— Acalme-se e respire, depois me diga exatamente qual é o problema. Porque, pelo que estou vendo, não há nenhum.
Rebecca olhou para o telefone. Às vezes, Irin era intencionalmente obtusa.
— Claro que há um problema! O principal é que te deixei me convencer dessa ideia maluca. Vou para as Terras Altas amanhã com uma mulher que acabei de conhecer, e ela vai fingir ser minha namorada para a minha família.
Irin não disse nada.
— E se ela me espancar até a morte no caminho? As estradas das Terras Altas não são como as de Edimburgo. Se ela usar o instrumento certo, no ângulo certo, eu poderia estar morta em segundos e seria deixada na beira da estrada por horas antes que alguém aparecesse. Posso ser comida por raposas ou coisa pior.
— Ouriços assassinos? Ovelhas enlouquecidas? — Irin fez uma pausa. — Ela parecia a assassina da machadinha?
— Assassinos nunca se parecem com um. É com os quietos que você tem que se preocupar.
— Ela é quieta?
— Isso não vem ao caso.
— Já passamos por isso. Levar alguém para casa pode ser divertido. Aceite meu conselho e entre nessa com uma atitude positiva. Você está pagando pela companhia da moça, então tente se divertir. Pelo menos, ela era gostosa mesmo?
Rebecca não podia negar. Com suas pernas longas e rosto em forma de coração, Freen tinha uma beleza clássica. Além disso, parecia gentil. Isso contava muito.
— Não quero objetificá-la.
— Ah, por favor. Faça o seu melhor.
— Ah, sim. Claro. Ela era gostosa. Também era alta o suficiente para parecer a atacante de um time de netball que faria da minha vida um inferno se eu fosse a goleira.
— Você não precisa jogar netball com ela. Só precisa jogar bem. Além disso, os atacantes sempre foram os mais carismáticos. É como ser o artilheiro de um time de futebol. Espero que sua família se apaixone por ela, mesmo que você tenha que dormir com um olho aberto e um taco de beisebol a seus pés.
— Não é engraçado.
— Você está sendo ridícula, mas vou te dar uma folga. Ela é uma artista contratada. Vai desempenhar um papel, e então você nunca mais vai vê-la.
— Falei a mesma coisa hoje. — Ela se sentiu melhor por ter desabafado, mesmo que jurasse ter visto um lampejo de sorriso pairar no rosto de Freen quando disse as palavras.
— Você avisou que nada iria acontecer?
— Sim.
— Meu Deus. Precisamos trabalhar seu flerte. — Irin suspirou. — Apenas seja legal com ela de agora em diante. Pare de ficar na defensiva. É sua reação natural, e por isso você nunca se abre para ninguém. Mas faça diferente com essa mulher. É o trabalho dela ouvir.
— Ela disse algo semelhante.
— Aí está. A agência não a contratou para te matar. Eu garanto.
— Não, mas o fim de semana pode me matar.
— Você vai se divertir muito, principalmente porque vai relaxar. A Freen vai te ajudar, e eu estarei lá no sábado à noite para aumentar a equipe de líderes de torcida. Posso fingir que a conheço também. Como vocês se conheceram?
— No bar, depois que ela se apresentou em uma versão feminina de Hamlet no Playhouse.
— Não acredito no quanto você deixou a história queer! Amei, é perfeito — Irin falou. — Agora, pare de ser covarde e aproveite o fato de que tem uma namorada. E quero fotos, por favor.
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Onde mora o coração
FanfictionRebecca sabe que enfrentar a festa de aniversário de casamento de seus pais não será nada fácil. Ela sabe que vai se deparar com segredos doloridos e muita tensão familiar. É por isso que contrata Freen Sarocha, uma atriz linda de morrer, para fingi...