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O crepúsculo tingiu o céu de vermelho e dourado quando Frederic chegou à propriedade de Josephine. Paredes de pedra que outrora branca e imaculadas, agora mostram traços de musgo e fissuras, janelas altas, com molduras de madeira escurecidas pelo tempo, oferecendo vislumbres de um interior rico em história.
Caminhando calmamente, apesar da urgência de seus assuntos, o príncipe observava com cuidado os detalhes da residência. Comprimentou alguns criados, quando encontrou com o mordomo cuidado do jardim.
- Vossa Alteza, que honra de sua visita - disse ele, abaixando levemente a cabeça em respeito - Como posso ajudá-lo?
- Onde está Josephine? Eu gostaria de falar com ela - perguntou com certa inquietude na voz.
- Está na biblioteca, caso queira, posso levá-o até lá.
O príncipe assentiu e ambos foram até a biblioteca. Ao entrar na propriedade, era notório um ambiente grandioso, que entretanto, carregava o peso do tempo. O hall de entrada adornado de tapeçarias desbotadas e retratos de ancestrais que observavam os visitantes. O piso de madeira, que rangia a cada passo, conta histórias de passos dados por gerações.
Enquanto andavam pelo corredor, um dos quadros chamou a atenção de Frederic. O príncipe por um momento, se viu com a atenção fixa em um par de olhos escuros, um rosto delicado mas firme, cabelos que se estendiam sobre os ombros dando um aspecto de elegância.
- Quem é essa? Josephine? - perguntou ele, aproximando-se do quadro.
- Oh - começou Jeffrey, sendo pego de surpresa pela pergunta - Esse é um retrato da mãe da madame. Viviane Roux.
- Roux? Entre os estrangeiros que conheço, jamais ouvi falar desse sobrenome, muito menos entre os nobres.
- Tem uma explicação, alteza. Após o tratado, muitas famílias estrangeiras que estavam em seus momentos de glória foram apagadas, e apenas sobrou resquícios deles por essas terras.
- Vocês são um exemplo imagino - disse Frederic virando-se para Jeffrey, gesticulando que continua-se a guiá-lo.
- Sim - respondeu o mordomo - Entre as 12 casas conhecidas por suas glórias e méritos, éramos a décima primeira casa. Fomos umas das poucas famílias estrangeiras que conseguiram tal feito.
- Quais eram as outras famílias? - perguntou o príncipe, intrigado.
- Alteza, não sabe muito sobre a história que envolve o tratado?
- Infelizmente não, fui muito pouco informado sobre ele. Apenas soube de seu principal objetivo, que era fazer uma nova organização territorial entre as 12 principais casas que auxiliavam o conselho.
- Muito bem, se me permite, vou lhe contar o que sei - disse o mordomo, virando levemente a cabeça esperando um sinal.
O príncipe assentiu com a cabeça e o mordomo limpou a garganta antes de continuar.
- De certo modo, sim está correto sobre o objetivo do tratado. Mas também havia outra finalidade, que era enfraquecer ou atordoar o crescimento acelerado das novas famílias que vieram do outro continente.
- Prossiga - disse o príncipe, levemente espantado.
- Por conta disso, as famílias estrangeiras ficaram revoltadas, pois suas terras, recursos e também povo estavam sendo retirados deles sem qualquer grande justificativa. Com isso, os chefes das famílias Blacklock e Laurent queriam partir para uma iniciativa mais agressiva, entretanto, o avô da senhorita Josephine abordou por uma tentativa diplomática.
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A Morte veste Vermelho
FantasyUm reino dividido entre neve e intrigas políticas, liderados por uma mão de ferro. Uma figura enigmática surgiu, moldado pela guerra. Uma mulher, em que adormecia em seu interior, um desejo de justiça e vingança. O príncipe, movido pelo sofrimento d...