Capítulo 18

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Freen tinha acabado de sair do banho e ainda estava de roupão no sofá quando Rebecca voltou do confronto com os pais. Ela colocou o celular na mesa de canto e estudou o rosto de Rebecca, mas não conseguiu ler sua expressão. O sol do fim da manhã entrava no quarto, a luz incidindo sobre a chaminé de aço inoxidável da lareira. Rebecca não disse nada, simplesmente entrou, se sentou ao lado de Freen e apoiou a cabeça no ombro dela.

Apesar da promessa que Freen fez a Heng de manter as coisas profissionais, ela colocou os lábios no cabelo de Rebecca e a beijou. Nas circunstâncias, era a única coisa humana a se fazer. Rebecca precisava de consolo, e isso fazia parte do trabalho.

Elas ficaram sentadas assim por alguns momentos antes de Freen perguntar: Como foi?

Rebecca suspirou, se afastou um pouco e encontrou o olhar de Freen.

- Foi horrível, mas acabou. Acho que não era assim que eles esperavam que fosse o domingo. - Ela passou as mãos pelo cabelo curto.

- Você se sente mais leve?

Rebecca franziu a testa.

- Acho que vou me sentir. Por enquanto, ainda é muito recente, mas colocar tudo para fora já foi uma coisa boa. Pedimos a eles que colocassem as fotos de volta e começassem a reconhecê-la. É muita coisa para eles assimilarem, eu sei. Mas vamos começar hoje, indo para Skye para espalhar as cinzas dela.

- Uau. Acontecimentos importantes. - Freen tentava absorver a mistura de sentimentos internos. Elas estavam tão próximas, os olhares tão intensos que Freen não conseguiu sustentá-lo, com medo de dizer algo de que se arrependeria.

- E você é uma grande parte disso. - Olhar de Rebecca desceu para a pele exposta abaixo do pescoço da outra e voltou para seus lábios.

Os pelos dos braços dela se arrepiaram com a avaliação. O escrutínio de Rebecca era algo com o qual ela poderia se acostumar. Ela queria que isso acontecesse de novo e de novo. Mantenha o profissionalismo, Freen.

- Me conte algo para me distrair um pouco. Preciso parar de pensar nos acontecimentos das próximas horas. - Rebecca fez uma pausa. - Na verdade, você estar nua debaixo desse roupão já é uma forma de me distrair.

Freen apertou mais o roupão, depois se inclinou e pressionou os lábios nos de Rebecca. Uma onda de desejo a percorreu. O efeito da outra mulher sobre ela ainda estava muito fresco. Ela se afastou, olhou para os dedos de Rebecca, e depois para os lábios. Sabia muito bem o que eles haviam feito. O que ela gostaria que fizessem de novo. Freen umedeceu os lábios e sorriu.

- Tudo bem, coisas para te distrair. Liguei para o meu chefe mais cedo e confessei que nós transamos.

O olhar de Rebecca percorreu seu rosto. Ela levantou uma sobrancelha.

- Ele te repreendeu?

- Eu esperava que ele fizesse isso, mas não. O que foi estranho. - Freen ainda estava pensando no porquê. - Ele devia ter dito algo, mas quando estou com você, parece muito real. Não é um trabalho. - Ela engoliu em seco. Merda. Não tinha a intenção de abrir seu coração assim.

O rosto de Rebecca estava paralisado. Será que tinha falado demais? Ela não sentia o mesmo? Talvez não, talvez Freen tivesse entendido tudo errado. Não seria a primeira vez. Ela esperou por uma resposta pelo que pareceu uma eternidade. Até que a outra sorriu e o alívio escapou de todos os poros de Freen.

- Continuo tendo que me lembrar que isso não é real também. Porque parece que é. - Rebecca levou as mãos ao peito. - Parece real aqui dentro. Sei que nos conhecemos há cinco dias, mas parece muito mais. Principalmente porque estamos juntas o tempo todo.

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