Chrysalism - 1

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Chegar em casa acompanhado de Jungwon foi estranho. A primeira coisa com que precisei lidar foram os olhares nervosos de meus pais, que no momento que entramos, estavam assistindo TV na sala tranquilamente. Ao meu lado, Jungwon estava em estado vegetativo, completamente desestabilizado, incapaz de sequer notar que andava. O guiei até meu quarto e pedi que ele esperasse ali para que eu fosse explicar o acontecido, mas ele nem mesmo parecia ter ouvido.

De todo jeito eu não queria deixá-lo sozinho por mais de dois minutos, então corri até a sala novamente.

— Riki — ouvi minha mãe me chamar no exato momento em que pisei no local.

— Filho, o que aconteceu? — meu pai perguntou preocupado.

— Não sei o quanto é certo falar sobre isso pra vocês — confessei — mas Jungwon estava preso dentro de casa, em cárcere pelos pais. — assisto minha mãe pôr a mão na boca, em choque. — Fazia três dias que eu não sabia nada sobre ele, então eu fui lá. — apenas falar sobre esse momento já me trazia angústia.

— Mas… por quê? — pela reação de minha mãe, ela estava assustada.

— Por causa do festival. Jungwon e eu estamos participando juntos, só que os pais dele não apoiam. — lutava contra o nó em minha garganta — Quando descobriram eles… — respirei fundo para suportar — Será que ele pode…

— Claro que pode morar aqui, filho. — meu pai respondeu antes que eu pudesse terminar.

— Obrigado, pai.

Caminhei na direção da escada, mas, antes de subir, retornei para eles, correndo para abraçá-los.

Era fácil esquecer do quão privilegiado você é quando está acostumado com isso; ver Jungwon passando por essa situação me fez sentir grato por ter o amor dos meus pais; me fez entender, ou pelo menos ter noção, do quão grande é a dor de Jungwon.

Alguns minutos depois eu já estava de volta ao quarto; Jungwon não estava mais na ponta da cama, e sim encostado na cabeceira, olhando para um ponto fixo, hipnotizado até o momento em que me ouviu fechar a porta.

Quando seu olhar alcançou o meu, notei seus olhos avermelhados e inchados, porém ele já não chorava mais, e isso não me confortava. Poderia apostar que era apenas seu estoque de lágrimas vazio.

— O que eles disseram? — perguntou baixo, me olhando em expectativa enquanto eu me aproximava dele, subindo na cama.

— Você vai ficar aqui. — estendi minha mão até a dele. — E você não tem opção. — ele riu fraco.

— Ter opção dessa vez não me parece tão ruim. — deu um sorriso triste e me puxou para perto dele, pedindo por um abraço.

O envolvi por trás, fazendo dele uma conchinha menor e pondo meu queixo sobre seu ombro.

— Riki — murmurei em resposta ao seu chamado — Não precisa se envolver demais se perceber que vai te machucar.

— Me machuca ver você mal. — argumentei — Já disse, não vou te deixar sozinho.

— É que… — suspirou pesado — Não é fácil se sentir um peso.

O virei para mim, encontrando seu olhar que lamentava junto de suas palavras. Guiei minha mão até que ela tocasse a bochecha macia de Jungwon e o trouxe para perto do meu rosto.

— Eu praticamente te arrastei pra minha vida, lembra? — sorri ao recordar momentaneamente de toda a confusão que foi conhecer e me encantar por Jungwon — Acha que eu teria feito isso se te considerasse um peso? — Selei seus lábios — Eu te amo, não é difícil entender.

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