Rebecca ficou em silêncio na meia hora final da viagem, mas Freen não ficou surpresa. Talvez se sentisse do mesmo jeito se fosse levar alguém para sua casa pela primeira vez em mais de uma década. Pelo menos, estavam se dando bem, o que era um alívio. Poderia ter sido muito pior. Rebecca poderia ter aparecido usando crocs vermelhos, declarado ódio por musicais e dito que era membro do partido conservador. Mas não fez nenhuma dessas coisas. Ainda.
Além do mais, se abriu gradualmente, à medida que a viagem avançava. Freen estava determinada a fazer deste fim de semana o melhor possível para Rebecca. Ela falou de forma calorosa sobre os pais, mas sentia que faltava algo. Seus pais aceitavam que Rebecca fosse lésbica? Imaginou que estava prestes a descobrir.
Elas dirigiram por Cairngorms e pelo Moray Firth, em Inverness antes de chegar às Terras Altas, e o cenário catapultou Freen de volta para quando tinha dezenove anos. Ela se perguntou se ficaria tão impressionada na segunda vez e a resposta era sim. A paisagem sempre em movimento era como cair em um universo multimídia, e ela não conseguia tirar os olhos. O fato de o sol ter brilhado durante todo o caminho também ajudava. Tudo parecia melhor com um pouco de sol.
- Sabe, se eu fosse criada aqui, acho que nunca iria embora.
Rebecca deu um breve sorriso.
- Não é assim que funciona. Nós sempre queremos algo diferente do que temos. Eu cresci no campo, então queria morar na cidade. Além disso, a menos que você forneça um serviço essencial ou queira ser agricultora, a maioria das pessoas não tem escolha. Elas vão para onde estão os empregos.
- Mas você fornece um serviço essencial. As pessoas nas Terras Altas não precisam de pintura nas casas?
- Sim, mas quando fui embora depois da faculdade, foi para trabalhar no marketing de um grande banco. – Ela acenou com a cabeça para Freen. – Foi isso que eu quis dizer sobre estar aberta à mudanças em sua carreira. O brilho do que eu estava fazendo acabou depois de um tempo, então mudei completamente o rumo. Não há muitos pedidos de serviços financeiros para ovelhas.
Rebecca apontou para o campo cheio de bichos à sua direita, então diminuiu a velocidade quando se aproximaram de uma pequena rampa na estrada ao lado de uma placa indicando obras na estrada. O carro subiu a rampa e, alguns metros adiante, passaram por uma placa que declarava que estavam em Lochcarron, fazendo Rebecca se remexer no assento.
- Bem-vinda a Lochcarron, lar dos meus pais e outros oitocentos e setenta e sete residentes. É uma metrópole e tanto para as Terras Altas. Temos uma loja Spar, um pub, um estacionamento, uma loja que vende peixe com batata frita, uma escola primária e um bistrô. – Ela acenou com a cabeça para a esquerda. – Além disso, obviamente, um dos lagos mais pitorescos da região.
Freen não ia questionar. Seguiram pela margem do lago, que se estendia até onde seus olhos podiam ver, com colinas majestosas aparecendo ao fundo.
- É incrível. – Ela olhou para a direita quando passaram pelo pub. – Você precisa me contar as histórias de quando era adolescente e ficava bêbada beijava os garotos no estacionamento do pub.
Rebecca virou à direita, então balançou a cabeça enquanto as guiava pela estrada de mão única, com casas e pequenas pousadas espalhadas em ambos os lados.
- Tenho certeza de que outras pessoas, como o meu irmão, poderiam te contar, mas não consigo me lembrar de nada sobre aquela época, o que provavelmente é uma coisa boa. Meu cérebro me protegeu.
Rebecca mordiscou o lábio superior enquanto subiam a colina, a vista do lago ficando cada vez mais impressionante à medida que seguiam.
- Nos mudamos para cá quando eu tinha dezessete anos e fui para a universidade quando tinha dezoito, então fiquei só por um ano.
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Onde mora o coração
FanfictionRebecca sabe que enfrentar a festa de aniversário de casamento de seus pais não será nada fácil. Ela sabe que vai se deparar com segredos doloridos e muita tensão familiar. É por isso que contrata Freen Sarocha, uma atriz linda de morrer, para fingi...