Onde mora o coração

Capítulo 19

Rebecca mordeu o lábio superior e olhou pela janela do carro. A paisagem, como sempre, era deslumbrante, mas dirigir para Skye a deixava tensa. Foi lá que Nadia morreu, então fazia sentido. Mas também foi onde toda a família viveu feliz por muito tempo. Onde cresceram. Eles tinham que fazer as pazes com isso.

Ninguém falou muito no caminho. Richie se ofereceu para dirigir, e sua mãe estava no banco do passageiro. Rebecca ocupou o assento do meio na parte de trás, com o pai de um lado e Freen do outro. Depois de alguma discussão, Wendy decidiu ficar em casa com as crianças, pois achava que a viagem seria demais para elas. Então ela ficou na piscina com alguns amigos para ajudar, e foram apenas os cinco.

Quando se aproximaram da saída onde Nadia morreu, Rebecca estendeu a mão e segurou a de seu pai, e ele a apertou de volta. Parecia um avanço. Depois de anos de silêncio, eles finalmente estavam se comunicando. Sim, hoje seria difícil, mas era necessário. Na frente, sua mãe segurava as cinzas de Nadia no colo. Ela não disse uma palavra durante todo o trajeto.

Eventualmente, eles pararam na reserva natural e no lago favorito de Nadia. Richie estacionou o Range Rover com cuidado e desligou o motor. Ele se virou e acenou para eles.

- Preparados? - Foi uma pergunta retórica.

Rebecca saiu do carro e o vento soprava forte ao seu redor. Ela estava usando short, porque estava com calor depois das atividades da manhã. Além disso, estava ensolarado. Seu cabelo estava quente ao toque quando fez Freen gozar uma, duas, três vezes. Engoliu em seco com o pensamento. Transar para se distrair das coisas maravilhoso, e Freen era o máximo. Mas agora era preciso se concentrar no presente. Em um dos dias mais difíceis que a família enfrentou desde a morte de Nadia. Gostaria de ter tido a prudência de levar uma calça e vestir um suéter. Ela balançou a cabeça. Com o que estava para acontecer, joelhos frios e braços nus eram as menores de suas preocupações.

- Vamos até a beira do lago?

Acenos de concordância foram dados por todos.

Freen se aproximou e segurou a mão de Rebecca, o que quase a fez desmoronar. Como ela ansiou por isso ao longo dos anos. Também não era falso. Sim, elas se conheciam há pouco tempo, mas a intenção e a intensidade eram sólidas como pedra. Quando Rebecca apresentaria alguém para sua família com tanta rapidez? Nunca. Quando convidaria alguém para espalhar as cinzas de sua irmã morta? Mais uma vez, nunca. O que ela e Freen compartilharam era especial, mesmo sem o sexo. Mas quando se adicionava isso à equação, o que tinham não podia ser ignorado. Rebecca soube disso quando se beijaram pela primeira vez. Soube disso com Freen dentro dela. Mas, mais do que tudo, sabia disso agora. Na verdade, esse era o momento mais íntimo que tiveram. Ela deixou a outra entrar em sua vida e em seu corpo. Estava se abrindo completamente, por isso, olhou para o lindo rosto de Freen, absorveu seu sorriso encorajador e apertou a mão dela com força.

Freen estava a seu lado. Elas tinham falado sobre um possível futuro. Isso era mais do que suficiente por enquanto.

Quando chegaram perto da água, Rebecca diminuiu a velocidade e se virou para sua família. Cada músculo de seu corpo ficou tenso, mas no fundo de sua mente, havia uma leveza no horizonte. Só havia uma maneira de chegar lá. Ela respirou fundo.

- Obrigada por terem vindo hoje, mãe e pai. - Sua mãe ainda segurava o pote de porcelana rosa que continha as cinzas de Nadia. - Queríamos fazer isso há muito tempo, Mas não teria sentido sem vocês. Agradeço à Wendy por ficar com as crianças e permitir que o Richie viesse. - Rebecca sorriu para seu irmão. Ela sabia que Wendy também queria vir. - E obrigada à Freen por ser meu apoio neste fim de semana.

Mais do que ela jamais saberia.

Mantenha a compostura.

Rebecca se virou para os pais.