Depois do ocorrido com o Beto eu não encontrei ele em nenhum lugar e eu agradecia muito por isso. Não entendi e até agora não entendo o que aconteceu, mas não me permiti ficar martelando isso na mente.
Não tenho tempo para imaturidade de ninguém.- Amiga eu não sabia da existência dessa ONG lá no Turano. - Alice fala descendo as escadas da faculdade.
- Amiga eu também não. - Falo parando de andar fazendo Alice olhar para trás confusa. - Pensando aqui, minha vó vai pirar quando eu contar que vou pra favela fazer trabalho da faculdade. - Falo e continuo descendo
- Vai mesmo. - Alice me responde rindo.
- Não vou falar nada pra ela hoje, ela já vai ficar preocupada quando eu falar que vou sair hoje mais tarde. - Falo me virando para Alice. - Uma coisa de cada vez se não o coração da Dona Celina não aguenta.
- Me manda foto da roupa que você vai amiga, vou pra casa me arrumar e te encontro na frente do seu prédio.Não aguentava mais ficar em casa com a minha vó, amo ela mas às vezes preciso ficar longe um pouco. Minha vó me sufoca com as preocupações excessivas, eu entendo que ela me ama e se preocupa mas as vezes eu só quero me desligar um pouco e sair com meus amigos.
Saio da faculdade olhando para a tela do meu celular tentando pela milésima vez entrar no aplicativo e pedir um Uber, o trânsito ficou péssimo de uma hora pra outra, completamente parado. Não passava nada de um lado da pista.
- Que porra é essa de usuário bloqueado. - Falo entrando mais uma vez no aplicativo.
Não estava tão tarde, mas também não seria uma boa ideia ir a pé sozinha pra casa.
Não passava um ônibus e o vento gelado piorava mais ainda a situação, no Rio de Janeiro quase nunca faz frio, mas justo no dia que não consigo ir para casa ele resolve congelar.Um carro preto com o símbolo do Bope encosta próximo a calçada e eu observo bloqueando o celular. Só me faltava essa. Prendo a respiração assim que percebo as janelas se abaixando devagar.
Eu não sei o que ele queria e preferia continuar não sabendo.- Quer uma carona? - Beto fala me olhando com um sorriso de lado.
- Não obrigada. - Falo séria.
- Entra no carro. - Ele fala e eu olho séria para ele. - Por Favor.
- Você é surdo? - Falo encarando ele séria.Ele está pensando o que? Que eu perdoaria só de olhar pra cara dele? Que cara sem noção!
- Clara, tá um trânsito do caralho. Me deixa te levar pra casa. - Beto fala e destrava a porta. - Entra.
- Já falei que não quero, você é surdo?
- Vamos conversar como dois adultos? - Beto fala olhando pra frente e voltando o olhar para mim logo em seguida. - Entra no carro e escuta o que eu tenho pra te falar.
- Agora você resolveu ser adulto? Engraçado, muito engraçado. - Falo soltando uma risada ironia.
- Caralho Clara, entra logo na porra do carro. - Ele fala me fuzilando com os olhos. - Me deixa pelo menos te levar em casa, tá ficando tarde e o trânsito tá parado, tem acidente na estrada.Qual seria a minha outra opção, ir sozinha para casa e ser roubada? Ficar esperando a boa vontade do aplicativo abrir?
Não queria entrar naquele carro com ele, não naquela situação. Não com a paranoia que ele poderia ser casado. Isso explicaria muita coisa.
Respiro fundo e abro a porta do carro, nunca entrei em um carro de polícia convencional, muito menos em um do Bope.Beto observa eu me ajeitar no banco que por sinal era muito diferente dos carros comuns e logo dá partida em sentido a nossa rua.
Logo em seguida observo ele pegar o rádio que estava no porta-luvas e um barulho logo em seguida.- 06 pode liberar o trânsito. - Ele fala e logo em seguida me olha de lado com um sorrisinho cafajeste no rosto. - Já peguei ela.
Caralho que filho da puta. Ele fez aquilo de propósito e não sente um pingo de vergonha nisso.
- Você é muito babaca. - Falo virada para a janela. - Mais do que eu pensei.
- Foi a único jeito de falar com você. - Ele fala e sinto seus olhares sobre mim.
- Atrasando minha vida? - Falo por fim me virando pra ele.
- Chamando sua atenção. - Ele fala encostando o carro em uma rua escura. - Quer comer alguma coisa?
- Quero ir pra minha casa. - Falo tentando abrir a porta mas estava travada. - Pode abrir por favor?Beto fica alguns segundos calado me observando, parece que ele estava em outro mundo.
- Desculpa. - Ele fala baixo saindo como um sussurro. - Tive um problema pessoal e não soube lidar com a notícia e acabei descontando em você.
Foi a minha vez de ficar em silêncio, eu precisava perguntar, eu tinha que perguntar.
Respiro fundo e desvio o olhar algumas vezes.- Roberto, você é casado? - Pergunto prestando atenção em sua reação.
- Eu era. - Ele responde naturalmente. - Meu casamento durou 20 anos.Fiquei um pouco surpresa, 20 anos é muito tempo. Nem eu tenho 20 anos ainda.
- Minha ex mulher não entendia meu trabalho, na verdade ainda não entende. - Beto continua e eu presto atenção em cada palavra.
- Ainda não entende? - Pergunto curiosa.
- Temos um filho juntos, Rafael - Ele fala tirando a carteira do bolso e tirando uma foto da mesma me entregando. - Ele completa 3 anos esse ano, é muito esperto.Pego a foto de sua mão e percebo a semelhança entre os dois, a sobrancelha, o formato dos olhos e a boca.
- Ele é lindo. - Falo ainda olhando a foto. - Vocês se parecem bastante.
- Tá dizendo que sou lindo? - Ele fala me arrancando uma risada tímida. - No dia que eu saí da sua casa ela estava no meu batalhão, por isso saí daquele jeito.Não sabia se ele estava sendo sincero e contando tudo, mas estava sendo bem convincente.
- Errei com você e quero consertar isso. - Ele fala se aproximando mais e colocando meu cabelo atrás da orelha. - Me perdoa?
oiie, gente me atrasei porque eu escrevi mais de 3 vezes esse capítulo, cada um de um jeito. Kkkkkkk
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Com amor, Capitão Nascimento
FanfictionOs opostos se atraem ou se machucam? Capitão Nascimento chefia a equipe alfa do Bope, depois de sua separação se muda para um apartamento onde conhece Clara. Suas vidas são completamente diferentes, mas o desejo toma conta dos dois desde o primeiro...