1
Josephine estava eu seu jardim, na pequena residência que encontrava-se no centro dele. Sentando-se em uns dos bancos, observava o ambiente ao redor para tranquilizar sua inquietude.
Madalena aproximava-se, trazendo consigo um pouco de chá.
- Minha senhora? - pergunto Madalena, com a voz suave e preocupada.
- Sim? - disse Josephine, fixando seus olhos em Madalena - Peço desculpas, estava apenas viajando em meus pensamentos.
- Sirva-se um pouco, ajudará a relaxar os nervos - disse Madalena, entregando uma xícara de chá a Josephine.
- Obrigada, Madalena.
Josephine tomava um gole, porém suas preocupações caminhavam pelos porões de sua consciência. Porém, sua inquietude foi tranquilizada pelo toque reconfortante de Madalena em seu ombro.
- Deixe-me arrumar seu cabelo, você acordou e mal se arrumou corretamente - disse Madalena, penteado com os dedos o longo cabelo de Josephine - Lembro-me de quando era pequena, você bagunçava o cabelo de propósito para me arrumar logo em seguida. Sempre com a desculpa de que só eu sabia o jeito certo que seu cabelo ficava bonito.
- Mas eu sempre estive certa - disse Josephine - Você sabia fazer penteados que eu achava muito fantásticos. Até hoje ainda acredito nisso.
- Fico grata por ouvir isso - disse Madalena, fazendo tranças no cabelo de Josephine.
- Às vezes, sinto que me deixo levar demais por meus objetivos. E esqueço de viver, talvez eu devesse tirar alguns momentos de paz quando tudo isso acabar.
- Concordo plenamente. Eu adoraria vê-la aproveitando, principalmente com alguém do seu lado.
- Não me lembre disso, Madalena.
Madalena soltou pequena risada, que por vez, fez Josephine também sorrir honestamente enquanto sentia um peso sobre seus ombros sair momentaneamente.
- Obrigada, Madalena. Por sempre me ajudar a encontrar a paz.
- Não é preciso agradecer, sempre estarei ao seu lado quando a dificuldade decidir aparecer - disse Madalena, dando um pequeno beijo na testa de Josephine e logo despedindo-se.
2
Josephine estava em seu escritório quando Jeffrey surgiu para lhe entregar uma carta. O conteúdo dela era os resultados da reunião do conselho. Seus olhos escureceram ao ler que dois dos quatro reinos concordaram com a necessidade de manter a estabilidade antes de alterar o tratado. No entanto, outros dois reinos, incluindo o reino do príncipe Frederic e o reino de Terra Nova, discordam, argumentando que as rebeliões eram apenas uma fachada e poderiam ser facilmente controladas.
Ela colocou a mensagem de lado, refletindo sobre o próximo passo.
- Estamos em uma encruzilhada - disse ela.
- O que pretende fazer, minha senhora? - perguntou Jeffrey.
- Adianta o golpe de estado ou contar com a sorte e esperar o momento ideal? São opções que eu não gostaria de ter.
Josephine sabia que o tempo estava se esgotando. Os resultados da reunião significavam que os dois reinos contrários ao plano de estabilidade poderiam agir rapidamente, comprometendo toda a sua estratégia. Ela precisava decidir rapidamente se adiantaria o golpe de estado contra o rei ou se aguardava um momento mais propício.
Victor entrou na sala, interrompendo seus pensamentos.
- Josephine, minha cara, recebi a mesma mensagem. O que faremos agora?
-Temos que considerar todas as opções - respondeu Josephine, passando a mão pelos cabelos - Adiantar o golpe é arriscado, mas esperar pode ser ainda mais perigoso.
- Posso tentar fazer algo, mas seria arriscado para o Eadric.
- Vamos evitar fazer jogadas desse tipo, antes de tudo, precisamos reforçar nossas medidas de contra-ataque. Alguma informação sobre uma nova reunião? Acredito que vão precisar fazer mais uma para chegarem a um veredito.
- Até o momento não, mas vou lhe manter informada sobre qualquer movimento - acrescentou Josephine.
- Agradeço por isso.
Victor se despede apressadamente, e logo parte. Jeffrey observava toda a situação com olhos curiosos.
- Me impressiona que ele entra e sai dessa casa como se fosse dele.
- É o jeito dele, querendo ou não, foi graças a ele que pude chegar até aqui. Deixa ele com essa liberdade é justo ao meu ver - disse Josephine, cruzando os braços e suspirando fundo - Tenho que ser paciente nesse momento crucial.
3
Enquanto Josephine ponderava suas opções, no palácio real, Frederic enfrentava um confronto acalorado com seu pai, o rei. O príncipe estava decidido a expressar suas preocupações e suas visões para o futuro do reino, com esperanças que seu pai pudesse ao menos ouvir.
- Pai, nosso povo anda sofrendo cada vez mais. Não podemos continuar governando com base na força - disse Frederic, seu tom firme e resoluto.
- Você ainda é jovem e ingênuo - disse o rei, encarando seu filho com olhos frios - Este reino sempre foi governado com mão de ferro. É assim que mantemos a ordem.
- Mas isso tudo é baseado na opressão. Eu quero um reino onde meu poço tenha voz, onde a justiça prevaleça. Não quero ter que governar um povo que diariamente grita por socorro e dor.
O rei bufou, cruzando os braços.
- Você está sendo influenciado por ideais utópicos, filho. O mundo real não funciona assim. Os homens são animais gananciosos, caso seja fraco na presença deles, podem facilmente lhe tirar tudo. Nesse reino, os fracos morrem, a dor é passageira, e os fortes crescem e vivem.
- Como acha que cheguei até aqui. Seguindo sonhos utópicos? Acreditando em uma mudança? Muito pelo contrário, pude colocar essa coroa graças a minha força, e espero que possa fazer o mesmo - acrescentou o rei.
- Talvez o mundo real precise mudar - disse Frederic, com determinação nos olhos.
- Não tente ser um herói, filho - disse o rei, com seus olhos frios e penetrantes.
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A Morte veste Vermelho
FantasyUm reino dividido entre neve e intrigas políticas, liderados por uma mão de ferro. Uma figura enigmática surgiu, moldado pela guerra. Uma mulher, em que adormecia em seu interior, um desejo de justiça e vingança. O príncipe, movido pelo sofrimento d...