Capítulo 9

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Letícia (a fera)

Amiga? Ah meu Deus, recolho um pouco de dignidade que ainda me resta e subo correndo para o quarto onde a minha filha dorme, junto nossas coisas e pego ela no colo, quando chego na sala, Ricardo vem a passos largos tentando tirar Valentina do meu colo.
–O que é isso? Não, vocês não vão embora, preciso de vocês aqui comigo.
–Fale baixo porra, não quero acorda-la, agradeço a hospitalidade e a manhã de brincadeira que proporcionou para a minha filha, mas já chega, sou só uma tola que caiu no seu papo, como não conseguiu o que queria virei amiga, amiga de foda? Tu mostra o pau para suas amigas, seu canalha?
–Olha, deixa ela dormir e vamos conversar.– implora aflito, andando de um lado para o outro.
–Não, já chamei um Uber e estamos indo embora, não vou te atrapalhar, arrume outra amiga, que eu vou me acertar com o Doutor Vinícius que também quer ser meu amigo.
Digo e saiu em sentido da portaria, escuto barulho de vidro se quebrando, o caminho para casa foi longo, mas minha filha não acordou, chego em casa e deito na cama, porque eu fui me iludir, um homem desse porte nunca ia querer uma favelada como eu.
A segunda-feira chega no mesmo ritmo de sempre, deixo Valentina na escola e vou para o trabalho, o dia até que passou tranquilo, bom, até o horário do almoço, quando o “amigo" aparece na lanchonete.
–Bom dia, Doutor, o que vai querer? –Seus olhos me fuzilam de raiva, ele odeia quando uso seu título como deboche.
–Olha Letícia, não estou para brincadeira, hoje foi um dia do caralho, não me faça atravessar esse balcão e te dar as palmadas que você merece.
Quando vou responder Vinícius chega junto com a entojada.
– Bom dia, Moranguinho oi Ricardo.
–Bom dia doutor Vinícius.
Noto a entojada da Carolina, alisando o braço do Ricardo, eles transam com certeza, burra Letícia, você é uma burra.
–Moranguinho você vai no baile hoje?
– Vai sim mocinha, afinal gente da sua classe se esbalda de comer nessas festas, e de quebra verá vários casais lindos, não é meu amor?
–É sim, Carol... Vai sim, Moranguinho.
– Mas é claro que eu vou, mas só se for em sua companhia doutor Vinícius.
Lanço um olhar desafiador para Ricardo, ele parece querer matar o Vinícius, mas quem determinou isso  foi ele próprio, faço os pedidos e a todo momento  sinto minha costas queimarem com o olhar do Ricardo, mas finjo que não estou vendo.
No final do dia, chego em casa correndo, para me arrumar, tenho um vestido vermelho cor sangue bem chamativo, ele é bem desenhado no corpo e aberto nas costas, ganhei da minha amiga Lúcia que é enfermeira no São Rafael, ela me emprestou a sandália prata também, faço uma maquiagem mais pesada para noite e um coque de lado, bem preso, estou parecendo uma dançarina de tango Argentino, estou magnífica modéstia parte, deixo a Valentina  com a vizinha e sigo para o baile, quando chego e abro a porta o  Vinícius vem ao meu encontro, quase fico cega com os flashes em nossa direção, sinto sua mão na minha cintura e seguro em seu smoking para não cair.
–Que belo casal - escutamos e apenas sorrio, então Vinícius me conduz para dentro do salão, esse é um baile beneficente que o hospital fornece todos os anos, onde todos os colaboradores participam nunca fui, pois minha filha era muito pequena, tinha muito receio, mas hoje decidi que mereço algumas horas para mim, o salão está lotado, pessoas dançando, outras conversando, logo avisto minha amigas da higienização e da enfermagem e me sento com elas, depois de alguns minutos, o salão inteiro fica em silêncio, olho para a porta e a família do Ricardo, ele e a entojada entram no salão, ele está lindo mas tem uma cadela a tira colo, seus passos são confiantes um verdadeiro ceo fodão e ela toda trabalhada na pedraria seu decote profundo da um ar de vulgaridade em seu vestido preto. Só sendo uma cadela muito burra para fazer uma combinação horrorosa dessa ao lado de um homem desse, percebo que estou olhando demais quando Lúcia me dá uma cotovelada.
–Ai.
–Para de olhar Letícia, você não vai querer a mocreia da Carolina no seu pé.
Confirmo com a cabeça, ela tem razão essa mulher me odeia se pegar mais implicância comigo é capaz de fazer o Ricardo me demitir.
Após o discurso Senhor Alexandre o pai do Ricardo, abrem a pista de dança, os casais começam a dançar e Vinícius me puxar, mesmo a contra gosto vou com ele, sua mão está em minhas costas, quase em meu bumbum, dançamos bem colados.
–Moranguinho, se meu coração não tivesse dona ele seria seu.
–Deixa de ser bobo Vinicius.
–Alguem está fervilhando de ciúmes, se eu morrer essa noite morrerei feliz.
Não consigo perguntar o porque, só sou arrancada dos braços do meu amigo com um solavanco bruto e me assusto.
–O que porra você pensa que está fazendo Letícia?
–Boa noite para você Doutor Ricardo, estava  dançando com o meu acompanhante antes de você estragar a nossa dança.
Ele está puto vermelho de raiva a testa está crispada as mãos em punho, ele parece muito maior agora, mas foda-se quem ele pensa que é? Se ela está puto eu estou puta e meia.
–Boa noite é o caralho, você é uma mãe de família, tem que se dar o respeito, ontem estava na minha cama, gemendo na minha boca e agora está aí com outro.
Ah não deu outra, dei um tapa em seu rosto, o salão inteiro parou para ver a cena.
–Você me respeite, não é porque sou mãe que não tenho vida ou deixo de ser mulher, seu cretino.
Percebendo a merda que fez tenta me abraçar, mas eu chuto as suas bolas e ele cai no chão, pronto o circo estava armado, pego minha bolsa e vou direto para saída.
–Espera moça – Quando olho para trás está o irmão dele, chega dessa família doida, continuo andando.
–Calma Letícia.
–Oque você quer?
–Só quero conversar, não precisa ficar brava ou me acertar – da uma gargalhada, pelo visto esse é o irmão divertido.
–Nao quero conversar, seu irmão é louco.
–Eu sei cunhadinha, mas fica tranquila, prazer Marcelo o mais bonito e carismático.
–Leticia.
Nos sentamos perto de um chafariz e começamos a conversar, Marcelo tem quase a minha idade, diferente do irmão é advogado e muito brincalhão dei muita risada com ele, depois de um bom tempo as pessoas começam a ir embora e vou para o ponto de táxi com Marcelo, já que não aceitei sua carona, seu irmão sai na calçada e assim que me vê, puxa Carolina para um beijo, ela se derrete mas ele beija ela de olhos abertos, parece que faz para me ferir, depois aperta a bunda da cachorra, que fica toda derretida, não consigo sair do lugar, sinto ciúmes de algo que não é meu, mas sou rebocada pelo Marcelo.
–Vamos cunhadinha, isso é cena de ciúmes, porque está inseguro, deixa ele.
Apenas concordo e viro as costas Marcelo coloca seu paletó em meus braços e quase somos atropelados pelo seu irmão, eu hein homem louco dos infernos, agradeço a companhia e gentileza e entro no Uber, quero distância dessa família.

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