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Eu não sou um policial convencional. Eu sou do BOPE, da Tropa de Elite da polícia militar. Na teoria a gente faz parte da Polícia Militar, na prática o BOPE é outra polícia. Nosso símbolo mostra o que acontece quando a gente entra na favela. E a nossa farda não é azul, parceiro. É preta.
O BOPE foi criado pra intervir quando a polícia convencional não consegue dar jeito. E no Rio de Janeiro... isso acontece o tempo todo. Meu nome é Capitão Nascimento, eu chefio a equipe Alfa do BOPE. Eu já tava naquela guerra faz tempo... e tava começando a ficar cansado dela.

Bato a arma contra mesa e passo a mão no rosto, mais de 6 horas de operação. 2 homens do Bope feridos e 2 mortos.
É foda pra caralho, colocamos a cara todos os dias para proteger cada morador dessa cidade, deixamos família em casa, abrimos mão de tempo de qualidade com os amigos, acordamos cedo e dormimos tarde, as vezes não sobra tempo nem para dormir. Dedicamos nossas vidas, nosso preparo físico, não tem doença que nos pare, muito menos dias ruins.
2 homens honestos da minha equipe mortos e a mídia só fala dos traficantes que matamos, os mesmos que faziam inocentes de reféns, que desciam para a pista para roubar pobre trabalhador que estava saindo do serviço. Cada um com o histórico pior que outro.
A gente entra, resolve o problema e depois é que a imprensa vem.
Isso aqui é guerra, e guerra é guerra.

- Pereira - Chamo o meu auxiliar enquanto me levanto colocando a arma na cintura.
- Sim capitão.
- Termina de assinar essa papelada e depois tá dispensado.
- Sim senhor. Pereira fala me observando e logo em seguida ocupando meu lugar na cadeira.

A verdade é que eu precisava ficar sozinho e lidar com esse sentimento de perder meus homens, sozinho! Não podia demostrar tudo que estava sentindo ali em público. Sempre digo que o homem de preto entra na favela para matar e não para morrer, mas às vezes é inevitável. Infelizmente corremos esse risco todos os dias, essa é a nossa realidade!

A minha cidade tem mais de 700 favelas. Quase todas dominadas por traficantes armados até os dentes. É só nego de AR-15, pistolas Uzi, HK e por aí vai... No resto do mundo este tipo de armamento é usado na guerra. Aqui, são armas do crime. O que aconteceu no Rio de Janeiro era inevitável. A verdade é que a paz nesta cidade depende de um equilíbrio delicado entre a munição dos bandidos e a corrupção dos policiais. No Rio de Janeiro, quem quer ser policial tem que escolher: ou se corrompe, ou se omite, ou vai para a guerra. Os policiais convencionais não são treinados para a guerra.

Oi gente, espero que gostem  :)
Não esqueçam de curtir e comentar o que estão achando💗

Com amor, Capitão Nascimento Onde histórias criam vida. Descubra agora