Ecstatic Shock - 1

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Havia algo de quase sobrenatural na forma como os olhos de Jungwon capturavam a luz. Confesso que desde que chegamos aqui, metade da minha atenção esteve voltada somente para essa parte específica dele.

Eles são redondos até a extremidade, quando se desfazem desse contorno e se tornam mais finos, trazendo um aspecto felino para ele. Seus cílios são tão finos que quase não os posso perceber, mas eles estão lá, trazendo um toque angelical para Jungwon.

Ao mesmo tempo que tão divinos, são olhos um tanto tristes.

Na maior parte do tempo, Jungwon é estático como uma pedra, sem emoção ou expressão; seus olhos fazem um papel importante nessa imagem. Não que os olhos sejam tão diferentes de pessoa para pessoa, mas eles são a janela da alma, de alguma forma são, e através deles são impressas muitas informações sobre nós. Com Jungwon funciona da mesma forma.

Sinto um frio percorrer minha espinha quando olho no fundo de sua íris. É como se não existisse vida alguma nele, quase como um zumbi. Entretanto, ainda nessas circunstâncias eles conseguem ser os mais bonitos que eu já vi.

Os olhos de Jungwon não são a única coisa bela nele. Seu nariz é perfeitamente esculpido, sua pele alva e lisa naturalmente, isso sem contar com sua boca…

Seus lábios são pequenos e finos, um pouco ressecados também, o que lhe faz molhá-los com saliva diversas vezes durante o dia. Quando ele sorri é como se milhões de estrelas tivessem explodido ao mesmo tempo, dentro da minha barriga, mas isso é tão raro quanto chuva no deserto.

Minhas mãos já tiveram o prazer de experimentar a maciez dos fios castanhos de Jungwon muitas vezes. O cheiro que seu cabelo exala é suave, e o modo que ele cai sobre sua face — como agora — o deixa exuberante.

Yang Jungwon é uma obra de arte digna de museu.

— Está me ouvindo? — disse ele olhando para mim. Me dei conta de que meus dedos tocavam seu rosto, num movimento automático de arrumar seus fios.

— Hum? — eu só conseguia me concentrar na beleza encantadora dele.

— Estou falando há meia hora e você não ouviu nada?! — sua indignação me fez soltar uma risada — Não ri! — não pareceu convincente quando ele estava rindo também. Viu, elas estão explodindo novamente.

O som de nossas risadas foi sumindo aos poucos e eu voltei a me perder nos olhos dele.

Nossas pernas se tocavam no chão do terraço, nós estávamos um em frente ao outro, com elas cruzadas em formato de asas de borboleta; o Sol chegava de leve ao rosto de Jungwon, o fazendo brilhar. Ele olhava tão intensamente para mim que eu poderia até mesmo sentir fisicamente. Me peguei pensando em quais outros aspectos o corpo de Jungwon poderia perpetuar sua perfeição…

— Para de me olhar assim, Riki. — sua boca estava em um pequeno bico; hoje os lábios dele pareciam mais macios e rosados do que o normal.

— Assim como? — não tirei os olhos dele. Um sorriso sacana surgiu em meu rosto; gostava da ideia de deixá-lo tímido. Mesmo que ele não dissesse, o tom rosado de suas bochechas deixava isso bem óbvio.

— Como se na sua cabeça não tivesse mais nada além de mim. — agora eu estava envergonhado.

— Sou mesmo tão óbvio assim? — ele riu e afirmou com um aceno. — Não pode me culpar; não quando você está tão bonito hoje. — agora ele já estava completamente vermelho.

— Estou igual a todos os outros dias. — desviou seu olhar do meu; pude ver suas covinhas aparecerem, sinalizando que ele estava segurando um sorriso.

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