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Jace

Retirei a adaga do meu ombro, sentindo o sangue escorrendo, quente, alastrando pela minha camisa.

Olhei em frente, vendo o Natural sorrindo, feliz por ter conseguido ferir o filho do Rei.

Revirei os olhos. - Só isso?

Ele avançou, andando de forma confiante. - Melhor que nada. Nunca pensei que iria ferir um dos melhores Mutes aqui presentes.

Sorri, ainda abaixado.

- Só feriu porque eu já estava ferido de um combate anterior. - Ergui a cabeça. - Experimenta lutar contra uma cobra gigante. - Fiz careta de dor, apertando o cabo da adaga na minha mão. - Mas já que sabe que não deveria me atacar.... - Entrei na mente dele, a qual não tinha qualquer tipo de proteção. - Deveria saber que eu consigo controlar você.

Levantei, vendo o rapaz de olhos muito abertos, surpreso, imóvel, a centímetros de mim.

Sorri, mesmo com as dores que percorriam o meu corpo. Me aproximei dele, coxeando, sentindo a marca da mordida da cobra parecendo queimar a minha coxa.

Parei na sua frente.

- O que você, um Natural, achou que poderia fazer contra mim?

Ele sorriu. - Ferir já foi suficiente.

Assenti, balançando a cabeça e afastando os cabelos dos meus olhos.

- Sabe? Minha mãe não me criou para me sentir superior ou um monstro, mas quando se passa a vida inteira escutando os pensamentos dos outros... - Passei a ponta da adaga pelo seu pescoço, sem ferir, e percorri o seu peito. - Não se pode evitar criar certos... demónios.

Espetei a adaga no seu peito, com força, até ao cabo, sentindo a força vital dele o abandonar, mas me mantive na sua mente, lendo seus pensamentos.

- Achou mesmo que teria uma chance. - Puxei a adaga, ao mesmo tempo que abandonava o seu corpo e deixei ele cair no chão. Sacudi a lâmina. - E para a próxima, mantenha a Nyra longe da sua cabeça.

Sentei no chão, depois de me afastar dele, e encostei na parede. Coloquei a adaga no chão, ao meu lado, e toquei na minha coxa, sentindo a dor forte. Rasguei um pouco a calça e vi as duas feridas, com aspeto terrível.

- Maldita Mute! - Rosnei.

Depois meus dedos analisaram a ferida no ombro. Essa com certeza precisaria de cuidados. Cuidados que eu não tinha ali.

Escutei seus pensamentos antes mesmo de vê-la surgir na minha frente, saindo de trás de uma casa, com cuidado, assustada.

Eu ri. - Meu dia de sorte.

Ela me olhou, parando, mas depois percebi seu olhar me percorrendo, demorando nas minhas feridas.

- Vai me matar? - Perguntei de forma rude. - Anda logo. Prometo que não vou controlar sua mente. Na verdade, cansei dessa merda.

Ela deu um passo em frente.

- Não consigo. Sou uma Mute de Cura.

Eu ri, a maior das gargalhadas, sentindo meus ferimentos abrindo ainda mais a cada movimento.

- Meu dia de sorte. - Repeti. Indiquei a adaga. - Pode usar.

Ao invés de me atacar, a Mute avançou para mim e abaixou na minha frente, junto da minha perna, e olhou o ferimento agora exposto.

- Isso está horrivel.

- Fala sério? Nunca teria chegado nessa conclusão sozinho.

Ela sorriu torto. - Nyra tem razão, você é irritante.

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