Capítulo 15: Entre a Raiva e o Conforto

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1

Frederic estava no salão do trono, ainda sentindo a tensão do confronto com seu pai. A atmosfera estava carregada de hostilidade. O rei, levantou-se do trono, em pé, olhou severamente para seu filho.

- Filho, acredita que pode ir contra mim? Me desafiar? - sua voz era fria e implacável.

- Não é questão de desafiar, pai - respondeu Frederic, tentando manter a calma - É uma questão de bem-estar do nosso povo. Você não pode continuar ignorando aqueles que confiaram suas terras, suas famílias, suas gerações de dedicação e obediência para depois serem tratados como nada.

- Você tem a mesma visão de sua mãe. Ela era fraca, e tal fraqueza a levou à morte.

Frederic cerrou os punhos, sentiu uma onda de raiva e tristeza.

- Minha mãe morreu de uma enfermidade, pai. E, em parte, do desgosto por ver seu marido ser um homem cruel, que jamais ouvia, mesmo ela querendo o melhor para você.

- Sua mãe era uma sonhadora, vivendo em um mundo de fantasia. Governar um reino exige força e determinação, não idealismo.

- Mas essa força que você prega é o que está destruindo nosso reino - retrucou Frederic, com voz firme - Se não mudarmos, não restará nada para governar.

- Chega dessa tolice - disse o rei, com sua voz ecoando pelo salão - É bom medir suas palavras na minha presença, não é porque é meu filho que serei misericordioso em sua punição.

2

Após o confronto com seu pai, Frederic caminhava pelos corredores do palácio, iluminados apenas pelo suave brilho do luar que se infiltrava pelas janelas. Seus passos ecoavam no silêncio da noite, refletindo a turbulência em sua mente. Ele precisava de um momento para respirar, para pensar.

Enquanto passava por um dos longos corredores, ele avistou Eleanor. Ela estava parada perto de uma das janelas, aparentemente perdida em seus próprios pensamentos. Quando ela percebeu a presença de Frederic, se virou, seus olhos azuis brilhando à luz da lua.

- Alteza - disse ela, suavemente, dando um passo em sua direção - Eu ouvi o confronto com seu pai. Como você está?

- Novamente, não foi fácil. Agora entendo minha mãe, quando ela me avisou sobre meu pai apenas escutar o que quer.

- Não me surpreende. Às vezes perguntei para a titia o que ela viu no seu pai, sem ofensas, Frederic.

- Está tudo bem, quando era pequeno também também perguntei para ela sobre isso.

Eleanor colocou uma mão no ombro de Frederic, oferecendo um sorriso reconfortante. Depois gesticulou para ambos caminharem pelo corredor enquanto conversavam.

- Seu pai é um homem de outra época, com uma visão rígida de poder. E você, vem de uma geração na qual tem uma visão mais aberta. Você está tentando algo diferente, algo melhor, não deixe que ele o desanime.

- Obrigado, Eleanor. Às vezes, parece que estou lutando uma batalha impossível.

- Você não está sozinho nessa, Frederic. Existem pessoas que acreditam em você, que estão dispostas a lutar ao seu lado. Mesmo que duvide que não é capaz de ser rei, você está lutando pela felicidade daqueles que ama, mesmo que tenha que sacrificar diversas circunstâncias. Você ainda está lutando.

- Talvez tenha razão. Preciso de um tempo para refletir sobre tudo isso.

- Por que não visita Josephine? Pelo o que posso ver, é ela quem garante uma certeza quando se trata de seus pensamentos.

- Estava pensando em fazer isso, faz um certo tempo que não temos um momento a sós - disse Frederic, com um sorriso meigo.

- Você fica totalmente diferente quando apenas o nome dela é mencionado. Vá, eu garanto que fará bem a você.

Frederic sentiu uma euforia subir por todo seu corpo. Seus olhos se encheram de um brilho intenso, e estava com um sorriso entusiasmado.

3

Decidido, Frederic deixou o palácio e seguiu em direção à casa de Josephine. O caminho estava quieto, apenas o som do galopar de seu cavalo e o murmúrio distante da cidade quebrando o silêncio da noite. Ele pensava nas palavras de Eleanor e na força que sempre encontrava em Josephine.

Quando chegou à casa de Josephine, a luz suave de uma vela brilhante em uma das janelas, indicando que ela ainda estava acordada. Ele bateu levemente na porta e a esperou.

Josephine abriu a porta, surpresa mas feliz ao ver Frederic.

- Frederic, o que o traz aqui a essa hora.

Frederic gesticulou, pedindo permissão para entrar. Josephine assentiu e permitiu. Frederic entrou, seu rosto mostrando cansaço e frustração, mas também felicidade ao ver Josephine.

- Apenas queria lhe ver. Tive um confronto com meu pai, e precisava descansar, e como você me traz paz e tranquilidade. Decidi vir - disse o príncipe, com o rosto um pouco avermelhado.

Josephine sentiu certo abalo com as palavras do príncipe. Mas fechou a porta e guiou Frederic até a sala de visitas.

- Sente-se, conte-me o que aconteceu.

Ele se sentou e começou a falar, desabafando sobre a discussão com seu pai, a constante batalha para fazer o que é certo. Josephine ouviu atentamente, seu olhar suave e compreensivo.

- Seu pai não vê o que você vê, Frederic. Mas isso não significa que você esteja errado. Às vezes, a minha ajuda é difícil de aceitar para aqueles que se apegam ao passado - disse ela, segurando sua mão.

Frederic sentiu uma onda de conforto enquanto Josephine falava.

- Obrigado por estar aqui. Você é meu conforto em meio a tempestade.

Ela sorriu, apertando levemente sua mão.

- Estamos juntos nessa, Frederic. E eu acredito em você, no que você está tentando fazer.

Eles continuaram conversando, compartilhando suas preocupações e esperanças. A conexão entre eles se aprofundava, e a noite parecia menos sombria com a presença um do outro.

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