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ο яєѕgατє

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ο яєѕgατє

NAQUELA NOITE SOMBRIA, O NAVIO balançava suavemente nas águas revoltas, e uma névoa densa envolvia a embarcação da proa à popa. Ivar, o Idiota, segurava uma lanterna trêmula, cuja luz mal conseguia penetrar o véu de bruma. Suas botas de pele de coelho afundavam no convés molhado, e o ar estava impregnado com o cheiro metálico das gaiolas de dragões.

Os rosnados dos dragões ecoavam, abafados pelas barras de ferro. Cada gaiola abrigava uma fera diferente: alguns pequenos e ágeis, outros imensos e intimidadores. Amordaçados e acorrentados, eles lançavam olhares furiosos para Ivar, suas escamas brilhando momentaneamente sob a luz dourada da lanterna antes de desaparecerem na névoa fantasmagórica.

O turno da noite era perigoso, especialmente em um clima como aquele. Um passo errado poderia levá-lo a uma lança, bater sua cabeça em uma gaiola ou, pior ainda, colocá-lo ao alcance de um dragão vingativo. Mesmo algemados, esses seres alados tinham presas afiadas e garras letais.

Ivar se aproximou de uma gaiola grande, onde um dragão esbelto se encolhia. Sua pele era de um tom azul-acinzentado, e suas asas membranosas tremiam de ansiedade. A espécie era desconhecida para Ivar, mas ele sabia que valia uma fortuna no mercado negro. Ao bater a lança nas barras, ordenou com voz firme: ━ Quieto!

O dragão recuou, emitindo um rosnado baixo e ameaçador. Mas algo incomum chamou a atenção de Ivar. Um clique suave, como o som de um alçapão se abrindo. Ele franziu a testa, alerta. O que poderia ser aquilo? Seria uma armadilha preparada por algum inimigo oculto?

Através da névoa espessa, Ivar vislumbrou um trecho mais escuro, delineando-se no convés como a silhueta de um homem. Um sobressalto percorreu sua espinha. Quanto tempo aquele estranho estivera ali, envolto na bruma? Talvez fossem meras ilusões, típicas desse clima. No entanto, a mão esquerda da sombra faiscou em chamas, e uma espada finamente ornamentada ardia com um brilho intenso. O estranho se revelou: um corpo alto e magro, envolto dos pés à cabeça em uma armadura negra. Seu rosto permanecia oculto sob um capacete assustador, adornado com traços de vermelho brilhante que pareciam se estender até poços infinitos onde os olhos deveriam estar. À medida que a luz aumentava, Ivar percebeu lampejos no material da armadura, como se fossem as escamas de uma serpente colossal.

Ivar ficou momentaneamente sem palavras, mas reuniu coragem para perguntar ao estranho: ━ O que é você?

Talvez fosse um deus, embora muito magro para os padrões divinos. No entanto, ninguém usava uma vestimenta tão singular ou empunhava uma arma tão estranha.

O estranho levou um dedo aos lábios, emitindo um abafado ━Shhhh…━ Um rosnado ecoou atrás dele, arrepiando os pelos da nuca de Ivar. Era um som baixo, estrondoso, que o fez ofegar. Ivar girou nos calcanhares e, na penumbra, viu uma linha de placas dorsais de dragão brilhando em azul luminescente. Ao lado da gaiola, repousava um dragão que ele só conhecera por meio de contos e lendas: uma criatura tão negra quanto a própria noite.

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