso tempo juntas era dedicado a continuar construindo um nós. As noites que eu roubava Carol de seu apartamento para que passasse a noite comigo em minha casa, ajudando a deixá-la mais com cara de lar. As manhãs usando pouca roupa e cozinhando entre conversas amenas. Os almoços encaixados em nossos horários meio malucos, fazendo uma mini turnê pelos restaurantes na zona neutra entre a universidade e o ateliê.

Os detalhes. Achava que sete dias de convivência intensa eram suficientes para conhecer mais ou menos alguém. Conhecia a história de Carol, seus traumas. O que fazia ela sorrir, o que fazia ela se fechar e se proteger. Mas os detalhes do cotidiano ainda eram uma novidade graciosa.

Quando tinha que sair muito cedo, Carol levantava antes de mim para tomar banho e me deixava descansando. Ela mandava mensagens esporádicas, mas preferia ligar quando conseguia fugir por alguns minutos das obrigações. Tinha a mania de ir ao supermercado e passear por cada seção ao invés de ir direto no que estava na lista de compras, como eu costumava fazer. Nosso programa de fim de semana, a feira enquanto nossos carrinhos empurrados lado a lado se batiam. Andar pelos corredores enquanto separávamos o que era de cada casa. Eu sorrateiramente jogando meu chocolate favorito em seu carrinho. Uma escova de dentes a mais no meu. Os fins de domingo em que eu ficava deitada nas pernas de Carol, que mordia uma tampa de caneta enquanto corrigia trabalhos de seus alunos em seu computador. Eu com meu próprio computador editando detalhes de cor e contraste em minhas fotos.

lágrimas negras // narol Onde histórias criam vida. Descubra agora