Capítulo 9

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Rebecca acordou, rolou na cama e pegou o celular. Era um hábito terrível, mas o que mais uma garota solteira poderia fazer? Desistiu de ter outra coisa com que se ocupar. Ou outra pessoa. Sua camiseta preta, que declarava que ela era gostosona um presente de Irin, quem mais? Ficou presa quando rolou para trás. Ergueu a bunda e arqueou as costas, depois puxou para baixo. A calcinha também estava fora do lugar. Ela sonhava em um dia acordar serena.

A presença de Freen ainda era estranha, mas não mais do que a aceitação de sua família sem pestanejar. Só que agora havia outra pessoa viva a considerar em sua vida pessoal. Fazia tanto que isso não acontecia que ela começou a pensar em relacionamentos como um hobby que outras pessoas tinham. Como praticar stand up paddle ou fazer suflês de queijo fofos. Gostava deles de forma abstrata, mas consumiam muito tempo e energia. Ela tinha Irin, claro, mas era diferente. A amiga foi colocada neste planeta com o único propósito de irritar Rebecca. Como que para demonstrar esse ponto, Rebecca ligou o celular e se deparou com uma mensagem de texto de sua melhor amiga.

- Você está estranhamente quieta desde que viajou. Só posso supor que isso significa que está sendo tão horrível que jogou o celular no lago e se escondeu atrás de uma barricada no banheiro enquanto sua acompanhante gargalhava descontroladamente. A segunda opção: você está muito ocupada tocando na namorada contratada. Qual é?

Rebecca revirou os olhos. Irin não ia deixar isso de lado, não é? Quando chegasse amanhã, esperava que o interrogatório alcançasse novos patamares. No entanto, a namorada contratada, embora charmosa e bonita, era apenas isso. Como Freen havia dito na noite anterior, ela se sentia honrada por participar daquele momento de sua vida.

Não importava o quanto Rebecca se sentisse relaxada na companhia dela, Freen era uma atriz. Tinha que se lembrar disso.

Mas antes de qualquer coisa, precisava fazer xixi. Por que seus pais não transformaram aquele quarto em suíte?

Vestiu um short jeans e segurou a maçaneta da porta. Deveria bater antes de entrar na sala? Não, isso seria estranho. Ela não queria ser estranha. Então limpou a garganta para avisar sobre sua presença, sentindo o piso laminado frio sob os pés. Deveria ter pegado os chinelos do guarda-roupa.

Freen se virou, o longo cabelo estava bagunçado. Jogou os braços para cima e se espreguiçou. O edredom escorregou quando ela abriu os olhos e bocejou. A camiseta subiu por seu corpo. Rebecca olhou para o torso suave, sentindo o próprio corpo ganhar vida. Mesmo depois da conversa severa consigo mesma na noite passada.

Ela desviou os olhos por um breve momento.

- Bom dia! – Freen se sentou enquanto falava, puxando o edredom. Seus olhos examinaram Rebecca. – Gostei do short.

Rebecca tentou e falhou em não corar.

- Obrigada.

- Mostra bem suas pernas. – Freen balançou a cabeça. – Não que eu estivesse olhando para elas...

Freen estava olhando para suas pernas? Rebecca olhou para baixo. Suas pernas eram dignas de atenção?

Quando Rebecca olhou para cima, as bochechas de Freen estavam rosadas.

- Estava deitada aqui, pensando que precisava me levantar, mas a cama é muito confortável. Deve ser o melhor sofá-cama do país.

Rebecca realmente precisava fazer xixi. Além disso, queria avaliar as próprias pernas. Apontou para o banheiro, como se estivesse pedindo carona.

- Só vou ao banheiro.

Mas antes que ela pudesse fazer qualquer coisa, houve uma batida na porta, depois alguns arranhões, seguidos de mais batidas.

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