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Eles ficaram por um tempo assim, com um ômega sereno usufruindo da mão que deslizava sobre seus fios e um alfa mais que disposto a apreciar o momento. Hongjoong até pensou que o outro tinha voltado a dormir, mas foi surpreendido pela voz do mesmo.

- Eu destruí a festa do Yeosang.

De todas as coisas que Hongjoong pensou em ouvir o ômega finalmente falar, depois de tudo o que aconteceu, essa estava longe de ser uma delas.

- Não foi culpa sua, Seonghwa. - vendo que o outro não falaria novamente, o alfa continuou. - Você não tinha como saber que sua vida estaria em risco. Yeosang não se importaria com uma festa. Ele estava preocupado com você.

Seonghwa não respondeu, apenas se virou de lado, de um modo que o Kim não pudesse ver seu rosto. Hongjoong sabia que o ômega estava sofrendo, que sua mente o punia por algo que ele não tinha o controle. Mas sem querer forçar o outro falar, Hongjoong continuou o confortando com as mãos.

- Você acha... - Seonghwa falou com a voz falhando, e depois de uma engolida de saliva, ele tentou novamente. - Você acha que ele apertaria o gatilho?

Hongjoong ficou surpreso com a pergunta, nem mesmo ele havia cogitado tentar convencer o homem a soltar a arma, assim agindo por impulso causado pelo instinto de proteção do alfa. Foi tudo tão rápido, que não havia tempo para pensar em outras opções, e havia felizmente funcionado.

- Não sei, Hwa. Mas pelo estado dele, acredito que ele faria. - Hongjoong suspirou. - E mesmo que não estivesse bêbado, ele não teria nada a perder além da liberdade que acabaria em breve.

O ômega tremeu ao ouvir a verdade. Seu tio não o machucaria e o marcaria com suas mãos nojentas como fizera anos atrás, mas tiraria sua vida. Ele realmente iria apagá-lo. Jaehwan o odiava tanto assim? E por que o ômega ainda sentia culpa quando deveria odiar o homem?

Vendo seu estado, Hongjoong não hesitou em usar seu cheiro para acalmar o homem em seu colo. Em alguns minutos, Seonghwa parou de tremer, e as fungadas que não vinham acompanhadas de lágrimas, cessaram aos poucos.

- Sinto muito que você tenha passado por isso, Seonghwa. - fala o alfa enquanto os envolvia com seu cheiro. - Não deixarei que ninguém mais machuque você. É uma promessa.

Seonghwa levanta de seu colo e abraça Hongjoong. O mais velho retribui e aproveita para sentir mais de perto o cheiro que o outro exala, misturado com o seu em perfeita harmonia.

- Obrigado, Kim. - o ômega sussurrou em seu ouvido.

Seonghwa então se afastou, permitindo que o alfa removesse as mãos de suas costas. Os dois permaneceram próximos, mesmo sem se tocarem, apenas se encarando e sorrindo como se houvesse uma confissão silenciosa compartilhada naquele momento. Hongjoong observou as bochechas de Seonghwa tomarem uma coloração avermelhada, e duvidava de que ele mesmo não estivesse assim. De repente, o ômega arregalou os olhos como se lembrasse de algo importante.

Engolindo em seco e abaixando a cabeça, parecia que Seonghwa reunia coragem para falar sobre o que havia passado em sua mente. Hongjoong esperou e alguns segundos se passaram. Para seu alívio, o mais novo o encarou de volta e respirou fundo.

- Hongjoong... - Seonghwa parecia ainda mais corado ao pronunciar seu nome. Hongjoong insinuou que estava ouvindo e esperou o outro continuar. - Você me chamou de seu ômega.

A verdade era que tal fala não saia da cabeça de Seonghwa. Eram tantos pensamentos ao mesmo tempo que ele até duvidou de ter ouvido certo. Na outra noite, Kim apareceu de repente com sua voz alfa, e o ômega não se lembrava de ter tido alguma reação. Ele não sabia se foi porque ele reconhecia isso como uma verdade ou se ele estava desesperado o suficiente para não se importar.

Aᴍᴏᴜʀ: ɪɴᴛᴇɴᴅᴇᴅ | seongjoong • ABOOnde histórias criam vida. Descubra agora