1
Frederic estava cercado por um jardim bem cuidado. Fontes e estátuas de heróis passados ofereciam um ambiente agradável. Apesar da beleza, era também sua área de treinamento particular. Estava praticando com seu arco, aprimorando sua precisão.
Sua área de treinamento estava em terrenos mais afastados do palácio. Cercado por altas muralhas de pedra, grandes portões de ferro forjado, guardados por soldados de confiança.
- Esvaziando a cabeça? - disse Eleanor, aproximando-se observando o boneco de palha coberto por flechas.
- Ao menos, tentando - disse ele, colocando sobre a mesa ao lado seu arco.
- O que lhe preocupa? - perguntou Eleanor, gesticulando para ele se sentar em uns dos bancos de pedra ali próximo.
- Sendo sincero, o que você faria, caso em simples semanas se encontrasse encantado por uma pessoa?
- Oh, pergunta interessante - dizia Eleanor, sendo pega de surpresa - Talvez, tentar me aprofundar mais nesse sentimento. Às vezes, nos apaixonamos falsamente por pessoas, e acreditamos cegamente que aquilo é real - disse ela, arrumando seu chapéu.
- E como posso ter certeza que isso é real? Digo, eu a conheço apenas a algumas semanas, como posso ter me deixado levar dessa forma? - dizia príncipe, passando as mãos sobre o cabelo.
Eleanor suspirou, buscando uma forma coerente o suficiente para explicar o que o príncipe sentia. Apesar de Frederic ter conhecimento sobre a paixão, um imenso mistério estava transitando sobre sua mente o deixando seriamente perdido.
- Acredito - começou Eleanor - Que o amor vai além do tempo, posso ser ingênua quando a isso. Todos nós temos um certo período onde podemos nos apaixonar, uns mais cedo, outros mais tarde.
- Talvez tenha razão, isso retira mais as dúvidas de meus ombros.
- Mas você ter se apaixonado tão rapidamente, essa moça deve ser bastante especial - dizia Eleanor rindo - Você geralmente é o típico cavaleiro que não dá muita atenção ao romance.
- Se for para me zombar, faça isso quando eu estiver com um humor, assim você pode jogá-lo para baixo. Nesse momento, já estou no chão derrotado.
- Frederic, há muito em jogo, e creio que seu foco está ofuscado por conta dos últimos acontecimentos. Mas vá um degrau de cada vez, aproveite esse tempo de suspiro para resolver suas questões mais pessoais. Precisamos de um líder, e não de um rapaz apaixonado ou de coração partido - disse ela, colocando a mão sobre o ombro do príncipe.
- Obrigado Eleanor, agradeço por ser a voz que me ajuda a manter a cabeça na direção certa.
- Caso eu não faça isso, tem altas chances de você enlouquecer - complementou ela, levantando-se rindo.
Frederic observou Eleanor caminhar calmamente, enquanto isso, ponderava sobre o que fazer. Em meio ao seu raciocínio, buscou a solução mais direta, ir na fonte de suas dúvidas, Josephine.
2
O sol estava começando a se pôr quando Frederic chegou à casa de Josephine, os raios dourados do entardecer iluminavam a propriedade envelhecida. Ele desmontou do cavalo e entregou as rédeas a um dos criados, seus pensamentos girando em torno das dúvidas que haviam até ali.
Josephine estava na entrada discutindo sobre algum assunto com Madalena. Ao ver o príncipe, ficou surpresa, mas rapidamente recompôs-se.
- Alteza, não esperava vê-lo hoje. Aconteceu algo de urgente novamente?
- Nada de urgente. Achei que uma visita poderia ser benéfica - disse ele, sorrindo para esconder a turbulência interna.
Eles caminharam pelo jardim, a noite se aproximando e trazendo consigo um ar de tranquilidade. O som dos passos sobre o cascalho do caminho e o canto distante criavam um ambiente pacífico.
Frederic observou Josephine enquanto ela descrevia as flores e plantas ao redor. Ele não conseguia deixar de admirar a graça com que ela se movia. Mas, eram esses sentimentos de admiração ou algo mais profundo. Isso ponderava sobre sua mente intensamente.
Depois de um tempo, eles se dirigiram à biblioteca. A sala repleta de livros e a lareira crepitante, parecia o lugar ideal para uma conversa honesta. Frederic sentou-se em uma das cadeiras, buscando encontrar as palavras certas, enquanto Josephine procurava em suas estantes um livro na qual estava lendo.
- Josephine - começou ele - Esses últimos dias têm sido intensos. E lhe agradeço profundamente por ter nos dado um momento de suspiro. Mas, há algo mais que está me perturbando.
- E o que seria? - disse ela, arqueando uma sobrancelha, curiosa.
- Tenho me perguntado sobre meus sentimentos. Admiração, respeito….e talvez algo a mais. Não sei se estou confundindo as coisas devido à tensão que estamos enfrentando, mas sinto algo forte em relação a você.
Josephine ficou em silêncio por um momento, avaliando as palavras do príncipe. Ela colocou o livro sobre a mesa, seus olhos penetrantes fixos nos dele.
- Alteza, a situação em que estamos é complexa e intensa. É natural que desenvolvamos sentimentos fortes em meio a tudo isso - Ela parou por um instante, tentando organizar os pensamentos - Nossas decisões agora não afetam apenas a nós, mas também o destino de muitos outros. Precisamos ser cautelosos.
- Compreendo. Não quero que minhas emoções comprometam nossos objetivos. Mas precisava ser honesto com você.
Josephine sorriu suavemente, colocando uma mão reconfortante no braço dele.
- A honestidade é importante. E independentemente de onde esses sentimentos nos levam, nossa prioridade deve ser garantir um futuro melhor.
- Certo, tem razão - disse ele, colocando a mão sobre a dela.
A conversa continuou, mas agora havia uma nova compreensão entre eles. Frederic sentia-se mais leve, suas dúvidas esclarecidas. Ele sabia que qualquer que fosse a natureza de seus sentimentos, ele e Josephine tinham um objetivo comum que os unia.
Entretanto, a partir em seu cavalo, Frederic ainda sentia certa impertinência em sua mente. Todavia, conformado que tinha encontrado uma aliada inestimável, que talvez, algo mais que ele ainda estava por descobrir.
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A Morte veste Vermelho
FantasiUm reino dividido entre neve e intrigas políticas, liderados por uma mão de ferro. Uma figura enigmática surgiu, moldado pela guerra. Uma mulher, em que adormecia em seu interior, um desejo de justiça e vingança. O príncipe, movido pelo sofrimento d...