Salve a Minha Vida (Camren)

17. Ameaças

Dois dias se passaram desde o último encontro com Camila. Tudo ainda estava fresca em minha mente. Eu me peguei pensando nisso com frequência, tentando entender os sentimentos que surgiram com aquele simples gesto.

Hoje, uma mensagem inesperada de Dinah chamou minha atenção. Ela queria conversar comigo no Latte Lounge e parecia preocupada. Conhecendo a peça, sabia que isso não era um bom sinal.

Dei uma última olhada no espelho do banheiro antes de sair. Meu rosto estava um pouco mais corado do que o normal, e meus olhos, apesar de ligeiramente cansados, brilhavam com uma mistura de apreensão e curiosidade. Passei os dedos pelo cabelo, ajeitando-o de forma a parecer menos desarrumado, e finalmente me senti pronta para sair.

]Eu morava em Morningside Heights, um bairro tranquilo e residencial, enquanto o café de Dinah ficava em SoHo, conhecido por suas lojas de grife e atmosfera vibrante. Peguei o metrô, a forma mais rápida de cruzar Manhattan, e durante a viagem, minha mente vagou para os últimos acontecimentos.

Cheguei à estação de metrô de Spring Street e subi as escadas, sendo recebida pelo típico movimento frenético do bairro. O sol brilhava forte, refletindo nos prédios de tijolos vermelhos e nas vitrines das lojas. Caminhei pelas ruas movimentadas, absorvendo o cheiro de café fresco e os sons dos vendedores ambulantes.

O Latte Lounge logo apareceu à minha vista, um oásis acolhedor no meio da agitação da cidade. A fachada do café era charmosa, com sua placa de madeira pintada à mão e vasos de plantas pendurados ao longo das janelas. Empurrei a porta e entrei, sendo recebida pelo aroma familiar de grãos de café moídos e pelo som suave de música jazz.

Dinah estava atrás do balcão, atendendo alguns clientes. Seus olhos encontraram os meus e ela me deu um sorriso que não alcançou totalmente seus olhos. A preocupação estava evidente em sua expressão.

— Lauren! — Dinah exclamou, acenando para mim — Sente-se, já vou até aí.

Escolhi uma mesa perto da janela, onde a luz do sol entrava suavemente, iluminando o ambiente com um brilho caloroso. Observando minha nova amiga enquanto ela terminava de atender os clientes, senti um nó se formar no meu estômago. O que será que estava acontecendo?

Ela se aproximou da mesa carregando duas xícaras de café. Se sentou à minha frente, pousando as xícaras na mesa com um suspiro.

— Precisamos conversar, branquela — ela disse, com um tom de voz que confirmava minhas suspeitas — Mas antes, beba um pouco de café. Você vai precisar.

Peguei a xícara e dei um gole, o sabor rico e encorpado ajudando a acalmar meus nervos. Dinah me observava atentamente, e eu sabia que o que estava por vir não seria fácil de ouvir. O silêncio entre nós era pesado, cheio de coisas não ditas, e eu esperava que, seja lá o que fosse, pudesse lidar com isso.

Enquanto esperava Dinah iniciar a conversa, olhei pela janela, vendo as pessoas passarem apressadas pela rua. A cidade continuava em seu ritmo frenético, alheia às preocupações individuais de cada um. Voltei meus olhos para Dinah, pronta para ouvir o que ela tinha a dizer.

— Tudo bem, DJ — disse eu, finalmente quebrando o silêncio — O que está acontecendo?

Ela respirou fundo, preparando-se para falar. Eu sabia que essa conversa mudaria alguma coisa, e estava pronta para enfrentá-la, seja lá o que fosse.

Dinah se acomodou na cadeira, com uma expressão que misturava preocupação e seriedade. O café em sua xícara esfriava lentamente, mas ela parecia ter perdido o apetite. As palavras que estavam prestes a sair de sua boca eram pesadas, e eu estava preparada para o que viesse.

— Lauren — começou Dinah, sua voz firme, mas com um tom que demonstrava sua ansiedade —, eu tenho algo importante para te contar sobre a Camila.

Eu tomei um gole do meu café, tentando me preparar para o que viria. A expressão dela não deixava dúvidas de que algo grave estava acontecendo.