Capítulo 15

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Já passava da meia-noite. Rebecca estava sentada na beira da piscina, com os pés descalços na água. Ela havia trocado o vestido por short e camiseta, assim como Freen. Porém, Rebecca ainda estava com o cabelo e a maquiagem impecáveis, então provavelmente parecia um pouco mais arrumada, mas ela estava em casa, não tinha ninguém para impressionar. Além de sua falsa namorada, aquela que lhe causava palpitações. Freen cheirava a banho recém-tomado e seus pés eram perfeitos: dedos longos e finos, tornozelos elegantes que estavam ligados a pernas longas e lisas. Rebecca podia imaginá-las em volta de seu pescoço.

Ela tossiu e levou a mão ao peito. Ainda estava irritada com o vazamento que estragou o beijo na pista de dança. Freen estava deslumbrante com aquele vestido, mas ainda mais quando ele grudou em seu corpo. Rebecca tentou não olhar, mas o pensamento de tirá- lo não a abandonaria tão cedo. Colocou as mãos embaixo das pernas, na pedra ao lado da piscina. Era o mais seguro para todos, porque se não fosse assim, seus dedos poderiam se desviar para uma das coxas convidativas de Freen. Isso quase aconteceu algumas vezes durante a noite. Eles se tornaram táteis com uma facilidade alarmante. Mas aquilo tinha um prazo de validade.

Não ia pensar nisso.

Rebecca esticou o pescoço. O ar noturno estava surpreendentemente quente em sua pele, mesmo depois da chuva torrencial. Estava determinada a cumprir sua promessa de darem um mergulho. Quando os olhos de Rebecca encontraram os de Freen, ela se acalmou. Esse sentimento era tão novo e tão confuso. Era liderado por aquele beijo, mas também por toda a emoção atrás dele. Sim, Freen parecia estar bem, mas era muito mais que isso. Era sobre a conexão delas. A bondade da outra moça. A maneira como elas se olhavam. Como a respiração de Rebecca ficava presa na garganta. Mas não podia falar sobre isso. Este não era o tipo de final de semana para romance. Nem o relacionamento era assim.

Mas Freen era mais corajosa.

- Aquele vazamento veio em um momento inoportuno.

Puta merda, ela estava seguindo para lá.

Rebecca se aproximou um pouco mais. Estava prestes a responder quando alguém se acomodou ao seu lado.

Droga, Richie.

- Se importam se eu me juntar a vocês um pouquinho, moças? A Wendy me deu permissão.

Aquilo era mais uma afirmação que uma pergunta. Richie não poderia ter escolhido momento pior. Quando ele mostrou uma garrafa de uísque e três copos de plástico, ela o perdoou. Mas sorriu ainda mais quando o irmão balançou um saco de algodão-doce colorido.

Rebecca o abriu, pegou um pouco e comeu. Nunca se lembrava de que era açúcar puro. Fez uma careta como sempre. Nadia era o oposto. Ela nunca se cansava de parques de diversões ou algodão-doce. Mas principalmente do algodão-doce. Ao lado dela, Freen se aconchegou, puxando pedaços do doce com seus dedos longos e lambendo as pontas lentamente.

Freen olhou para Rebecca enquanto o fazia. Ela realmente desejava que o irmão não estivesse ali. Seu clitóris endureceu. Mas ela o ignorou.

- Preciso terminar minha história, não é? - Freen concordou, com a boca cheia.

- Era o doce favorito da Nadia. Assim como você, ela adorava algodão-doce e parques de diversões. É um pouco estranho que vocês compartilharem o mesmo gosto por açúcar, mas é legal. - Rebecca respirou fundo, se lembrando da alegria da irmã toda vez que comia aquilo. Seu rosto sempre se iluminava. Não conseguia expressar em palavras o que significava ter encontrado a gêmea de doce favorito de Nadia, mas era especial. Fez seu coração se encher de alegria e suas bochechas corarem de prazer. - A máquina é a única concessão dos meus pais à memória dela.

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