A Morte veste Vermelho

Capítulo 23: O Ataque

1

Frederic estava montado em seu cavalo, ao lado de Sir Alistair e seus homens. O crepúsculo pintava o céu com tons de vermelho e laranja, prenunciando a violência que estava por vir. Ele olhou para Alistair cujos os olhos estavam fixos na direção das terras de Josephine.

- Alteza - começou Alistair, sua voz grave - Está pronto para isso?

- Não temos escolha. Meu pau não nos deixa outra alternativa - disse Frederic, com seu coração pesado com a dor.

Os homens montaram em seus cavalos, armados e prontos. Eles avançaram, cada passo levando-os mais perto das terras de Josephine.

2

Josephine estava em seu quarto, perdida em pensamentos sobre seus próximos passos e a recente situação na qual as coisas caminhavam. De repente, um ruído distante chamou sua atenção. Ela se aproximou da janela e seu coração parou ao ver o horizonte iluminado por chamas.

As vilas que estavam sob sua proteção estavam em chamas, o fogo se espalhando rapidamente. Seus olhos se arregalaram de horror enquanto observava o caos abaixo. No meio do exército que avançava, ela reconheceu uma figura familiar.

Frederic.

Seus punhos fecharam rigidamente, sentia suas unhas machucarem sua mão. Entretanto, sua mente entrou em uma espiral de confusão e desespero que a impedia de sentir dor. Ela se afastou da janela, tentando processar o que estava vendo.

As memórias vieram como um frenesi. Anos passados foram revividos em questão de instantes, Josephine sentia seu peito apertar em agonia. Além de lembranças torturantes, o homem que havia começado a amar estava liderando um ataque contra ela. 

- Ele deve ter uma razão - murmurou ela para si mesma, tentando se agarrar à esperança, a algum meio de escapar de tamanha dor - Frederic não faria isso sem um motivo.

Mas sua racionalidade gritava alto e claro. Trazendo a realidade. Ele havia tirado sua paz, sua liberdade que mal havia recuperado completamente. Suas terras novamente devastadas, queimadas, reduzidas a simples cinzas que seriam levadas pelo vento e esquecidas.

3

Enquanto o exército avançava, Sir Alistair observava Frederic com uma mistura de respeito e preocupação.

- Estava fazendo a coisa certa, alteza?

Frederic não respondeu imediatamente, seus olhos fixos nas chamas e na casa de Josephine à distância.

- Não há coisa certa ou errada aqui, Alistair. Apenas escolhas difíceis.

O exército de Frederic cercou a residência de Josephine. Os soldados começaram a invadir, espalhando o caos. Frederic, porém, hesitou ao se aproximar da entrada.

4

Jeffrey entrou no quarto apressadamente, segurando em uma das mão uma espada. Seu cabelo estava bagunçado, e era visível em seu corpo que havia entrado em um conflito momentos atrás.

- Minha senhora, Madalena e grande parte dos criados já foram evacuados. Vim garantir sua segurança e sua saída.

- Os vilarejos? - perguntou Josephine, tentando recuperar os sentidos.

- Infelizmente, não pudemos fazer nada, senhora. Alguns dos criados decidiram ficar e lutar para garantir sua fuga. Não temos tempo, precisa sair imediatamente.

- Compreendo, vou garantir que o sacrifício deles não seja em vão - disse Josephine, com dor em sua voz.

Ambos saíram apressadamente. Jeffrey havia preparado uma montaria para levar Josephine até a residência dos Blacklock, o local mais próximo e seguro que conhecia.

Enquanto Jeffrey galopava o mais rápido possível. Josephine observava sua residência distancia-se, começando a entrar em chamas e o som de combate ecoar a distância.

Seus pensamentos estavam silenciosos pelo choque. Mas, a cada instante tornava-se crescente sua raiva, e seu semblante apático mudava.