tristezas são belezas apagadas pelo sofrimento

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Boa noite! Não programava postar hoje, mas o feedback de vocês tem me deixado tão feliz que nem imaginam. Sigo cheia de vontade de escrever e postar porque sei que tem gente do outro lado com vontade de ler e trocar ideia comigo de alguma maneira. Fico toda boba!! Essa é a primeira história que construo capítulo a capítulo em muito tempo. Amando a experiência, e devo isso a vocês. Obrigada e aproveitem o capítulo de hoje <3

A música do título é a própria: Lágrimas Negras - Gal Costa

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POV Natália

Para aquela tarde, depois da nossa conversa durante o café da manhã, escolhi um passeio mais leve para eu e Carol — me parecia uma especia de convenção nova, que eu escolhesse o roteiro de um dia e ela de outro. Pesquisei uma livraria nos nossos arredores e decidi assim que vi que tinha uma cafeteria no mesmo espaço.

A maior falta que senti durante esses anos, percebi, era do simples. Mãos dadas. Carinho no cabelo. Risadas compartilhadas. Toques sutis. Tudo isso marcava uma ausência à qual havia me acostumado com o tempo. Pensei na tristeza da privação. Em como era perigoso se acomodar com menos do que nos faz feliz.

Carol me mostrava isso quando não olhava para trás em seu rompimento com Ulisses. Quando falava abertamente sobre sua sexualidade. Quando me beijava.

Minha cabeça ainda não processava bem sua proposta. Apenas sabia que não tinha a menor possibilidade de recusar. Quando a vida te dá uma migalha, você come. Não questiona. E aqui estava eu, olhando a prateleira de lançamentos procurando alguma leitura interessante enquanto Carol olhava a pilha ao lado. Nossas mãos estavam entrelaçadas.

— Algo de bom aí? — perguntei, abraçando ela por trás e apoiando a cabeça em seu ombro. Para quem já tinha feito coisa muito pior na noite anterior, poderia parece um gesto bobo. No entanto, não pude deixar de registrar meu coração acelerado com minhas próprias ações.

— Queria um suspense, mas não tô achando nada legal — um bico se formou em seus lábios — A Adriana tinha me indicado um autor, Raphael Montes. Acho que vou perguntar pra um atendente se tem algum livro dele.

— Você tá de papinho com a Adriana? Quando isso aconteceu? — perguntei, genuinamente curiosa.

— Ah, ela me passou o contato dela naquele dia na Serra e a gente tem se falado de vez em quando. Já que, segundo ela, você esqueceu que tem amigas — me provocou. Sabia do teor de brincadeira, porque Carol me deu uma cotovelada leve na barriga quando terminou de falar. Ri.

— Aquelas ali não vivem sem mim, nunca vi isso — falei, mas sorria. Era recíproco.

— Pelo menos serviu pra Helena parar de te ligar feito doida, né? Achei que seu celular fosse explodir mais cedo.

— Não sei como Helena ficou sabendo da notícia da Adriana se mal se suportam.

Carol riu e se virou no meu abraço, me olhando e passando uma mão pelos meus cabelos.

— Como você pode ser tão lenta pra algumas coisas e tão rápida pra outras, hein Natália? Um dia com suas amigas e já percebi que tem um rolo em segredo entre a Adriana e a Helena.

— Oi? — duvidei. Não podia ser — Essas ai já saíram quase no tapa por causa do mesmo homem. Impossível.

— Ah, porque isso é muita referência né? A gente por exemplo também nunca teria nada, imagina — ironizou — Você disse que a casa da Serra tinha seis quartos. Éramos sete. Alguém teve que dividir uma cama. Não vi mais ninguém comentando de ter que esperar pra usar o banheiro, só Adriana no dia seguinte. Não se odeiam coisa nenhuma, essas duas se beijam muito escondido e vocês não estão percebendo.

lágrimas negras // narol Onde histórias criam vida. Descubra agora