quanta sorte

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Mesmo acostumado com o procedimento do exame por conta de ter estudado e se especificado na obstetrícia, ele não conseguiu segurar a emoção quando o seu filho apareceu na tela ao lado do monitor

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Mesmo acostumado com o procedimento do exame por conta de ter estudado e se especificado na obstetrícia, ele não conseguiu segurar a emoção quando o seu filho apareceu na tela ao lado do monitor.

— Vejam só como esse garotão já tá grande para o tempo gestacional. Que coisa boa, Gio. – Rodrigo disse feliz, ele moveu o aparelho melhor para conseguir uma visão boa.

— Eu to grávida mesmo. – ela falou sem tirar os olhos da tela. era impossível tirar seus olhos dali.

Estava carregando um bebê, quando no começo de tudo só queria dar uns pega no ginecologista bonitão.

— O tamanho da placenta tá adequada para o tamanho dele, Rodrigo? – Alexandre questionou todo concentrado e ao mesmo tempo emocionado.

Ele ficou de pé e se aproximou do monitor maior que ficava em frente a maca que ela estava deitada.

— Tá tudo bem com ele? – Giovanna franziu o cenho.

Era a única ali que não entendia absolutamente nada sobre o assunto. Ser mãe ainda era um assunto muito complexo para ela, e as vezes se perdia entre o medo e a felicidade.

— Não fica preocupada, amor. Só quero checar pra não ter o risco dele crescer mais do que a bolsa suporta.

Ele percebendo que havia deixado ela preocupada, fez questão de acalma-la.

Alexandre voltou para perto dela e deixou um beijo em sua testa. Olhou para o amigo que estava concentrado e em silêncio.

— Rodrigo? – ele chamou sua atenção.

— Você quer trocar de lugar comigo e virar obstetra da sua mulher, Nero? Cadê seu profissionalismo? – ele fez a piadinha que queria ter feito a muito tempo.

— Eu só quero que você..

— Eu sei o que eu tenho que fazer, fica de boa aí que o seu filho tá ótimo. O tamanho tá excelente e o jeito que ele não para de se mexer significa que está gostando de morar na barriga da mamãe. – ele brincou e viu o sorriso nascer no rosto da loira.

— Podemos ouvir o coração?

— Claro. Só deixa eu trocar de monitor, tá? – ele retirou o aparelho dela com cuidado. — Pode fechar as pernas e relaxar, vou deitar mais a maca pra te deixar reta.

Rodrigo arrastou o aparelho para mais perto, enquanto isso Alexandre se encarregou de cobrir as pernas dela e as partes íntimas com um lençol propício para isso.

Ele mesmo afastou o pano que cobria a barriga dela, se abaixou para deixar um beijo ali e sorriu ao receber um carinho dela em seus cabelos.

Quando ele se afastou, Rodrigo espalhou um líquido no abdômen dela com cuidado.

— Eu sei que é gelado, me desculpa por isso.

— Não tem problema. – ela sorria.

Outra vez a imagem do neném apareceu na tela, estava se mexendo e dando pulinhos lá dentro. Giovanna viu Alexandre enxugando uma lágrima e sorriu mais ainda.

— Eu tinha que estar gravando isso. Não sei quantos anos de amizade e eu nunca vi esse cara chorar. Olha só o que você fez, Gio. – Rodrigo brincou.

Alexandre limpou o rosto e olhou para o amigo de cara fechada, em seguida procurou os olhos dela e sorriu.

Não conseguia não sorrir pra ela. Pra tudo que ela vem fazendo em sua vida. Pra tudo que ela vem lhe dando.

Ouviram o som do coração agitado do bebê e Rodrigo tirou suas dúvidas de mãe de primeira viagem.

Ao final da consulta eles saíram do consultório de mãos dadas, Alexandre propôs que eles almoçassem fora para comemorar e ela aceitou.

Alessandra encheu o celular dela de mensagens e suas lamentações por não ter estado na hora do exame por conta de uma viagem de família para Curitiba.

Chegaram no restaurante e fizeram os pedidos, assim que o garçom se afastou ele pegou na mão dela em cima da mesa.

— Tá feliz?

— Eu to muito feliz.. Eu to bem feliz. Mas eu também to morrendo de medo. E você? – ela apertou a mão dele.

— Eu to realizado. Você não sabe o quanto eu quis ser pai em toda minha vida. Mas eu entendo o seu medo, eu também to sentindo esse medo. Se você quiser saber de alguma coisa que não quis perguntar ao Rodrigo, pode perguntar pra mim. – os dedos deles se entrelaçaram por cima da mesa.

— Minhas dúvidas não são em relação ao bebê, são em relação a mim. Maternidade me assusta um pouco, eu não quero falhar, não quero errar com esse neném.

Alexandre sorriu. Ela nem fazia ideia do quanto estava linda desse jeitinho tão protetora com o neném deles.

— Meu amor, me escuta com bastante atenção. Eu te garanto que você vai errar. Todos os dias vai pensar que poderia ter feito melhor, mas a verdade é que não. Nosso filho vai te ensinar a ser mãe. Um dia de cada vez, errando e acertando. Eu vou estar com você.

— Eu quero muito te dar um beijo agora. – ela falou com os olhos marejados.

Alexandre puxou a cadeira ao seu lado e olhou pra ela.

— Vem cá, senta aqui comigo.

Quando ela sentou ao seu lado, puxou o rosto dele para um beijo calmo, sem muita intensidade por estarem em um local público.

— Tá na hora de você me falar quais são os seus medos.

A comida chegou, e entre uma garfada e outra, ela olhou na direção dele esperando pela resposta.

— Bom, são os mesmos que você tem. Medo de não ser bom pai, medo de falhar nas minhas decisões, no jeito de educar, aconselhar, criar um ser humano. Eu não te disse antes, mas perdi os meus pais muito cedo e me sentia despreparado pra ter filhos. Ao mesmo tempo que eu queria muito que isso um dia acontecesse, me pegava pensando que poderia morrer e deixar meu filho sem pai assim como eu fiquei, sabe?

Giovanna acariciou o braço dele e deixou um beijo em seus bíceps por cima da camisa.

— Amor, eu não fazia ideia. Eu sinto muito.

— Obrigado. Quem mandou a gente correr antes de aprender a andar, né? Quase não sabemos nada um sobre o outro, mas eu não ligo. Temos tempo.

Ela só pensava na sorte que o seu bebê tinha de ter um pai como esse.

intercourse | gnOnde histórias criam vida. Descubra agora