9. Bálsamo

456 29 0
                                    

Sexta-feira, 11h. Eu me arrastei da cama, sentindo o peso dos acontecimentos recentes ainda esmagando meu peito. A noite não tinha sido a melhor; eu não consegui dormir direito, e o cansaço acumulado dos últimos dias estava se refletindo no meu estado de espírito. O fogo da noite passada ainda queimava em minha mente, misturado com a tristeza e a sensação de impotência que se seguiam.

Vesti uma calça jeans confortável e uma blusa preta simples, sem muita vontade de me arrumar, e fui para a cozinha preparar um café. O cheiro do café fresco, embora reconfortante, não parecia ser o suficiente para me levantar completamente do buraco emocional em que eu me encontrava. Sentei-me à mesa, observando a luz que entrava pela janela e as sombras suaves que dançavam nas paredes, tentando encontrar algum tipo de paz na simplicidade daquele momento.

Decidi que precisava sair de casa, precisava de um pouco de ar fresco e talvez um pouco de companhia para tirar os pensamentos ruins da minha cabeça. Coloquei um casaco leve e peguei a chave do carro, me preparando para a única coisa que parecia uma boa ideia naquele momento: ir ao Latte Lounge. Talvez a sorte estivesse ao meu lado hoje e eu encontrasse Camila lá.

A curta viagem até o Latte Lounge foi feita em silêncio, com o som do rádio baixo e uma playlist de músicas suaves e melancólicas tocando. Quando cheguei, o café estava com uma atmosfera acolhedora e familiar. A luz suave das lâmpadas pendentes e o aroma inebriante do café fresco eram exatamente o que eu precisava para acalmar a mente.

Entrei e olhei ao redor. O café estava relativamente vazio, com algumas mesas ocupadas por clientes que conversavam em tom baixo, como se todos ali buscassem um refúgio tranquilo da correria da vida.

Eu me encaminhei para o balcão e pedi um café preto, sem açúcar, como eu sempre tomava. Enquanto esperava, observei os móveis e a decoração do lugar, familiar, mas reconfortante.

— E aí, branquela? — a voz de Dinah me fez olhar para cima. Ela estava atrás do balcão, com um sorriso acolhedor.

— Oi, Dinah — respondi com um sorriso forçado — Como estão todos?

— Estão ótimos, obrigada. Mila e as crianças foram ao parque esta manhã, e a Mani está lá com elas agora. Por que não se senta ali? — apontou para uma mesa perto da janela, onde a luz do sol entrava suavemente — Eu vou te levar seu café.

— Obrigada, Dinah. — Fui até a mesa e me sentei, observando o movimento das pessoas na rua, o mundo lá fora continuava girando, mesmo que o meu estivesse um pouco fora de compasso.

Dinah trouxe meu café e me deixou um pedaço da torta de chocolate nova, como uma forma de me mimar um pouco. Se era isso mesmo, estava funcionando.

— Camila deve chegar logo, ficou de me ajudar aqui — disse enquanto se inclinava levemente sobre a mesa, com um olhar de compreensão — Se você precisar de algo, é só me chamar.

— Está bem, obrigada — eu sorri para ela, um sorriso que tentava esconder o cansaço e a tristeza que eu sentia.

Enquanto degustava a torta, minha mente estava longe, vagando pelos eventos da noite anterior e pela sessão de terapia difícil que eu havia tido com a psicóloga. Tentava não pensar na sensação esmagadora de impotência que eu sentira durante o resgate, e na frustração com a própria incapacidade de evitar tragédias como a daquela noite.

De repente, a porta do café se abriu e a latina entrou. Ela estava com um casaco leve, o cabelo solto e natural, e seus olhos brilharam ao me ver.

— Lauren! — ela exclamou, com um sorriso sincero — O que você está fazendo aqui?

— Oi, Camila — respondi, levantando-me para cumprimentá-la — Eu pensei em vir aqui para tomar um café. Acordei um pouco... abatida hoje e achei que talvez encontrar vocês aqui fosse uma boa ideia.

Salve a Minha Vida (Camren)Onde histórias criam vida. Descubra agora