Burning In Hell: O Que Foi Roubado (Livro IV)

Capítulo 7 - Sente atração por mim

Ravena

— Ele ainda não voltou? — ouço Beatrice perguntar baixinho, alguns minutos depois de entrar no quarto.

Aren tem esse costume de fugir por dias quando algo acontece. Quando Louise rejeitou a coroa. Quando voltou do Além-Mundo. Mas nada aconteceu agora, todos estão bem, não há mais Scarlett ou Reagan para nos atormentar. Então por que ele saiu da Casa do Fogo há quase duas semanas? Venho me fazendo essa pergunta desde que descobri que havia algo de errado. Louise não havia saído do quarto, e muito menos ele. Alec foi quem soube primeiro.

Faço que não com a cabeça para Beatrice, que ainda parece esperar uma resposta.

— Deve ter acontecido alguma coisa.

— O diabo está bem, é forte o suficiente para se proteger de alguns demônios. Acho que isso já ficou claro quando ele ressurgiu dos mortos.

Ergo as sobrancelhas, e sua expressão se suaviza.

— Ele está bem, Ravena — ela insiste ainda mais suave, caminhando até a cama com tranquilidade, talvez para não acordar Ellie em meus braços. Não importa que já tenha 6 anos, nunca me cansarei de aninhar seu corpinho em meu colo. — Olhe para mim.

Eu o faço.

— Aren tem poder de fogo e sombra, acha que ele está em perigo?

Abro a boca e fecho, hesitando por mais tempo do que deveria.

— Não é isso, é que... não sei, sinto que tem algo de errado. Por que ele deixaria Louise sozinha aqui por duas semanas?

— Ela não está sozinha, há muitos demônios nessa casa.

— Você entendeu o que eu disse.

Beatrice inspira o ar. Já trocou as roupas, está apenas com uma camisola rosê. Não diz nada enquanto, sem pressa, toma Ellie de meus braços, a leva ainda mais silenciosamente do que chegou no quarto e a coloca em seu quartinho ao lado do nosso. Ou melhor dizendo, dentro do nosso. Há apenas uma parede separando os cômodos. Pedimos aos arquitetos que reformaram a Casa do Fogo que fizesse um pequeno ajuste no quarto. Alec e Harper também ficaram interessados e fizeram o mesmo em seus quartos.

Somente quando retorna ao cômodo, Beatrice murmura:

— O que eu poderia fazer para tirar essa tensão nos seus ombros?

Seu tom malicioso deixa bem claro suas intenções. Não consigo evitar o estremecimento na coluna.

— Ellie acabou de dormir. — Mesmo sentindo meu coração acelerar, me mantenho firme.

Ainda assim, Beatrice não recua, muito pelo contrário, caminha a passadas lentas até mim, os cabelos dourados se movendo contra os ombros nus. A alça direita da camisola se afasta levemente, caindo sobre o braço. Tudo em Beatrice me faz tremer. Das unhas dos pés pintadas ao olho de metal que ganhou graças a mim. Nunca admiti, mas esse maldito olho de metal sempre me causou ondas de excitação.

— Tem razão, ela está dormindo. — A maldita sabe como me fazer perder o controle. Sempre soube. — E nós, acordadas.

Me mantenho calada. E não por escolha, mas porque ela sobe no colchão, o olhar azul-brilhante nunca desviando do meu.

— Faz tempo que não fazemos isso, não é? — ela incita, e não está mentindo. Desde que Ellie completou 6 anos mal temos tido tempo para sequer se beijar. — Esse é um ótimo momento, não acha? Quando seus ombros estão tensos dessa forma, eu sei. Sei que precisa disso.